Abordagem

Uma história detalhada e um exame físico completo são necessários para avaliar outras causas de vômitos e/ou diarreia e para avaliar o nível de desidratação.[40] Entretanto, a diferenciação clínica entre gastroenterite viral e gastroenterite bacteriana pode ser difícil.

História

É necessário determinar a duração da afecção; o número de episódios, a quantidade e as características dos vômitos (como presença de bile) e da diarreia (como presença de sangue e muco); e o volume aparente de líquido ingerido e expelido. As fezes são geralmente soltas ou aquosas; o muco e o sangue são incomuns.[9] As manifestações extraintestinais podem incluir cefaleia, mialgia ou sintomas respiratórios.[9]

É necessário observar o peso da criança antes do início da doença; os sintomas associados, como febre, cólicas abdominais e tenesmo; o nível de atividade global; o consumo de alimentos e fluidos contaminados; a exposição a pessoas com gastroenterite; surtos de gastroenterite na comunidade; doença concomitante em membros da família; a presença em creches; a história médica pregressa; viagem recente a áreas endêmicas em diarreia; infecção recente; uso recente de antibióticos; duração da amamentação; e status de imunização.[9][41][42][43]

Exame físico

A condição geral do paciente e a gravidade da desidratação devem ser avaliadas. Isso é baseado no estado mental; na frequência de pulso; no enchimento capilar; no turgor cutâneo; e no estado das membranas mucosas, dos olhos e das fontanelas.[40]

  • Os sinais de desidratação leve incluem: estado alerta; leve redução do débito urinário; leve aumento da sede; membranas mucosas discretamente ressecadas; frequência cardíaca discretamente elevada; enchimento capilar normal; turgor cutâneo normal; olhos normais; e fontanela anterior normal.

  • Os sinais de desidratação moderada incluem: estado alerta, fadigado ou irritável; redução no débito urinário; aumento moderado da sede; membranas mucosas ressecadas; frequência cardíaca elevada; enchimento capilar prolongado; turgor cutâneo reduzido; olhos encovados; e fontanela anterior deprimida.

  • Os sinais de desidratação grave incluem: estado apático ou letárgico; redução acentuada ou ausência de debito urinário; aumento considerável da sede; membranas mucosas muito ressecadas; frequência cardíaca muito elevada; enchimento capilar prolongado ou mínimo; turgor cutâneo reduzido; olhos intensamente encovados; fontanela anterior muito deprimida; membros frios; hipotensão; e coma.

Embora a perda de peso corporal seja um indicador útil da desidratação, ela deve sempre ser corroborada por mudanças nos sinais clínicos, pois a medida do peso é suscetível a muitos erros potenciais (como o uso de balanças diferentes ou de técnicas de medição não padronizadas). O peso pode se alterar de maneira significativa, dependendo de se a criança tiver comido, urinado ou defecado recentemente.[43]

Na gastroenterite viral, a febre geralmente é baixa, o abdome é flácido e não distendido, e os ruídos hidroaéreos são ativos. Se os achados diferirem disso, causas alternativas de vômitos e/ou diarreia devem ser consideradas e pesquisadas.

Investigações

A gastroenterite viral geralmente é um diagnóstico clínico e não são necessárias investigações.[9] As medições de eletrólitos séricos, ureia e creatinina devem ser consideradas em um subgrupo de pacientes com desidratação grave recebendo terapia intravenosa.[42][44]

Exames de fezes diagnósticos para patógenos virais não são necessários, exceto para fins epidemiológicos. As coproculturas devem ser consideradas nas crianças com diarreia hemorrágica, porque isso é mais típico de gastroenterite bacteriana.[9]

Hemograma completo e culturas apropriadas devem ser considerados se outras fontes de infecção precisarem ser excluídas.[9]

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