Etiologia

As etiologias do hipotireoidismo central são numerosas e refletem a disfunção da hipófise, hipotálamo ou circulação portal hipotálamo-hipofisária. As lesões hipofisárias com efeito de massa, principalmente adenomas hipofisários como adenomas secretores de hormônio do crescimento (GH) ou de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), são a causa mais comum.[1][5] Outras lesões com efeito de massa que podem resultar em hipotireoidismo central incluem cistos, meningiomas, disgerminomas, craniofaringiomas e metástases tumorais para a hipófise.

Doenças infiltrantes também podem afetar a função hipotalâmica/hipofisária e incluem etiologias infecciosas (tuberculose, sífilis, infecções fúngicas, toxoplasmose) e etiologias não infecciosas (sarcoidose, hemocromatose, histiocitose).[1][6] Entre as causas catastróficas (agudas) de hipotireoidismo central estão trauma cranioencefálico, apoplexia hipofisária e síndrome de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto).[1][7] As causas iatrogênicas incluem cirurgia ou radiação craniana e medicamentos como o anticonvulsivante oxcarbazepina.[1] Diversos defeitos genéticos raros também podem causar hipotireoidismo central.[1] Os genes candidatos incluem TSHB, TRHR, IGSF1 e TBL1X.[3] A hipofisite linfocítica é uma etiologia rara.[1][8]

Fisiopatologia

O hormônio estimulante da tireoide (TSH) hipofisário é uma glicoproteína que é produzida e secretada pela adeno-hipófise para promover a biossíntese da tireoide e a secreção dos hormônios tireoidianos (tri-iodotironina [T3] e tiroxina [T4]) pela glândula tireoide.[9] A secreção de TSH é regulada pelo hormônio liberador de tireotropina (TRH) e pelos hormônios tireoidianos periféricos. O TRH é um tripeptídio liberado nos vasos portais do eixo hipotálamo-hipofisário e transportado para a adeno-hipófise, onde promove a síntese e secreção de TSH.[10] Por outro lado, T3 e T4 agem na adeno-hipófise em um loop de feedback negativo, inibindo a síntese e a secreção de TSH. T3 e T4 também agem em nível hipotalâmico para inibir a secreção de TRH.[11] Outros fatores solúveis que afetam a secreção de TSH incluem dopamina, glicocorticoides e somatostatina. No hipotireoidismo central, a produção e/ou secreção de TSH é prejudicada devido à disfunção hipotalâmica e/ou hipofisária. Ele pode ocorrer como resultado de estimulação deficiente da adeno-hipófise pelo TRH, deficiência da síntese e secreção de TSH pela adeno-hipófise ou secreção de TSH biologicamente ineficiente, como em algumas doenças genéticas.[12][13][14][15][16]

Patologicamente, os sinais e sintomas de hipotireoidismo surgem do acúmulo de glicosaminoglicanos nos tecidos intersticiais devido à diminuição do metabolismo. As manifestações clínicas do hipotireoidismo central são relacionadas a baixos níveis de T3 e T4 e, portanto, são semelhantes ao hipotireoidismo primário. Além disso, indivíduos com hipotireoidismo central podem apresentar alterações concomitantes em um ou mais hormônios hipofisários, incluindo deficiências de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), gonadotrofinas (hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante), hormônio do crescimento e prolactina. Disfunção concomitante da hipófise posterior resulta em diabetes insípido devido à deficiência de hormônio antidiurético. Se o hipotireoidismo central for causado por um adenoma hipofisário ativo, pode haver sintomas de excesso de ACTH, hormônio do crescimento e/ou prolactina.

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