Etiologia
A taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) é mais comumente observada nos pacientes que têm doença cardíaca subjacente, isquêmica ou não isquêmica, mas também pode ser observada em pessoas aparentemente saudáveis.[14][15][16][17] A TVNS incidental é um achado comum na investigação cardiológica de rotina (por exemplo, ao investigar doenças não cardíacas, antes de praticar esportes, antes de tratamentos de câncer), bem como durante o monitoramento de rotina (por exemplo, durante anestesia ou sedação).[2]
Embora a doença cardíaca isquêmica ainda seja a etiologia mais comum da TVNS, especialmente nos países de alta renda, doenças infecciosas, como a doença de Chagas na América Central, e outras formas de cardiomiopatia não isquêmica também contribuem para sua etiologia ao redor do mundo.[18]
As doenças cardíacas estruturais, como cardiomiopatia hipertrófica, cardiomiopatia dilatada idiopática, cardiopatia congênita e valvopatia cardíaca, também estão associadas à TVNS.[19][20][21]
As anormalidades de diversas proteínas celulares, como as dos canais de sódio e potássio (síndrome do QT longo, síndrome de Brugada), dos canais de cálcio intracelulares (taquicardia ventricular [TV] polimórfica catecolaminérgica), das proteínas sarcoméricas (cardiomiopatia hipertrófica) e das proteínas da arquitetura celular (cardiomiopatia dilatada idiopática) foram todas associadas à TVNS.[22][23]
Anormalidades eletrolíticas (particularmente hipocalemia e hipomagnesemia) incitam e/ou contribuem, frequentemente, para a TVNS. Além disso, alguns medicamentos têm o potencial de prolongar o intervalo QT, o que pode provocar a TVNS (antibióticos macrolídeos, clorpromazina e haloperidol). Embora medicamentos antiarrítmicos, como digoxina, flecainida, sotalol e dofetilida, sejam usados para tratar arritmias atriais, eles podem provocar arritmias ventriculares indesejadas, um efeito conhecido como pró-arritmia.
História familiar de morte súbita antes dos 50 anos (especialmente em um parente de primeiro grau) é associada a aumento do risco de TV sustentadas e não sustentadas. Estresse físico ou mental pode desencadear a TVNS nos pacientes com síndrome do QT longo, TV sensível à catecolamina e algumas TVs idiopáticas oriundas das vias de saída ventriculares.
Os distúrbios respiratórios do sono (DRS) (por exemplo, apneia obstrutiva do sono, apneia central do sono, respiração de Cheyne-Stokes) estão associados a várias arritmias cardíacas.[24] Estudos epidemiológicos mostram que pacientes com DRS têm chances duas vezes maiores de TVNS.[24]
Fisiopatologia
Semelhantemente a outras taquiarritmias, a TVNS pode ser devida a automaticidade aumentada, atividade desencadeante ou reentrada. Em pacientes que têm o miocárdio comprometido em função de infarto do miocárdio prévio ou de cardiomiopatia não isquêmica, foram identificadas regiões de condução lentificada próximas ao miocárdio danificado ou ao tecido cicatricial. É nessas áreas que as arritmias reentrantes têm origem.[1][13] Nas pessoas aparentemente saudáveis, a TV monomórfica repetitiva tem origem, mais comumente, na via de saída do ventrículo direito.[25] Ela é, em geral, um resultado de pós-despolarização tardia (atividade desencadeante) devido à reativação dos canais iônicos de sódio e cálcio.
Classificação
Variantes
Taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) induzida por exercícios físicos:
Observada em pacientes durante teste ergométrico.[4]
Taquicardia ventricular (TV) monomórfica repetitiva:
Arritmia ectópica caracterizada por períodos curtos de TVNS com complexo QRS organizado, regular, de morfologia única
Mais comumente originada na via de saída do ventrículo direito, também pode ter origem no trato de saída do ventrículo esquerdo e em outros locais ventriculares.[5]
TV polimórfica não sustentada:
Arritmia ectópica caracterizada por TVNS com complexo QRS largo (120 milissegundos ou mais) com várias morfologias diferentes, originada no ventrículo.[6]
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