Abordagem
Na torção testicular aguda, é necessária uma exploração cirúrgica oportuna para preservar a função testicular. Pacientes que apresentam duração dos sintomas de <4 a 6 horas têm maior probabilidade de viabilidade testicular. As taxas de recuperação testicular diminuem à medida que a duração dos sintomas aumenta, com recuperação testicular bastante reduzida em 24 horas e resultados consistentemente desfavoráveis após 48 horas.[20][23] Se a apresentação for significativamente tardia ou o diagnóstico não estiver claro, exames diagnósticos podem ser usados para descartar outras causas de escroto agudo que podem ser tratadas de forma conservadora.[20]
Manejo cirúrgico em não neonatos
No caso de torção testicular aguda, a consulta cirúrgica imediata para exploração com possível destorção é essencial para otimizar a recuperação testicular.[12][24] A decisão de optar por orquiectomia ou orquidopexia depende da extensão do dano no tecido testicular. A função testicular muitas vezes é comprometida em pacientes com torção testicular. No entanto, a torção testicular pode ser parcial caso se mantenha uma continuação do fluxo sanguíneo; por isso, mesmo depois de um diagnóstico tardio, ainda pode-se tentar a exploração.[40] Durante a exploração, o testículo contralateral é fixo na parede posterior para evitar a torção testicular bilateral futura. Várias técnicas cirúrgicas foram descritas sobre a fixação dos testículos, com evidências muito limitadas dando suporte a uma técnica em detrimento de outra no que diz respeito à prevenção da recorrência.[41]
Alguns estudos tentaram identificar os preditores da viabilidade testicular para determinar se os pacientes precisavam de orquiectomia ou orquidectomia. Um estudo descobriu que os parâmetros estudados (duração dos sintomas, resultados do Doppler colorido e presença de sangramento intraoperatório) não eram preditivos separadamente, mas, quando considerados juntos e mostravam um resultado consistente, ajudavam a identificar a opção de tratamento apropriada.[42] Outro estudo descobriu que o parênquima testicular heterogêneo na ultrassonografia era um indicador confiável de não recuperação testicular. Os 37 pacientes do estudo com heterogeneidade no sonograma tinham testículos não viáveis na exploração. Um parênquima testicular homogêneo no sonograma pode significar maior probabilidade de viabilidade testicular e exige uma exploração cirúrgica imediata.[43]
Manejo cirúrgico em neonatos
Nascido com torção
O manejo da torção extravaginal que ocorre durante a descida testicular é controverso.[20] Alguns urologistas defendem a intervenção não cirúrgica, enquanto outros recomendam a exploração cirúrgica, com excisão do testículo necrótico e fixação contralateral para evitar uma torção contralateral futura e complicações permanentes em relação à fertilidade e produção hormonal.[20][44][45] A maioria dos urologistas concorda que um neonato que nasce com torção unilateral pode ser estabilizado e explorado de forma semieletiva para otimizar o risco anestésico.[46] Uma metanálise com 196 pacientes de 9 publicações constatou que a exploração bilateral urgente teve uma taxa de recuperação de 7% para o testículo afetado e apresentou torção assíncrona em 4% dos casos. Os autores concluíram que 8% a 12% dos neonato se beneficiariam da exploração bilateral no momento do diagnóstico.[47]
Nascido com testículos normais e desenvolveu torção subsequente
Neonatos com testículos normais documentados ao nascimento que subsequentemente desenvolvem um escroto agudo (sinais e exame físico consistentes com torção) exigem uma exploração de emergência.[20]
Destorção manual
Pode-se tentar a destorção manual se a cirurgia não estiver disponível dentro de 6 horas ou enquanto os preparativos para ela forem feitos.[3][35] A destorção manual é uma medida provisória. A técnica envolve a rotação do testículo direito no sentido anti-horário e do esquerdo no sentido horário. Ou seja, gira-se o testículo afetado como se fosse abrir um livro, daí o método em "livro aberto". Deve-se fornecer sedação adequada e controle da dor. O fluxo sanguíneo no Doppler é a medida objetiva da destorção bem-sucedida.[3] A melhora ou o alívio clínico após a destorção manual é altamente sugestivo do diagnóstico de torção.
Cuidados de suporte
Pacientes com torção testicular apresentam dor intensa. Deve-se fornecer alívio adequado da dor e sedação, especialmente ao realizar a ultrassonografia e destorção manual. Alguns pacientes também apresentam náuseas e vômitos; para evitar esses sintomas, podem-se administrar antieméticos.
Dispositivo protético
A experiência traumática de perder um testículo pode ser minimizada oferecendo-se um dispositivo protético, geralmente um implante de silicone preenchido com solução salina, que pode melhorar a aparência estética e, possivelmente, o bem-estar psicológico do paciente. No entanto, se o testículo foi removido por meio de uma incisão escrotal, uma prótese não deve ser colocada nesse período mas sim algum tempo depois, depois que a ferida estiver curada. Uma prótese colocada por meio de uma incisão escrotal traz um risco elevado de ser extrudada. Embora estudos tenham demonstrado baixas taxas de extrusão com a colocação imediata de próteses via incisão escrotal usando uma técnica intravaginal, isso continua controverso.[48][49]
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