Etiologia
Crises tônico-clônica generalizada (CTCGs)
A etiologia depende diretamente da síndrome epiléptica ou do elemento precipitante que iniciou a atividade epileptiforme.
As CTCGs associadas a qualquer síndrome epiléptica são denominadas de não provocadas (espontâneas), enquanto as CTCGs causadas por um estímulo reversível são denominadas de provocadas.
As convulsões provocadas podem ser causadas por toxinas, substâncias ilícitas, medicamentos que diminuem o limiar convulsivo ou desequilíbrios metabólicos.
Epilepsias de início generalizado
A etiologia é supostamente genética na maioria dos casos.
Achados característicos de eletroencefalograma (EEG) de atividade epileptiforme generalizada, exames de imagem cerebral normal e história familiar positiva geralmente são características clássicas, sugerindo uma anormalidade hereditária em um nível molecular.
Várias anormalidades moleculares causais foram descobertas; mutações em genes que codificam canais de íons de sódio, potássio, cloreto e cálcio foram todas associadas a síndromes epilépticas generalizadas.[4][5][12][13] No entanto, em muitos casos, os genes subjacentes não são conhecidos e a herança é frequentemente poligênica/epigenética.[2]
Epilepsias de início focal
Em geral, há uma causa estrutural presumida ou identificável subjacente ao desenvolvimento das convulsões. Elas podem incluir malformações corticais, displasias, neoplasias, infartos, malformações vasculares ou áreas de danos por traumas prévios.
Ocasionalmente, ocorrem epilepsias de início focal sem lesão identificável nos exames de imagem.
Fisiopatologia
O verdadeiro mecanismo da epileptogênese permanece um tópico intensamente estudado e de certa forma controverso. Em geral, as convulsões são causadas pelas propriedades dos neurônios que levam à hiperexcitabilidade e hipersincronia inapropriadas. Algumas pesquisas sugerem que grupos de neurônios devem ter a capacidade anormal de gerar explosões de descargas intrínsecas, acopladas à inibição de ácido gama-aminobutírico (GABA) diminuída e à ativação recorrente de correntes excitatórias locais.[14] Há uma variedade de anomalias genéticas e estruturais que pode contribuir para que os grupos de neurônios (ou todos os neurônios) desenvolvam esse estado.[15]
Para as CTCGs, a natureza dessa hiperexcitabilidade e hipersincronia depende da etiologia subjacente da epilepsia.
Epilepsia de início generalizado: a CTCG inicia-se imediatamente com descargas elétricas bi-hemisféricas; alguns trabalhos sugerem que um gerador talâmico é a fonte ou um marca-passo para esse tipo de convulsão, com circuitos tálamo-corticais facilitando o envolvimento das conexões sinápticas mais amplas.[16]
Epilepsia de início focal: a convulsão inicia de modo focal e depois evolui através do hemisfério ipsilateral à medida que as forças inibitórias normais começam a se degradar. Em uma crise focal a tônico-clônica bilateral, a atividade ictal cruza para o hemisfério contralateral (mais frequentemente através do corpo caloso) e depois continua o padrão de hiperexcitabilidade e hipersincronia no hemisfério contralateral (além do hemisfério ipsilateral).
Classificação
Classificação das epilepsias da International League Against Epilepsy (ILAE)[1][2]
A classificação das epilepsias foi atualizada pela ILAE em 2017.[1][2] Três níveis são apresentados:
Tipo de convulsão
Tipo de epilepsia (focal; generalizada; generalizada e focal combinada; e desconhecida)
Síndrome epiléptica.
Os tipos de convulsão são classificados da seguinte forma:
1. Convulsões de início generalizado
Motoras
Tônico-clônicas
Outro tipo de motora.
Não motoras (ausência)
2. Convulsões de início focal
De início motor
Inicio não motor.
O termo "crise tônico-clônica focal a bilateral" é uma descrição de uma crise de início focal que se propaga para envolver redes bilaterais.
3. Convulsões de início desconhecido
Motoras
Tônico-clônicas
Outro tipo de motora.
Não motora
As diretrizes da ILAE de 2017 para a classificação de convulsões incluíram as seguintes alterações:[1]
"Parcial" torna-se "focal"
A consciência é usada como um classificador de convulsões focais
Os termos "discognitiva", "parcial simples", "parcial complexa", "psíquica" e "secundariamente generalizada" são eliminados
Os novos tipos de convulsões focais incluem automatismos, parada comportamental, hipercinética, autonômica, cognitiva e emocional
As convulsões atônicas, clônicas, de espasmos epilépticos, mioclônicas e tônicas podem ser de início focal ou generalizado
A convulsão tônico-clônica focal evoluindo para bilateral substitui a convulsão generalizada secundária
Os novos tipos de convulsões generalizadas são a ausência com mioclonia palpebral, a ausência mioclônica, a mioclônico-atônica, a mioclônico-tônico-clônica
Convulsões de início desconhecido podem apresentar características que ainda podem ser classificadas.
Em 2022, a ILAE publicou uma nova classificação e definição de síndromes epilépticas que classifica a epilepsia para pacientes de diferentes faixas etárias.[3] As relevantes para este tópico são as síndromes epilépticas generalizadas idiopáticas e as síndromes epilépticas com início em idade variável.[4][5]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal