A SCE é uma emergência neurocirúrgica. Os pacientes são tratados com descompressão urgente da medula espinhal.[1]Todd NV, Dickson RA. Standards of care in cauda equina syndrome. Br J Neurosurg. 2016 Oct;30(5):518-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27240099?tool=bestpractice.com
Os cuidados de suporte adequados são prestados por uma equipe multidisciplinar.[3]Shivji F, Tsegaye M. Cauda equina syndrome: the importance of complete multidisciplinary team management. BMJ Case Rep. 2013 Mar 15;2013:bcr2012007806.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3618724
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23505270?tool=bestpractice.com
Cirurgia
A cirurgia de descompressão deve ser realizada assim que possível. Embora a cirurgia até 48 horas do início dos sintomas tenha sido usada por alguns médicos como um guia, isso foi desafiado e continua controverso. É provável que o nível de disfunção neurológica no momento da cirurgia (em vez do momento desde o início dos sintomas) seja o fator determinante mais significativo do prognóstico.[38]Quaile A. Cauda equina syndrome-the questions. Int Orthop. 2019 Apr;43(4):957-61.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30374638?tool=bestpractice.com
[39]Chau AM, Xu LL, Pelzer NR, et al. Timing of surgical intervention in cauda equina syndrome: a systematic critical review. World Neurosurg. 2014 Mar-Apr;81(3-4):640-50.
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1878875013014186?via%3Dihub
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24240024?tool=bestpractice.com
[40]Epstein NE. Review/perspective: operations for cauda equina syndromes - "The sooner the better". 2022 Mar 25;13:100.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8986648
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35399881?tool=bestpractice.com
Um estudo de coorte retrospectivo realizado com 20,924 pacientes com SCE relatou que os pacientes submetidos à descompressão cirúrgica no atendimento em regime de hospital-dia 0 ou 1 tiveram melhores desfechos com paciente hospitalizado, inclusive taxas mais baixas de complicação e mortalidade, em comparação com os pacientes submetidos à cirurgia no dia 2 ou posterior.[41]Hogan WB, Kuris EO, Durand WM, et al. Timing of surgical decompression for cauda equina syndrome. World Neurosurg. 2019 Dec;132:e732-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31415897?tool=bestpractice.com
As evidências sobre os benefícios da cirurgia precoce (por exemplo, em até 24 horas) são equívocas.[4]Spector LR, Madigan L, Rhyne A, et al. Cauda equina syndrome. J Am Acad Orthop Surg. 2008 Aug;16(8):471-9.
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[38]Quaile A. Cauda equina syndrome-the questions. Int Orthop. 2019 Apr;43(4):957-61.
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[42]Shapiro S. Medical realities of cauda equina syndrome secondary to lumbar disc herniation. Spine (Phila Pa 1976). 2000 Feb 1;25(3):348-51.
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[40]Epstein NE. Review/perspective: operations for cauda equina syndromes - "The sooner the better". 2022 Mar 25;13:100.
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Isso pode ocorrer devido a diferenças na disfunção neurológica entre os participantes; alguns estudos sugerem que a cirurgia em até 24 horas após o início dos sintomas pode reduzir a disfunção vesical pós-operatória em pacientes com SCE incompleta (SCEI), mas não em pacientes com SCE com retenção urinária (SCER), em comparação com a cirurgia entre 24 e 48 horas.[43]DeLong WB, Polissar N, Neradilek B. Timing of surgery in cauda equina syndrome with urinary retention: meta-analysis of observational studies. J Neurosurg Spine. 2008 Apr;8(4):305-20.
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[44]Srikandarajah N, Boissaud-Cooke MA, Clark S, et al. Does early surgical decompression in cauda equina syndrome improve bladder outcome? Spine (Phila Pa 1976). 2015 Apr 15;40(8):580-3.
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Assim, como a janela de 48 horas é controversa, a cirurgia urgente não deve ser protelada, especialmente porque é difícil definir o momento exato do início dos sintomas.[39]Chau AM, Xu LL, Pelzer NR, et al. Timing of surgical intervention in cauda equina syndrome: a systematic critical review. World Neurosurg. 2014 Mar-Apr;81(3-4):640-50.
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[40]Epstein NE. Review/perspective: operations for cauda equina syndromes - "The sooner the better". 2022 Mar 25;13:100.
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As diretrizes da British Association of Spine Surgeons recomendam que a cirurgia seja realizada o mais rápido possível, levando em consideração a duração e a evolução clínica dos sinais e sintomas, bem como o potencial aumento da morbidade ao operar durante a noite.[1]Todd NV, Dickson RA. Standards of care in cauda equina syndrome. Br J Neurosurg. 2016 Oct;30(5):518-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27240099?tool=bestpractice.com
[23]British Association of Spine Surgeons; The Society of British Neurological Surgeons. Standards of care for investigation and management of cauda equina syndrome. Dec 2018 [internet publication].
https://spinesurgeons.ac.uk/News/7773476
[24]Germon T, Ahuja S, Casey ATH, et al. British Association of Spine Surgeons standards of care for cauda equina syndrome. Spine J. 2015 Mar 2;15(3 suppl):S2-4.
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O objetivo da cirurgia é aliviar a compressão da cauda equina, o que pode ser alcançado por meio de diversas técnicas cirúrgicas, como laminectomia descompressiva ou microdiscectomia lombar. A técnica cirúrgica adequada deve ser escolhida com base na patologia e na experiência do cirurgião.[4]Spector LR, Madigan L, Rhyne A, et al. Cauda equina syndrome. J Am Acad Orthop Surg. 2008 Aug;16(8):471-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18664636?tool=bestpractice.com
O monitoramento intraoperatório dos potenciais evocados somatossensoriais e motores permite a avaliação de eventuais radiculopatia e neuropatia, mas não é uma parte necessária de procedimentos urgentes.[45]Balzer JR, Rose RD, Welch WC, et al. Simultaneous somatosensory evoked potential and electromyographic recordings during lumbosacral decompression and instrumentation. Neurosurgery. 1998 Jun;42(6):1318-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9632191?tool=bestpractice.com
Os desfechos após a cirurgia tendem a ser mais desfavoráveis para os pacientes com SCER que para os pacientes com SCEI. A dor, a perda da sensibilidade perineal, a disfunção vesical, intestinal e sexual podem persistir, embora seja possível uma recuperação significativa da função.[1]Todd NV, Dickson RA. Standards of care in cauda equina syndrome. Br J Neurosurg. 2016 Oct;30(5):518-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27240099?tool=bestpractice.com
[4]Spector LR, Madigan L, Rhyne A, et al. Cauda equina syndrome. J Am Acad Orthop Surg. 2008 Aug;16(8):471-9.
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[46]Hazelwood JE, Hoeritzauer I, Pronin S, et al. An assessment of patient-reported long-term outcomes following surgery for cauda equina syndrome. Acta Neurochir (Wien). 2019 Sep;161(9):1887-94.
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Cuidados de suporte
Várias terapias de suporte podem ser adequadas, dependendo das circunstâncias do paciente.
Prevenção do tromboembolismo venoso
Profilaxia deve ser administrada a todos os pacientes para evitar tromboembolismo venoso e possível embolia pulmonar.[47]Gould MK, Garcia DA, Wren SM, et al. Prevention of VTE in nonorthopedic surgical patients: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians evidence-based clinical practice guidelines. Chest. 2012 Feb;141(2 suppl):e227S-77.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3278061
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22315263?tool=bestpractice.com
A profilaxia farmacológica deve ser usada, a menos que seja contraindicada; as medidas não farmacológicas (por exemplo, meias de compressão graduada, dispositivos de compressão pneumática intermitente) podem ser usadas para os pacientes com alto risco de sangramento, principalmente na fase pré-operatória.[48]Kahn SR, Lim W, Dunn AS, et al. Prevention of VTE in nonsurgical patients: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians evidence-based clinical practice guidelines. Chest. 2012 Feb;141(2 suppl):e195-226.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3278052
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22315261?tool=bestpractice.com
ConsulteProfilaxia para tromboembolismo venoso
Manutenção do volume e da pressão arterial
O tratamento da disfunção autonômica e a prevenção das alterações resultantes sobre a pressão arterial podem ser necessários, pois isso pode contribuir para um comprometimento neurológico adicional.
Nos casos o tratamento consiste em inserção de cateter central, com ressuscitação volêmica e/ou vasopressores.
Prevenção de úlceras gástricas de estresse fisiológico
A prevenção de úlceras de estresse fisiológico com inibidores da bomba de prótons (por exemplo, omeprazol) ou antagonistas H2 (por exemplo, famotidina) é indicada por pelo menos 4 semanas após a cirurgia.[49]Toews I, George AT, Peter JV, et al. Interventions for preventing upper gastrointestinal bleeding in people admitted to intensive care units. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Jun 4;(6):CD008687.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD008687.pub2/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29862492?tool=bestpractice.com
Manejo vesical e intestinal
As funções vesical e intestinal devem ser avaliadas e monitoradas.[32]Ginsberg DA, Boone TB, Cameron AP, et al. The AUA/SUFU guideline on adult neurogenic lower urinary tract dysfunction: diagnosis and evaluation. J Urol. 2021 Nov;206(5):1097-105.
https://www.auajournals.org/doi/10.1097/JU.0000000000002235
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34495687?tool=bestpractice.com
Caso seja necessário o cateterismo vesical, um cateter intermitente é preferível, pois está associado a taxas mais baixas de infecção do trato urinário e trauma uretral. Um cateter de demora pode ser usado se o cateterismo intermitente não for viável.[50]Ginsberg DA, Boone TB, Cameron AP, et al. The AUA/SUFU guideline on adult neurogenic lower urinary tract dysfunction: treatment and follow-up. J Urol. 2021 Nov;206(5):1106-13.
https://www.auajournals.org/doi/10.1097/JU.0000000000002239
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34495688?tool=bestpractice.com
[51]Taweel WA, Seyam R. Neurogenic bladder in spinal cord injury patients. Res Rep Urol. 2015;7:85-99.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4467746
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26090342?tool=bestpractice.com
Os medicamentos anticolinérgicos costumam fazer parte do tratamento. Procedimentos invasivos podem ser considerados para os problemas continuados.[50]Ginsberg DA, Boone TB, Cameron AP, et al. The AUA/SUFU guideline on adult neurogenic lower urinary tract dysfunction: treatment and follow-up. J Urol. 2021 Nov;206(5):1106-13.
https://www.auajournals.org/doi/10.1097/JU.0000000000002239
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Um programa intestinal (para ajudar a prevenir movimentos intestinais involuntários, constipação e impactação do intestino), laxantes e/ou evacuação intestinal podem ser necessários.[52]Emmanuel A. Neurogenic bowel dysfunction. F1000Res. 2019 Oct 28;8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6820819
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31700610?tool=bestpractice.com
Outras terapias de suporte
Deve-se realizar a avaliação do risco para úlcera por pressão. As abordagens preventivas incluem a rotação manual ou automática regular de pacientes em repouso no leito, incentivando os pacientes que não estiverem em repouso no leito a se movimentarem regularmente (a cada poucas horas) e o uso de dispositivos para aliviar a pressão. Consulte Úlceras por pressão.
O suporte nutricional deve incluir alimentos isotônicos e avaliação de disfagia.
Pode ser necessária ventilação mecanicamente assistida ou tosse manualmente assistida.