Abordagem

O diagnóstico é geralmente realizado com base na história e no exame físico meticulosos.[3]​ Não há exame laboratorial que possa confirmar ou descartar o diagnóstico.

História clínica

A fasciite plantar geralmente se manifesta com dor aguda ou do tipo fisgada no calcanhar. A localização mais comum da dor é a região anteromedial do calcanhar. Os sintomas podem se estender ao longo da fáscia plantar até o arco central. A dor também pode irradiar para a lateral do calcanhar.[3]​ Para se diagnosticar a fasciite plantar, a dor deve ser aliviada com o repouso. A dor geralmente ocorre aos primeiros passos pela manhã e ao levantar-se da posição sentada (discinesia pós-estática), e geralmente melhora com a deambulação e a mobilização. Porém, durante a permanência em posição ortostática e outras atividades da vida diária, ocorre frequentemente um agravamento progressivo dos sintomas, com aumento das queixas de dor ao final do dia.[3]​ A dor piora ao se caminhar descalço, principalmente em pisos duros, e melhora com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais. É improvável que haja uma história de lesão do calcanhar.

É uma queixa bilateral em cerca de um terço dos pacientes, embora as pessoas com dor bilateral tenham maior probabilidade de ter uma causa sistêmica para a dor.[4][5][6]

Embora seja uma condição incômoda, a dor é autolimitada e geralmente remite entre 6 e 18 meses sem tratamento.[2]

Identificação dos fatores de risco

Os fatores de risco associados incluem corrida, IMC >25 kg/m², presença de equino, idade do paciente entre 40 e 60 anos, estilo de vida sedentário, presença de pé plano ou pé cavo, história de aumento ou mudança na atividade física e ocupações ou atividades que envolvam ficar em posição ortostática ou caminhar por tempo prolongado.

Exame físico

Ao exame físico do pé, há sensibilidade focal localizada à palpação do calcâneo plantar medial ou do calcâneo plantar central. Além disso, a sensibilidade ocorre no terço proximal da fáscia plantar.

Geralmente, sinais clínicos mínimos de inflamação, como edema e eritema, estarão presentes. A dor com amplitude de movimentos do mediopé, retropé e tornozelo geralmente está ausente.[3]

O teste do aperto lateral é realizado para descartar fratura por estresse; um resultado positivo ocorre quando a dor ao aperto lateral do calcanhar é maior que a dor inferior do calcanhar, e é sugestiva de fratura por estresse.[4][22]​ Inverter o calcanhar pode identificar um envolvimento de nervo. Tanto o teste de dorsiflexão-eversão (dor com a dorsiflexão da articulação do tornozelo e eversão da articulação subtalar) quanto o teste do efeito molinete - Windlass (dor com extensão da articulação metatarsofalângica) são geralmente positivos com a fasciite plantar.[23][24]

Sensibilidade ao longo do retropé medial, em vez de na fáscia, pode sugerir patologia do tendão flexor longo do hálux.[24]

Palpação ou percussão ao longo da margem superior do calcâneo pode mostrar sinal de Tinel (parestesia à percussão do nervo tibial ou seus ramos) na presença de encarceramento do nervo, túnel do tarso ou neurite.[25] Esse sinal é geralmente negativo nas pessoas com fasciite plantar, embora possa ser positivo em pessoas com afecções concomitantes.

Raio-X

As radiografias simples do pé são pouco benéficas nos casos típicos de fasciite plantar, embora possam ser úteis para descartar outras patologias. As radiografias são solicitadas inicialmente se houver suspeita de fratura por estresse ou uma causa alternativa para a dor no calcanhar, ou se houver uma história de trauma.[3]​ Ou então, as radiografias são pedidas posteriormente se o paciente não melhorar com a terapia padrão.[26] As radiografias podem mostrar esporão infracalcâneo, mas isso não é necessário para o diagnóstico e tem maior probabilidade de representar um achado incidental.[12][27] A presença de um esporão calcâneo geralmente não altera a evolução do tratamento.[3]

Investigações subsequentes

Investigações adicionais podem ser úteis nos pacientes nos quais o tratamento conservador tiver falhado e quando um diagnóstico alternativo estiver sendo considerado. Exames laboratoriais para fator reumatoide e anticorpos antipeptídeos citrulinados cíclicos são recomendados quando há sinais clínicos ou radiográficos sugestivos de artrite reumatoide. Recomenda-se exame laboratorial para HLA-B27 se houver suspeita de espondiloartropatia (por exemplo, espondilite anquilosante, artrite reativa).[6]

Pode ser pedida uma cintilografia óssea com tecnécio se as radiografias forem inconclusivas para fraturas por estresse ou se o paciente não responder ao tratamento conservador. Com a fasciite plantar, esse exame demonstra captação focal aumentada nas imagens do lago sanguíneo correspondentes à inserção da fáscia plantar.[28]

A ressonância nuclear magnética (RNM) é recomendada em casos de dor calcânea recalcitrante (dor por mais de 12 meses) ou se houver quaisquer massas ósseas ou de tecidos moles palpáveis ou visualizadas em outros estudos por imagem.

A ultrassonografia pode ser usada no lugar da RNM para as mesmas indicações.[29]​ A ultrassonografia demonstra espessamento da fáscia plantar de 4 mm ou mais nas pessoas com fasciite plantar.[30] A investigação com ultrassonografia também pôde revelar entesopatia e hipoecogenicidade.

Encaminhamento

O encaminhamento a um especialista ortopedista ou reumatologista é recomendado se qualquer anormalidade radiográfica que exigir parecer de um especialista, for revelada.

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