Abordagem

O tratamento é iniciado após o diagnóstico, o qual se baseia em sintomas clínicos e na microscopia de secreções vaginais. A terapia depende do organismo etiológico e de ser uma primeira apresentação ou recorrência. Mulheres com vaginose bacteriana ou tricomoníase, e também positivas para o vírus da imunodeficiência humana (HIV), devem receber o mesmo esquema de tratamento daquelas que são HIV-negativas.[4]

Vaginose bacteriana

O tratamento é indicado a todas as mulheres sintomáticas com vaginose bacteriana.[4] Apesar de a vaginose bacteriana poder aumentar o risco de certas complicações neonatais e gestacionais, os únicos benefícios estabelecidos do tratamento, tanto em gestantes quanto não gestantes, são aliviar os sintomas vaginais, reduzir os sinais de infecção e, potencialmente, diminuir o risco de adquirir o HIV e outras ISTs (por exemplo, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, ISTs virais).

Em mulheres não gestantes, o metronidazol oral ou tópico, ou a clindamicina tópica são os tratamentos de primeira escolha.[4] As apresentações tópicas e orais do metronidazol parecem igualmente eficazes, mas a aplicação intravaginal pode estar associada a um número menor de eventos adversos.[40][41] A terapia com uma dose oral de metronidazol é a menos eficaz contra vaginose bacteriana e não é mais recomendada.[42]

A clindamicina em creme vaginal é uma alternativa útil à terapia de primeira linha com metronidazol.[4][41]​ As opções de tratamento de segunda linha incluem tinidazol ou secnidazol oral, clindamicina oral e óvulos vaginais de clindamicina.[41]

Para infecção persistente ou recorrente, o metronidazol em gel intravaginal é administrado por um período maior, de 4-6 meses após a conclusão do esquema recomendado.[43] Demonstrou-se que a terapia supressiva reduz o risco de recorrências, mas este benefício pode não persistir após sua descontinuação.[43]

Gestantes podem ser tratadas com metronidazol com segurança. A clindamicina é uma alternativa eficaz.[4]

Mulheres em idade fértil precisam estar cientes que, devido à sua fórmula à base de óleo, o creme de clindamicina pode enfraquecer preservativos de látex e diafragmas por 5 dias após seu uso.

Apesar de tratamentos não antibióticos estarem disponíveis (por exemplo, benzidamina), sua segurança e eficácia não são corroboradas por dados científicos de longo prazo.[44] Também não existem evidências científicas significativas que corroborem o uso de antissépticos ou de desinfetantes na vaginose bacteriana.[45][46]

O tratamento dos parceiros sexuais não é recomendado. [ Cochrane Clinical Answers logo ] [Evidência A]

Tricomoníase

O tratamento da tricomoníase resulta em alívio dos sintomas e pode reduzir a transmissão.[4] O isolamento do micro-organismo não é necessário em todos os casos: por exemplo, em uma paciente sintomática com história pregressa de tricomoníase ou uma doença conhecida em seu parceiro sexual.

Não gestantes podem ser tratadas com terapia de doses múltiplas com metronidazol oral ou dose única de tinidazol. Gestantes devem ser tratadas com terapia de doses múltiplas com metronidazol oral, mas tinidazol deve ser evitado. O tratamento dos parceiros sexuais ajudará a prevenir a recorrência; no entanto, diferentes intervenções de manejo de parceiros (por exemplo, encaminhamento de pacientes, encaminhamento a provedores, encaminhamento de contatos ou terapia para o parceiro) têm eficácias semelhantes.[4][47]

Para organismos resistentes e infecção persistente, é necessária uma abordagem de tratamento diferente. Esta envolve doses maiores de metronidazol ou tratamento com tinidazol. O tinidazol tem uma meia-vida sérica mais longa que o metronidazol e também atinge níveis mais elevados no trato geniturinário. Vários isolados da T vaginalis apresentam concentrações inibitórias mínimas inferiores com o tinidazol do que com o metronidazol.[4] O secnidazol também é aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para o tratamento da tricomoníase, embora os Centros de Controle e Prevenção de Doenças ainda não o recomendem para esse grupo de pacientes.

Caso o tratamento fracasse após a mulher ser exposta novamente a um parceiro não tratado, a terapia de doses múltiplas com metronidazol deve ser repetida.

O uso de preservativos, apesar de não ser 100% eficaz, deve ser discutido com a paciente como parte da prevenção a infecções sexualmente transmissíveis.

Candidíase vulvovaginal

Existem várias opções terapêuticas disponíveis, tanto intravaginais quanto orais. É importante distinguir entre a vaginite por Candida complicada e a não complicada (recorrência, gravidade, infecção por outras espécies de Candida que não a Candida albicans, gestação e imunocomprometimento, incluindo mulheres diabéticas).

Candidíase não complicada refere-se a: Candida albicans, episódios esporádicos, sintomas leves a moderados e mulheres saudáveis não gestantes. Aproximadamente 10% a 20% das mulheres têm candidíase complicada: candidíase não albicans; mais de 4 episódios por ano; e mulheres com diabetes não controlado, debilidade ou imunossupressão.[4]

Para infecções não complicadas, deve-se iniciar o tratamento com agentes antifúngicos azólicos orais ou tópicos.[4] A candidíase vulvovaginal não complicada geralmente não é adquirida por meio de relações sexuais; o tratamento dos parceiros sexuais não é recomendado, mas deve ser considerado nas mulheres que apresentarem infecção recorrente. Se um parceiro sexual do sexo masculino apresentar sintomas (por exemplo, irritação), eles devem ser tratados com agentes tópicos.[4]

Para infecções complicadas, inicia-se uma terapia antifúngica de curta duração (oral ou tópica) para infecção, seguida por uma terapia de manutenção (oral ou tópica) por aproximadamente 6 meses.[4]

Gestantes são tratadas apenas com azólicos tópicos, por não mais de 7 dias.[4]

Se a paciente apresentar diabetes concomitante, a melhora no controle glicêmico também previne a recorrência.

Vaginite atrófica

A dispareunia pode ser tratada com géis lubrificantes antes da relação sexual, e estes podem ser iniciados imediatamente, para uso até que um tratamento bem-sucedido com estrogênio tópico seja estabelecido, ou em prazo mais longo, em mulheres que desejem evitar tratamento hormonal.[28] Para mulheres que fazem terapia de reposição hormonal (TRH), o uso concomitante de um lubrificante pode ser adequado para o controle dos sintomas. No início da TRH, deve haver uma discussão detalhada com a paciente para explicar a terapia local pretendida. Deve-se pesar cuidadosamente os riscos e os benefícios da terapia estrogênica para cada paciente individualmente, visando a minimização tanto da quantidade de estrogênio quanto da duração do tratamento.[48][49] Devem-se considerar os potenciais efeitos adversos versus benefícios das diferentes formulações. Enquanto anéis de estrogênio proporcionam a liberdade de substituição a cada 3 meses, os cremes vaginais podem oferecer um efeito calmante significativo e imediato à área atrófica. Também é preciso considerar o método de aplicação mais fácil, na menor dose, para cada paciente (por exemplo, uma paciente com deformidades articulares causadas por artrite pode achar difícil aplicar um creme estrogênico todas as noites, sendo que um anel estrogênico pode ser a abordagem mais apropriada para tal paciente).

Vaginite de contato ou alérgica não infecciosa

Medidas preventivas são a base do tratamento. Evitar agentes causadores, como produtos para higiene feminina, preservativos de látex/diafragmas, duchas e irritantes, como sabonetes fortes ou banhos de espuma pode ajudar a prevenir a vaginite. Cremes e géis vaginais que não contêm hormônios, frequentemente chamados de emolientes, estão disponíveis sem prescrição médica, e são usados geralmente para restaurar o pH vaginal e para aliviar irritação e prurido vaginais, assim como para aumentar a umidade vaginal.[29]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal