Caso clínico

Caso clínico

Um homem de 35 anos de idade tem história de 2 dias de surto de otalgia intensa e plenitude auricular. O paciente se queixa de otorreia e leve perda de audição. Ele relata que os sintomas começaram após nadar. Não há relato de febre. No exame físico, o meato acústico externo se apresenta difusamente edemaciado e eritematoso. O trago do paciente está sensível e ele sente dor ao movimentar a aurícula. A membrana timpânica foi parcialmente visualizada devido ao edema. A concha e a pina aparentam estar normais. O exame do pescoço não revela linfadenopatia.

Outras apresentações

A otite externa necrosante (também chamada de otite externa maligna) é uma forma de otite externa mais comum em pacientes idosos com diabetes não controlado ou em pacientes com imunodeficiência.[1][4]​​ Na otite externa necrotizante, a infecção e os processos inflamatórios envolvem não apenas a pele e os tecidos moles do meato acústico externo, mas também o tecido ósseo do osso temporal.[5] Os primeiros sinais e sintomas são iguais aos da otite externa aguda (OEA), mas, se não tratada, pode ocorrer osteomielite da parte petrosa do osso temporal e/ou da base do crânio, que pode invadir tecidos moles, orelha média, orelha interna ou cérebro.[1][5][6]​​ O nervo facial pode ser afetado e, menos frequentemente, os nervos glossofaríngeo e acessório espinhal.[1] A otite externa necrotizante é uma emergência médica.[7]​ Pseudomonas aeruginosa está implicada na maioria dos pacientes.[1][7]​​​​ Os pacientes geralmente apresentam otalgia intensa, otorreia, plenitude auricular e não respondem ao tratamento convencional para OEA. Dependendo do estágio de apresentação e da extensão da invasão, os pacientes podem apresentar fraqueza facial e outras anomalias do nervo craniano.[1] Ao exame físico, o meato acústico externo está edemaciado, com evidência de tecido de granulação no assoalho do canal e na junção osteocartilaginosa.[1] O diagnóstico geralmente é feito por tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética, que mostram presença de destruição óssea e de tecidos moles.[5]

A otomicose é uma infecção fúngica da orelha externa causada por fungos e leveduras.[8] A otite externa fúngica é responsável por aproximadamente 9% do total de otite externa.[8]​ Apresenta-se de forma semelhante à otite externa bacteriana aguda, com dor de orelha, prurido, plenitude aural e otorreia. É comum em países tropicais, locais úmidos, após antibioticoterapia tópica de longo prazo e em pessoas com diabetes, HIV/AIDS ou outros estados imunocomprometidos.[1] Os patógenos fúngicos mais comuns são as espécies de Aspergillus (60% a 90%) e espécies de Candida (10% a 40%).[1] A reação em cadeia da polimerase multiplex passo a passo é mais sensível, rápida e eficiente do que a técnica de cultura na diferenciação da otite externa bacteriana da otite externa fúngica.[9]

A perfuração da membrana timpânica pode ocorrer secundária à otite externa fúngica; foi relatada uma taxa de perfuração de 6.75%.[8][10]​​​​A perfuração é comum na otomicose causada por Aspergillus flavus, Aspergillus tubingensis e Candida albicans.[8]​ A perfuração da membrana timpânica devido à otite externa fúngica é menor e pode resolver com tratamento. Alguns casos podem exigir timpanoplastia.​[10]

No exame físico, a pele do meato acústico externo se apresenta edemaciada e observa-se corrimento. A otorreia pode ser mais espessa e preta, cinza, verde azulada, amarela ou branca.[1] A presença de esporos pretos indica que o organismo causador é o Aspergillus niger.[1][3]​​ Em geral, observam-se hifas filamentosas brancas. O exame microscópico e as culturas da orelha podem ajudar a estabelecer o diagnóstico definitivo de otomicose. Deve-se suspeitar de otomicose nos pacientes que não responderem a tratamento com agentes antibacterianos.[3] O surgimento de infecção fúngica secundária do meato acústico externo após tratamento prolongado com agentes antibacterianos é bem conhecido.[11]

A otite externa crônica é uma inflamação crônica da pele do meato acústico externo por 3 meses ou mais.[12]​ Sua apresentação geralmente envolve infecção difusa de baixo grau com duração de meses ou até mesmo anos.[13] Ela resulta de otite externa recorrente, infecções bacterianas ou fúngicas, condições cutâneas subjacentes ou otorreia decorrente de infecções da orelha média.[3] Os pacientes geralmente apresentam coceira e um pouco de otorreia, mas sem dor.[13]

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