Abordagem
O tratamento com antibióticos para coqueluche e o uso criterioso de agentes antimicrobianos para profilaxia pós-exposição vão erradicar a Bordetella pertussis da nasofaringe de pessoas infectadas (sintomáticas ou assintomáticas), evitando a transmissão para indivíduos suscetíveis.[34] Embora a administração de antimicrobianos durante o estágio catarral possa reduzir a duração e a gravidade da doença, o tratamento iniciado após o estabelecimento da tosse paroxística pode não ter efeitos clínicos.[1][2][10]
O tratamento é recomendado para pacientes até 3 semanas após o início da tosse, e até 6 semanas em gestantes, indivíduos imunocomprometidos, lactentes com menos de 1 ano ou pacientes com alto risco de coqueluche grave.[30] O tratamento antes dos resultados dos testes deve ser considerado se a história clínica sugerir coqueluche ou se o paciente tiver alto risco de coqueluche grave, devido à natureza altamente transmissível da infecção e potenciais atrasos na obtenção dos resultados dos testes diagnósticos.
O tratamento de primeira linha para casos suspeitos ou confirmados de coqueluche é um antibiótico macrolídeo (azitromicina, claritromicina, eritromicina).[10][27][30] Geralmente a azitromicina e a claritromicina são preferidas por oferecerem menos efeitos adversos e esquemas de dosagem mais práticos. Os macrolídeos são contraindicados nos pacientes com história de hipersensibilidade a qualquer agente desta classe e devem ser usados com precaução nos pacientes com intervalo QT prolongado ou que façam uso de outros agentes associados com a prolongação do QTc. Esses medicamentos inibem a classe CYP3A das enzimas do citocromo P450, e a coadministração com outros agentes metabolizados por essas enzimas pode alterar o metabolismo do medicamento administrado de maneira concomitante. O uso da eritromicina e da azitromicina em crianças pequenas foi associado a aumento do risco de estenose pilórica hipertrófica infantil, mas considera-se que os benefícios da azitromicina superam os riscos nessa faixa etária.[10][27][30]
O sulfametoxazol/trimetoprima pode ser usado em pacientes ≥2 meses, se os macrolídeos forem contraindicados ou se for identificada uma cepa de B pertussis resistente aos macrolídeos.[10][27]
As crianças pequenas (idade <1-2 meses) têm alto risco de coqueluche grave, inclusive complicações que representam risco à vida, como apneia. Os profissionais da saúde devem prever essa possibilidade e considerar a internação hospitalar dessas crianças para observação e tratamento.
Tratamento para lactentes <1 mês
A azitromicina é o tratamento de escolha para os lactentes com menos de 1 mês de idade.[10][27] A eritromicina é uma alternativa. O uso da eritromicina e da azitromicina em crianças pequenas foi associado a um aumento do risco de estenose pilórica hipertrófica infantil. No entanto, considera-se que os benefícios do tratamento superem o pequeno risco de estenose pilórica nessa faixa etária. Os esquemas de antibioticoterapia podem variar em diferentes localidades e você deve consultar as orientações locais. A claritromicina não é recomendada nessa faixa etária nos EUA, mas é a terapia de escolha no Reino Unido, onde a eritromicina não é recomendada para o tratamento de crianças pequenas devido à sua associação com estenose pilórica hipertrófica. O sulfametoxazol/trimetoprima é contraindicado para pacientes com idade <2 meses e bebês prematuros porque pode deslocar a bilirrubina dos sítios de ligação a proteínas, potencialmente causando hiperbilirrubinemia.[10][27]
Tratamento para lactentes e crianças ≥1 mês e adultos
A azitromicina, a claritromicina e a eritromicina são igualmente eficazes; a escolha do agente deve levar em consideração as contraindicações, o potencial para eventos adversos e interações medicamentosas, a tolerabilidade e a facilidade de adesão ao esquema prescrito. A azitromicina e a claritromicina geralmente são mais bem toleradas e oferecem esquemas de dosagem mais práticos.[10] Os esquemas de antibioticoterapia podem variar em diferentes locais e você deve consultar as orientações locais.
O sulfametoxazol/trimetoprima pode ser usado em pacientes ≥2 meses, se os macrolídeos forem contraindicados ou se for identificada uma cepa de B pertussis resistente aos macrolídeos.[30] Os antibióticos à base de sulfas podem deslocar a bilirrubina dos sítios de ligação a proteínas, potencialmente causando hiperbilirrubinemia e kernicterus em neonatos e crianças pequenas. Seu uso é contraindicado em lactentes com idade <2 meses e bebês prematuros.[10][27]
Os pacientes com coqueluche devem ser retirados de locais de cuidados com a saúde, creches e escolas até completarem pelo menos 5 dias de tratamento antimicrobiano, ou por 21 dias a partir do início da tosse, se não tratados.[1][10] Essa recomendação é consistente com as diretrizes atuais dos EUA, incluindo o Livro Rosa dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a American Academy of Pediatrics (AAP), bem como com os mandatos de muitos departamentos estaduais de saúde.[1][10][35] É importante consultar as recomendações específicas de saúde pública em sua área para confirmar o tempo necessário para retornar ao trabalho, escola ou creche, pois as orientações podem variar. As precauções de prevenção de infecções padrão e por gotículas são adequadas para pacientes hospitalizados nos mesmos intervalos.
Tratamento para pacientes gestantes
Dos macrolídeos, a claritromicina não deve ser usada nas gestantes, a menos que os benefícios superem os riscos e não haja nenhuma terapia alternativa disponível. No Reino Unido, a eritromicina é preferida para o tratamento de gestantes; a claritromicina e a azitromicina não são recomendadas.[27]
Foi observado um aumento do risco de malformação congênita após o uso materno de sulfametoxazol/trimetoprima durante a gestação. Essas substâncias só devem ser usadas durante a gestação se os benefícios superarem os riscos ao feto, principalmente no primeiro trimestre.
Tratamentos sintomáticos
A terapêutica antimicrobiana no início do ciclo de infecção pode reduzir a intensidade e a duração da tosse, mas não é eficaz quando iniciada após o estágio catarral. Muitas vezes, a tosse é refratária às terapias adjuvantes convencionais. Atualmente, não há evidências suficientes para dar apoiar o uso da dexametasona, do salbutamol ou da difenidramina para o tratamento sintomático da tosse.[36]
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