Abordagem

O diagnóstico de hérnia hiatal pode ser inferido por meio de história e exame físico cuidadosos. É importante enfatizar que um número desconhecido de todos os pacientes com hérnia hiatal (talvez representando a maioria) apresenta sintomas mínimos ou é assintomático.

Sinais e sintomas que podem ser mencionados em uma história e exame físico são principalmente inespecíficos e podem apenas sugerir a presença de uma hérnia hiatal. O diagnóstico de hérnia hiatal é estabelecido essencialmente através de testes diagnósticos, incluindo:[1]

  • Radiografia torácica

  • Fluoroscopia digestiva alta com contraste oral

  • Endoscopia digestiva alta (EDA)

  • Tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM).

História clínica

Queixas típicas de um paciente com uma hérnia hiatal sintomática podem incluir: pirose, refluxo de material líquido ácido (salivação excessiva), dor torácica retroesternal incômoda (especialmente associada à deglutição), disfagia, dor do tipo cólica associada à deglutição (odinofagia).[6]​ Outros sintomas podem incluir vômito de alimentos não digeridos, hematêmese, saciedade precoce, distensão abdominal, rouquidão e sibilância/dispneia.

Nenhum desses sintomas é patognomônico para hérnia hiatal; eles são inespecíficos e podem estar associados a outras doenças. Alguns desses sintomas podem ser exacerbados ao se curvar, ficar na posição de decúbito, fazer esforço físico ou alguma manobra que aumente a pressão intra-abdominal. Não é possível determinar o tipo (I, II, III ou IV) da hérnia hiatal usando história e exame físico.

O paciente que apresenta uma hérnia hiatal complicada (envolvendo obstrução, sangramento e/ou isquemia) pode ter os seguintes sintomas:

  • dor torácica intensa

  • vômitos não biliosos

  • hematêmese (>50 cc)

  • dispneia

  • febre e calafrios

  • confusão

  • algumas ou todas as queixas presentes com hérnia hiatal não complicada.

Exame físico

O exame físico em uma hérnia hiatal não complicada também é inespecífico; achados que podem sugerir a presença de uma hérnia hiatal incluem:

  • Orofaringite (secundária a refluxo de conteúdo gástrico)

  • Sibilância (secundária à aspiração de refluxato)

  • Murmúrios vesiculares reduzidos no hemitórax esquerdo

  • Macicez à percussão torácica

  • Presença de ruídos hidroaéreos no hemitórax esquerdo.

O exame físico em uma hérnia hiatal complicada pode revelar o seguinte:

  • Pirexia

  • Taquicardia

  • Hipotensão

  • Taquipneia

  • Estado mental alterado

  • alguns ou todos os sinais presentes com hérnia hiatal não complicada.

Investigação primária

É essencial que o uso excessivo das modalidades diagnósticas não ocorra nesses pacientes, pois o atraso no tratamento está associado a desfechos desfavoráveis.[1]

Uma radiografia torácica é um exame simples e acessível indicado como primeiro exame em todos os pacientes sintomáticos.[1] Pacientes com hérnia hiatal podem apresentar uma bolha de ar retrocardíaca na parte intratorácica do estômago.

Uma fluoroscopia digestiva alta com contraste oral é o teste decisivo para hérnia hiatal, pois delineia a anatomia e fornece uma avaliação qualitativa da motilidade esofágica.[17][18]​​ Ela é indicada como um exame primário nos pacientes com sintomas moderados ou graves. A fluoroscopia pode ser realizada com um esofagograma com bário, mas uma avaliação digestiva alta em série é recomendada se a hérnia for grande para uma avaliação completa do estômago.[17][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hérnia hiatal paraesofágica do tipo IV: (A) Radiografia torácica frontal revelando uma grande bolha gástrica intratorácica (setas); (B) Nível hidroaéreo confirmando conteúdo gástrico intratorácico na radiografia torácica em decúbito lateral direito (seta)BMJ Case Reports 2009 (doi:10.1136/bcr.06.2008.0302); copyright@2009 by the BMJ Publishing Group [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@54ee2e34

Exames posteriores

Endoscopia

Pacientes com sintomas de refluxo moderados a graves devem ser submetidos à endoscopia para verificar a presença de esofagite e/ou displasia esofágica; essa informação pode ajudar o médico a decidir qual terapia seguir.[6]​ Uma endoscopia digestiva alta (EDA) também pode fornecer informações sobre a anatomia da hérnia hiatal, embora, às vezes, a anatomia endoscópica possa ser enganosa.

tomografia computadorizada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM)

TC ou RNM é indicada quando o diagnóstico não está claro, quando há suspeita de outra patologia ou quando se pretende realizar uma intervenção cirúrgica.[1] Essas investigações fornecem reconstrução tridimensional da anatomia e, assim, determinam se outros órgãos, além do estômago, migraram para o tórax.

Manometria esofágica e monitoramento do pH

Manometria esofágica e monitoramento do pH são indicados em pacientes com hérnia hiatal e sintomas atípicos, disfagia e/ou quando é necessária confirmação adicional do diagnóstico.[19] É observado um padrão típico de corcova dupla na manometria. A manometria de alta resolução (MAR) deve ser utilizada, pois pode demonstrar vários marcos anatômicos, como o nível de crura diafragmática ou a localização do esfíncter esofágico inferior. Também é possível calcular o tamanho de um componente deslizante da hérnia de hiato com a MAR.[1]

Resultados anormais do monitoramento do pH são observados com hérnias hiatais maiores. Embora não seja uma investigação necessária para o diagnóstico de hérnia de hiato, é útil para avaliar a necessidade de cirurgia antirrefluxo além do reparo hernial.[1][20]

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