Prevenção primária

A prevenção primária da arritmia ventricular é alcançada melhor com o tratamento dos fatores de risco para doença arterial coronariana e disfunção sistólica do ventricular esquerdo, incluindo abandono do hábito de fumar e manejo da hipertensão e hiperlipidemia. Medidas preventivas adicionais incluem otimização do tratamento clínico da disfunção sistólica com medicamentos como inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA)/bloqueadores do receptor de angiotensina, betabloqueadores e antagonistas de aldosterona. Em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica, cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito e síndrome do QT longo, esforços físicos intensos devem ser evitados, pois o exercício pode provocar arritmias nessas populações.

Além disso, por conta da natureza imprevisível e com risco de vida das taquicardias ventriculares sustentadas (TVs), a prevenção primária é crítica em pacientes de alto risco e pode ser realizada pela inserção de um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) profilático. Tradicionalmente, os CDIs têm sido implantados com derivação transvenosa. No entanto, o CDI subcutâneo, em que a derivação do CDI permanece extravascular, também é uma opção. Uma versão aprovada envolve uma derivação de CDI com túnel subcutâneo perto da borda inferior da parede torácica esquerda e, em seguida, para cima ao longo do esterno, com o gerador do CDI localizado na região axilar esquerda.[19] Outro CDI extravascular, que envolve uma derivação posicionada sob o esterno, está sendo investigada.[20]

Os pacientes com alto risco incluem os portadores de:

  • Cardiomiopatia isquêmica ou não isquêmica (fração de ejeção do ventrículo esquerdo [FEVE] ≤35%) e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva leve a moderada (sintomas da classe II ou III da New York Heart Association). Aqueles com insuficiência cardíaca grave (classe IV) também apresentam alto risco, mas apresentam insuficiência cardíaca progressiva como um modo de morte competitivo e, portanto, devem ser considerados para CDI apenas se forem candidatos à terapia de ressincronização cardíaca

  • Cardiomiopatia isquêmica (FEVE ≤40%) sem TV não sustentada e TV sustentada induzida durante um estudo eletrofisiológico

  • Cardiomiopatia isquêmica (FEVE ≤30% e sintomas da classe I da New York Heart Association)

  • Cardiomiopatia hipertrófica (CMH) com características de alto risco, como história familiar de morte súbita por CMH; hipertrofia ventricular esquerda maciça (espessura da parede ≥30 mm); síncope inexplicada; disfunção sistólica do ventrículo esquerdo; aneurisma atípico do ventrículo esquerdo; realce tardio com gadolínio extenso na ressonância nuclear magnética cardiovascular; ou TV não sustentada frequente, mais longa e mais rápida.[8]​​[9] Outras características clínicas utilizadas no cálculo do risco de morte súbita cardíaca na CMH incluem idade, diâmetro do átrio esquerdo, obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo e resposta da pressão arterial ao exercício

  • Síndromes de arritmia congênita, incluindo pacientes sintomáticos com síndrome do QT longo, síndrome de Brugada e TV polimórfica catecolaminérgica com característicos de alto risco.

Um grande estudo de coorte constatou que o risco de arritmias ventriculares com risco de vida pela primeira vez ou recorrentes, após a colocação de CDI, foi consideravelmente mais baixo em mulheres que em homens. Isso sugere que uma avaliação de risco específica para o sexo para a colocação de CDI profilático pode ser benéfica. No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para entender melhor as diferenças entre sexos que levam a esses achados.[21]

Prevenção secundária

Em geral, a adesão terapêutica com medicamentos antiarrítmicos prescritos deve ajudar a diminuir a carga de arritmias ventriculares. Pacientes com taquicardia ventricular isquêmica devem explorar a viabilidade de revascularização do miocárdio isquêmico.

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