O diagnóstico geralmente é feito clinicamente, com os pacientes apresentando início rápido dos sintomas.[3]Hirsch BE. Infections of the external ear. Am J Otolaryngol. 1992 May-Jun;13(3):145-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1626615?tool=bestpractice.com
Anamnese e exame físico
As diretrizes nacionais dos EUA afirmam que o diagnóstico de otite externa aguda (OEA) requer a presença de início rápido (geralmente em 48 horas) dos sintomas nas últimas 3 semanas, juntamente com sinais de inflamação do meato acústico externo.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
https://aao-hnsfjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1177/0194599813517083
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24491310?tool=bestpractice.com
Os sintomas de inflamação do meato acústico externo incluem dor de orelha (que pode ser grave), prurido e plenitude, com ou sem diminuição da audição ou dor no meato acústico externo e na articulação temporomandibular intensificada pelo movimento da mandíbula. Os sinais de inflamação do meato acústico externo incluem sensibilidade ao longo do trago, da pina ou de ambos.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
https://aao-hnsfjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1177/0194599813517083
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24491310?tool=bestpractice.com
A manipulação do meato acústico externo geralmente é dolorosa. A pele do meato acústico externo apresenta graus variáveis de edema difuso, eritema e inchaço. Pode haver otorreia ou celulite da pina e pele adjacente. A otoscopia é recomendada para examinar o estado da membrana timpânica.
Em alguns casos o canal está bem edemaciado, e isso dificulta o exame da membrana timpânica. O exame otoscópico mostra quantidades variáveis de drenagem e detritos. A membrana timpânica pode ser eritematosa. Em alguns casos, pode haver linfadenopatia cervical.
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Meato acústico externo edemaciado, quase completamente fechado em razão de otite externa agudaDo acervo do Dr. Richard Buckingham; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Detritos purulentos brancos podem ser observados no meato acústico externoBarry V et al. BMJ 2021;372:n714; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: O meato acústico externo é estreitado, fazendo com que fique mais parecido com uma fenda, com detritos brancos na parede do canalBarry V et al. BMJ 2021;372:n714; usado com permissão [Citation ends].
Otoscopia pneumática e/ou timpanometria
Pode-se fazer uma otoscopia pneumática ou timpanometria para auxiliar no diagnóstico.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24491310?tool=bestpractice.com
A otoscopia pneumática mostra o movimento normal da membrana timpânica, que pode estar ausente nos pacientes com otite média aguda associada. De forma semelhante, em pacientes otite externa aguda (OEA), a timpanometria será normal; entretanto, mostrará curva achatada (tipo B) em pacientes com otite média aguda associada. A timpanometria pode causar desconforto e dor em pacientes com OEA.
Cultura e microscopia
Culturas da orelha são obtidas principalmente de pacientes que não melhoram com terapia medicamentosa. Culturas geralmente são desnecessárias na visita inicial ou no momento do diagnóstico, mas podem ser obtidas, se desejável.[3]Hirsch BE. Infections of the external ear. Am J Otolaryngol. 1992 May-Jun;13(3):145-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1626615?tool=bestpractice.com
Os organismos mais comumente presentes nas culturas são espécies de Pseudomonas e Staphylococcus.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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Em alguns casos são obtidas culturas negativas de pacientes em tratamento com antibiótico tópico ou sistêmico. Culturas positivas para espécies de fungos são encontradas em pacientes como otite externa fúngica.
A microscopia de exsudatos/detritos do meato acústico externo pode evidenciar infecções fúngicas. Hifas filamentosas brancas são observadas na otite externa fúngica (otomicose). A presença de esporos pretos indica que o organismo causador é o Aspergillus niger.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[3]Hirsch BE. Infections of the external ear. Am J Otolaryngol. 1992 May-Jun;13(3):145-55.
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Radiologia
A tomografia computadorizada (TC) do osso temporal com e sem contraste é recomendada nos pacientes que apresentarem dor e plenitude intensas e persistentes na orelha apesar de uma terapia medicamentosa adequada com antibióticos tópicos e orais. Isto é para descartar otite externa necrotizante. As características clínicas que sugeririam a necessidade de uma tomografia computadorizada incluem dor desproporcional aos achados clínicos e pacientes com tecido de granulação ao longo do assoalho do meato acústico externo, especialmente em pacientes com diabetes ou naqueles imunocomprometidos.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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A presença de neuropatias cranianas também exige avaliação radiológica. Em situações similares e se a TC mostrar destruição óssea, é feita uma ressonância nuclear magnética (RNM) dos canais auditivos internos e da base do crânio para delinear melhor a extensão da infecção. Pacientes com diabetes mellitus e outras condições imunodepressoras são particularmente susceptíveis à otite externa necrotizante e necessitam de avaliação radiológica em caso de suspeita de tal condição.
Reavaliação da condição em pacientes refratários ao tratamento
Pacientes que não respondam ao tratamento convencional para OEA devem ser reavaliados para se descartar a possibilidade de otite externa fúngica, otite externa necrotizante, ou simplesmente não adesão ao tratamento. Podem-se obter culturas e microscopia, e estas podem revelar hifas filamentosas e/ou esporos indicativos de infeção por fungos. Deve-se investigar a possibilidade de uma otite externa necrotizante nos pacientes que não respondem ao tratamento clínico e que apresentam otalgia persistente apesar do tratamento mais potente disponível. Recomenda-se avaliação radiológica com TC ou RM.
Otite externa necrotizante
A otite externa necrosante (também chamada de otite externa maligna) é uma forma de otite externa mais comum em pacientes idosos com diabetes não controlado ou em pacientes com imunodeficiência.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[4]Lee SK, Lee SA, Seon SW, et al. Analysis of prognostic factors in malignant external otitis. Clin Exp Otorhinolaryngol. 2017 Sep;10(3):228-35.
https://www.e-ceo.org/journal/view.php?id=10.21053/ceo.2016.00612
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Na otite externa necrotizante, a infecção e os processos inflamatórios envolvem não apenas a pele e os tecidos moles do meato acústico externo, mas também o tecido ósseo do osso temporal.[5]Walshe P, Cleary M, McConn WR, et al. Malignant otitis externa: a high index of suspicion is still needed for diagnosis. Irish Med J. 2002 Jan;95(1):14-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11928781?tool=bestpractice.com
Os primeiros sinais e sintomas são iguais aos da OEA, mas, se não tratada, pode ocorrer osteomielite da parte petrosa do osso temporal e/ou da base do crânio, que pode invadir tecidos moles, orelha média, orelha interna ou cérebro.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[5]Walshe P, Cleary M, McConn WR, et al. Malignant otitis externa: a high index of suspicion is still needed for diagnosis. Irish Med J. 2002 Jan;95(1):14-6.
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[6]Johnson AK, Batra PS. Central skull base osteomyelitis: an emerging clinical entity. Laryngoscope. 2014 May;124(5):1083-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24115113?tool=bestpractice.com
O nervo facial pode ser afetado e, menos frequentemente, os nervos glossofaríngeo e acessório espinhal.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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A otite externa necrotizante é uma emergência médica.[7]Frost J, Samson AD. Standardised treatment protocol for necrotizing otitis externa: retrospective case series and systematic literature review. J Glob Antimicrob Resist. 2021 Sep;26:266-71.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213716521001661?via%3Dihub
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34273591?tool=bestpractice.com
A pseudomonas aeruginosa está implicada na maioria dos pacientes.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[7]Frost J, Samson AD. Standardised treatment protocol for necrotizing otitis externa: retrospective case series and systematic literature review. J Glob Antimicrob Resist. 2021 Sep;26:266-71.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213716521001661?via%3Dihub
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Os pacientes geralmente apresentam otalgia intensa, otorreia, plenitude auricular e não respondem ao tratamento convencional para OEA. Dependendo do estágio de apresentação e da extensão da invasão, os pacientes podem apresentar fraqueza facial e outras anomalias do nervo craniano.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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Ao exame físico, o meato acústico externo está edemaciado, com evidência de tecido de granulação no assoalho do canal e na junção osteocartilaginosa.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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O diagnóstico geralmente é feito por tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética, que mostram presença de destruição óssea e de tecidos moles.[5]Walshe P, Cleary M, McConn WR, et al. Malignant otitis externa: a high index of suspicion is still needed for diagnosis. Irish Med J. 2002 Jan;95(1):14-6.
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Os exames de imagem com tecnécio-99 ou gálio mostrarão aumento da captação de radioisótopos no osso temporal e/ou base do crânio, embora esses estudos não sejam indicados rotineiramente para pessoas com suspeita de otite externa necrotizante.[20]Moss WJ, Finegersh A, Narayanan A, et al. Meta-analysis does not support routine traditional nuclear medicine studies for malignant otitis. Laryngoscope. 2020 Jul;130(7):1812-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31750969?tool=bestpractice.com
A tomografia por emissão de pósitrons-TC também documentará aumento do sinal na base do crânio.[21]Stern Shavit S, Bernstine H, Sopov V, et al. FDG-PET/CT for diagnosis and follow-up of necrotizing (malignant) external otitis. Laryngoscope. 2019 Apr;129(4):961-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30549258?tool=bestpractice.com
A velocidade de hemossedimentação (VHS) do paciente também pode estar elevada na otite externa necrotizante.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[12]Jackson EA, Geer K. Acute otitis externa: rapid evidence review. Am Fam Physician. 2023 Feb;107(2):145-51.
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Um estudo recrutou 74 médicos do Reino Unido e utilizou o método Delphi para chegar a definições e declarações consensuais para otite externa necrotizante.[22]Hodgson SH, Khan MM, Patrick-Smith M, et al. UK consensus definitions for necrotising otitis externa: a Delphi study. BMJ Open. 2023 Feb 20;13(2):e061349.
https://bmjopen.bmj.com/content/13/2/e061349.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36806133?tool=bestpractice.com
As seguintes definições e declarações principais de consenso foram propostas.
Diz-se que a otite externa necrotizante definitiva está presente quando todos os seguintes sintomas existem: otalgia associada a otorreia ou otalgia associada a história de otorreia, granulação ou inflamação do meato acústico externo, exclusão histológica de neoplasia maligna nos casos em que há suspeita, e características radiológicas consistentes com otite externa necrotizante (achados de TC e RNM).
Otite externa fúngica
A otomicose é uma infecção fúngica do meato acústico externo causada por fungos e leveduras.[8]Kiakojuri K, Mahdavi Omran S, Roodgari S, et al. Molecular identification and antifungal susceptibility of yeasts and molds isolated from patients with otomycosis. Mycopathologia. 2021 May;186(2):245-57.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33718990?tool=bestpractice.com
A otite externa fúngica é responsável por aproximadamente 9% do total de otite externa.[8]Kiakojuri K, Mahdavi Omran S, Roodgari S, et al. Molecular identification and antifungal susceptibility of yeasts and molds isolated from patients with otomycosis. Mycopathologia. 2021 May;186(2):245-57.
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Apresenta-se de forma semelhante à otite externa bacteriana aguda, com dor de orelha, prurido, plenitude aural e otorreia. É comum em países tropicais, locais úmidos, após antibioticoterapia tópica de longo prazo e em pessoas com diabetes, HIV/AIDS ou outros estados imunocomprometidos.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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Os patógenos fúngicos mais comuns são as espécies de Aspergillus (60% a 90%) e espécies de Candida (10% a 40%).[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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A reação em cadeia da polimerase multiplex passo a passo é mais sensível, rápida e eficiente do que a técnica de cultura na diferenciação da otite externa bacteriana da otite externa fúngica.[9]Aboutalebian S, Ahmadikia K, Fakhim H, et al. Direct detection and identification of the most common bacteria and fungi causing otitis externa by a stepwise multiplex PCR. Front Cell Infect Microbiol. 2021;11:644060.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcimb.2021.644060/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33842390?tool=bestpractice.com
A perfuração da membrana timpânica pode ocorrer secundária à otite externa fúngica; foi relatada uma taxa de perfuração de 6.75%.[8]Kiakojuri K, Mahdavi Omran S, Roodgari S, et al. Molecular identification and antifungal susceptibility of yeasts and molds isolated from patients with otomycosis. Mycopathologia. 2021 May;186(2):245-57.
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[10]Koltsidopoulos P, Skoulakis C. Otomycosis with tympanic membrane perforation: a review of the literature. Ear Nose Throat J. 2020 Sep;99(8):518-21.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0145561319851499?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31142158?tool=bestpractice.com
A perfuração é comum na otomicose causada por Aspergillus flavus, Aspergillus tubingensis e Candida albicans.[8]Kiakojuri K, Mahdavi Omran S, Roodgari S, et al. Molecular identification and antifungal susceptibility of yeasts and molds isolated from patients with otomycosis. Mycopathologia. 2021 May;186(2):245-57.
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A perfuração da membrana timpânica devido à otite externa fúngica é menor e pode resolver com tratamento. Alguns casos podem exigir timpanoplastia.[10]Koltsidopoulos P, Skoulakis C. Otomycosis with tympanic membrane perforation: a review of the literature. Ear Nose Throat J. 2020 Sep;99(8):518-21.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0145561319851499?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31142158?tool=bestpractice.com
No exame físico, a pele do meato acústico externo se apresenta edemaciada e observa-se corrimento. A otorreia pode ser mais espessa e preta, cinza, verde azulada, amarela ou branca.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24491310?tool=bestpractice.com
A presença de esporos pretos indica que o organismo causador é o Aspergillus niger.[1]Rosenfeld RM, Schwartz SR, Cannon CR, et al. American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery Foundation. Clinical practice guideline: acute otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Feb;150(1 suppl):S1-24. [Erratum in: Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Mar;150(3):504].
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[3]Hirsch BE. Infections of the external ear. Am J Otolaryngol. 1992 May-Jun;13(3):145-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1626615?tool=bestpractice.com
Em geral, observam-se hifas filamentosas brancas. O exame microscópico e as culturas da orelha podem ajudar a estabelecer o diagnóstico definitivo de otomicose. Deve-se suspeitar de otomicose nos pacientes que não responderem a tratamento com agentes antibacterianos.[3]Hirsch BE. Infections of the external ear. Am J Otolaryngol. 1992 May-Jun;13(3):145-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1626615?tool=bestpractice.com
O surgimento de infecção fúngica secundária do meato acústico externo após tratamento prolongado com agentes antibacterianos é bem conhecido.[11]Alshahni MM, Alshahni RZ, Fujisaki R, et al. A case of topical ofloxacin-induced otomycosis and literature review. Mycopathologia. 2021 Dec;186(6):871-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34410567?tool=bestpractice.com