Abordagem

Uma ruptura do menisco é a lesão dos tecidos moles mais comum que afeta o joelho. O menisco é o absorvente de choque fibroso mole no joelho. O menisco lateral cobre 84% do platô lateral da tíbia; o menisco medial cobre 64% do platô medial da tíbia.[23]

Um menisco está em risco de ruptura ao experimentar forças anormais, em geral durante atividades esportivas e movimentos de flexão e torção. A perda do menisco reduz a área de distribuição da força, aumenta a concentração da força e chega a causar artrose. Rupturas do menisco raramente cicatrizam espontaneamente. O diagnóstico precoce pode permitir o reparo cirúrgico eficaz e a preservação da articulação.

As rupturas de menisco ocorrem frequentemente em conjunto com lesões no ligamento do joelho, principalmente do ligamento cruzado anterior (LCA). Os registros escandinavos do LCA mostraram que 35% a 55% das lesões do LCA são combinadas com lesão do menisco.[24][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tipos de rupturas do meniscoCriado por BMJ Publishing Group [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7dd62a39

História

O mecanismo de lesão, o local da dor, os sintomas no joelho associados e quaisquer lesões prévias no joelho (principalmente lesão no LCA) são informações importantes de serem esclarecidas na anamnese. Os pacientes geralmente relatam torção do joelho afetado. O edema no joelho, em geral ocorrendo várias horas após a lesão, é comum, nas nem sempre presente. Os pacientes geralmente descrevem uma sensação de torção do fêmur e tíbia se separando (travamento ou bloqueio) ou o joelho solto, indicando instabilidade ou perda de apoio repentina do joelho. A dor no joelho varia muito; alguns podem experimentar dor mínima, enquanto outros descrevem apenas dor intermitente.

Também é importante estabelecer a presença de fatores de risco, inclusive o nível de atividade do paciente (esportista ou não), história de artrite no joelho ou qualquer outra afecção do joelho (por exemplo, desalinhamento da articulação do joelho ou instabilidade conhecida no joelho). Detalhes relacionados às superfícies de atividade esportiva e condições climáticas também devem ser discutidos, se aplicável.

Exame físico

À inspeção, a articulação do joelho pode ou não estar edemaciada. Edema da região posterior do joelho sugere um cisto poplíteo (cisto de Baker). Os cistos poplíteos estão associados a patologias do menisco em 80% dos casos.[25] Veja Cisto poplíteo para obter mais informações. Crepitação da interlinha articular e sensibilidade diretamente sobre a interlinha articular é um achado comum à palpação. A amplitude de movimento pode estar limitada ou não.

Os seguintes testes clínicos podem ser realizados especificamente para se avaliar uma ruptura de menisco.[1][2]

  • Palpação da interlinha articular: o paciente deve ser colocado em posição supina com o joelho flexionado. O examinador empurra a interlinha articular entre o fêmur e a tíbia. A dor pela palpação sugere uma ruptura do menisco.

  • Teste do retorno (ou "bounce home", teste do ressalto): o examinador move o joelho de uma posição flexionada a uma posição estendida. A dor na posição estendida sugere uma ruptura do menisco. Este exame é sensível, mas não específico para ruptura do menisco. Palpation and bounce home test Opens in new window

  • Teste de McMurray: o paciente deve ser colocado em posição supina com o joelho flexionado. O examinador flexiona o quadril e, com uma mão na interlinha articular, rotaciona o pé interna e externamente. A dor com a rotação sugere uma ruptura do menisco. Esse teste tem baixa sensibilidade e alta especificidade para o diagnóstico de uma ruptura do menisco. McMurray test Opens in new window[26]

  • Teste de Ege: também conhecido como teste de McMurray com carga. O paciente é solicitado a agachar lentamente com ambos os joelhos em rotação externa máxima. Um desconforto ou estalido no joelho sugere um teste positivo. Não adequado para pacientes com ruptura traumática devido à necessidade de suportar peso.

  • Teste de Apley: realizado com o paciente em posição pronada e o joelho flexionado a 90°. O examinador exerce uma carga axial na perna enquanto rotaciona o pé. O paciente geralmente sente dor no compartimento afetado. Apley test Opens in new window[27]

  • Teste de hiperextensão: o examinador levanta a base da perna afetada, hiperestendendo o joelho e adicionando uma força para baixo adicional sobre a tíbia. O paciente relata dor no compartimento afetado. Este exame é sensível, mas não específico para ruptura do menisco.

  • Teste de Thessaly: o paciente fica apoiado em uma perna enquanto o examinador flexiona o joelho a 5° e o gira medial e lateralmente três vezes. O teste é então repetido com o joelho flexionado a 20°. Um desconforto ou sensação de travamento no joelho sugere um teste positivo.

Investigações

A ressonância nuclear magnética (RNM) é considerada o exame ideal para rupturas de menisco.[3][28]​​Os achados são altamente sensíveis e específicos, documentando o sinal aumentado dentro da substância do menisco e demonstrando alterações adaptativas da cartilagem do menisco. Além disso, uma RNM pode ser útil para identificar o comprometimento de ligamentos associado e mudanças na cartilagem articular, bem como apoiar o planejamento pré-cirúrgico se houver indicação para artroscopia.[1]

As radiografias simples são indicadas nos pacientes com história de artrite e rupturas de menisco crônicas de longa duração nas quais são encontradas alterações de Fairbanks, como achatamento do côndilo femoral, estreitamento do espaço articular e formação osteofitária.[3] A série de radiografias recomendada inclui as incidências anteroposterior (AP) ortostática, radiografia lateral do joelho, AP em flexão a 45° e tangenciais. Se a perna estiver desalinhada, deve-se obter uma radiografia total da perna do quadril até o tornozelo.

A artroscopia, embora realizada geralmente para reparar ou ressecar a ruptura do menisco, pode ser usada para confirmar o diagnóstico.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ressonância nuclear magnética (RNM) demonstrando uma ruptura por clivagem horizontal do menisco medial (seta); linha horizontal branca separa as partes inferior e superior da ruptura do meniscoDo acervo do Dr Kevin R. Stone [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7c4b5545[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista artroscópica da ruptura por clivagem horizontal do menisco lateral (seta)Do acervo do Dr Kevin R. Stone [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1ec47e30

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