Caso clínico

Caso clínico

Uma primigesta, com 37 anos de idade, com gestação gemelar dicoriônica e diamniótica se apresenta para uma consulta pré-natal de rotina com 30 semanas de gestação. Sua principal queixa é a de prurido na palma das mãos e na sola dos pés, presente há vários dias. Ela afirma que os sintomas começavam à noite, mas agora se transformaram em prurido generalizado e constante. Não consegue dormir à noite. Não relata nenhuma mudança no padrão de movimento fetal. Nega novas exposições. Sua história médica pregressa inclui colecistectomia para colelitíase. Não há evidências de icterícia, e o fígado não apresenta sensibilidade. As ultrassonografias de crescimento em série demonstram que ambos os fetos têm velocidade de crescimento adequada. A urinálise é negativa para proteínas ou glicose. Ela apresenta escoriações em braços, pernas e abdome, por se coçar. Não há evidências de úlceras, pápulas ou urticária.

Outras apresentações

A CIG pode se manifestar a partir do primeiro trimestre, embora o início típico seja no terceiro trimestre.[3][4] O sintoma de apresentação é o prurido materno na ausência de erupção cutânea, embora lesões com escoriações sejam comuns.[5] Embora a clássica distribuição do prurido se dê na palma das mãos e na planta dos pés, ela pode ocorrer em qualquer local do corpo e, normalmente, piora durante a noite.[6][7][8] O prurido isoladamente não é suficiente para um diagnóstico presuntivo, mas muitas vezes precede as alterações bioquímicas.[6][9]

Além das concentrações séricas elevadas de ácido biliar, cerca de 80% das mulheres com CIG apresentam evidências de disfunção hepática, com frequente ocorrência de urina de cor escura.[10][11] Uma minoria apresenta sintomas de esteatorreia, hiperbilirrubinemia ou amarelecimento da conjuntiva.[5][10][12] Mulheres com esteatorreia podem apresentar má absorção de vitaminas lipossolúveis, inclusive vitamina K, e apresentam risco de hemorragia fetal ou pós-parto.[13][14][15]

Mulheres com CIG têm altas taxas de colelitíase (cerca de 12%) e, frequentemente, relatam sintomas de dor e fadiga no quadrante superior direito.[16][17] Além disso, apresentam também taxas mais altas de diabetes mellitus gestacional e pré-eclâmpsia, com sintomas manifestos concomitantes.[18][19][20]

Por causa do aumento do risco de nascimento pré-termo, as mulheres podem apresentar parto pré-termo espontâneo; a redução (ou alteração) dos movimentos fetais pode anunciar o diagnóstico de natimorto em mulheres com doença grave.[2][21]

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