Caso clínico

Caso clínico

Uma estudante norte-americana de 22 anos de idade desenvolve cólicas intensas e fezes líquidas 3 dias após chegar na Guatemala. Embora tenha evitado saladas e água de torneira, ela bebeu um suco de maracujá local com gelo batido antes de ficar doente. Episódios frequentes de diarreia a mantêm confinada em seu quarto de hotel. A paciente não tem problemas subjacentes de saúde e se recupera 3 dias depois. Sua recuperação não teve intercorrências, exceto por vários dias de fadiga.

Outras apresentações

A diarreia do viajante geralmente se manifesta como uma doença autolimitada e aguda que dura, em média, 3 a 5 dias. Na maioria dos casos, é seguida por uma recuperação tranquila. É necessária para este diagnóstico, uma viagem recente para um destino de maior risco. A diarreia do viajante bacteriana não inflamatória (por exemplo, aquosa) (80% a 90% dos casos) é a causa típica e responde prontamente ao tratamento com uma única dose de um antibiótico apropriado e cuidados de suporte.

A diarreia que não responde aos antibióticos pode ter origem viral ou parasitária. A diarreia viral causada por rotavírus, norovírus ou outros vírus entéricos é geralmente autolimitada e acredita-se que ocorra em 5% a 15% dos casos de diarreia do viajante.[2]​ A diarreia persistente com duração >14 dias pode ser devido à diarreia do viajante parasitária e necessita de uma avaliação mais aprofundada. Raramente, os pacientes com diarreia persistente, especialmente aqueles com história de antibioticoterapia, podem apresentar colite causada por Clostridioides difficile.[3]

A diarreia do viajante verdadeira deve ser diferenciada da evacuação diarreica inicial, muitas vezes associada a viagens (diarreia do viajante leve sem sintomas sistêmicos) que ocorre logo após o início da viagem. Esse distúrbio intestinal mais leve (diarreia ou gases ocasionais) não está associado a cólicas ou afecções e, provavelmente, representa exposição a novos alimentos, mudanças nos horários normais das refeições, estresse e/ou exposição a uma nova flora microbiana. Geralmente, não requer autotratamento. Disenteria (diarreia hemorrágica) com febre >38.5 °C (>101.3 °F) indica uma infecção mais invasiva e mais séria.

A intoxicação alimentar, que com frequência se manifesta com vômitos (geralmente, sem diarreia significativa, mas nem sempre), também pode ser confundida com a diarreia do viajante clássica. Entretanto, ela está relacionada à ingestão de uma toxina bacteriana pré-formada e, portanto, ocorre 1 a 6 horas depois da refeição suspeita. Embora possa ser grave, geralmente, é de duração mais curta.

Quadros clínicos não relacionados a viagens, como a doença inflamatória intestinal, também devem ser considerados. No entanto, a maioria dos pacientes que retorna de uma viagem com diarreia persistente (ou desenvolve os sintomas dentro de 10 dias após o retorno) e apresenta uma avaliação negativa nos exames laboratoriais são considerados como tendo síndrome do intestino irritável pós-viagem. Demonstrou-se que esta afecção pós-infecciosa pouco compreendida ocorre em cerca de 5% dos viajantes que sofrem um episódio de diarreia do viajante durante a viagem.​[4][5][6][7]​​​ Na maioria das vezes, resolve-se sem terapia.[8]

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