História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Incluindo estilo de vida sedentário, dieta com alto consumo de gorduras saturadas e carboidratos, resistência insulínica, tabagismo, abuso de álcool, avanço da idade, infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV), medicamentos (por exemplo, glicocorticoide e antipsicóticos), lipodistrofia e história familiar positiva.

hipertensão

A resistência insulínica e a hiperinsulinemia compensatória estão fortemente relacionadas à hipertensão.

aumento do índice de massa corporal (IMC)

A obesidade e o sobrepeso estão fortemente relacionados à resistência insulínica e a um metabolismo prejudicado da glicose, ao aumento das concentrações plasmáticas de ácidos graxos livres, à hipertrigliceridemia, ao baixo colesterol HDL, à hipertensão e à doença hepática gordurosa associada a disfunção metabólica.

aumento das circunferências da cintura e do quadril

Os cortes do aumento das circunferências da cintura e do quadril variam dependendo dos critérios usados para definir a síndrome metabólica e da etnia do paciente. A razão entre cintura e quadril também deve ser calculada.

Esses critérios são essenciais para o diagnóstico de síndrome metabólica.

Outros fatores diagnósticos

comuns

hiperglicemia

Ssintomas de hiperglicemia ou diabetes mellitus do tipo 2 (poliúria, polidipsia) podem estar presentes.

doença hepática gordurosa associada a disfunção metabólica (DHGDM)

Anteriormente conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica. Comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. Forte preditor de síndrome metabólica; está correlacionada a todos os componentes da síndrome metabólica.

angina

Comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. A dor torácica devido a esforço físico indica doença cardiovascular. A síndrome metabólica dobra o risco cardiovascular, e os pacientes com dislipidemia geralmente têm doença cardíaca isquêmica.

claudicação

Comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. A dor na panturrilha ao caminhar que passa com repouso (claudicação intermitente) indica doença vascular periférica, que geralmente está presente em pacientes com dislipidemia.

hiperuricemia

Um preditor independente de síndrome metabólica em homens e mulheres. Para ambos os sexos, o risco da síndrome metabólica aumenta com níveis de ácido úrico sérico elevados; no entanto, deve-se notar que, embora comum em pacientes com síndrome metabólica, a hiperuricemia é um índice de laboratório e não um critério diagnóstico.[70][74]

Incomuns

distúrbios menstruais

As presenças de irregularidade menstrual (oligoamenorreia) e menstruações intensas são consistentes com sintomas da síndrome do ovário policístico (SOPC), uma comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. A SOPC está fortemente associada à resistência insulínica e ao aumento do risco de DM do tipo 2 e de doença cardiovascular.

dor abdominal

Sintoma incomum de DHGDM; uma comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. A DHGDM é um forte preditor da síndrome metabólica e se correlaciona com todos os componentes da síndrome metabólica.

arco corneano e xantelasma

Placas amarelas nas pálpebras secundárias ao depósito de lipídios e os arcos corneanos são sinais de hiperlipidemia.

hirsutismo

Sinal de síndrome do ovário policístico, uma condição fortemente associada à resistência insulínica e ao aumento do risco de DM do tipo 2 e de doença cardiovascular.

acantose nigricans

Alteração da pele caracterizada por hiperpigmentação e hiperceratose, que ocorre principalmente nas dobras da pele nas axilas, na virilha e na parte posterior do pescoço; condizente com síndromes de resistência insulínica graves. Pode ser observada na SOPC, uma comorbidade comumente associada à síndrome metabólica.

A SOPC está fortemente associada à resistência insulínica e ao aumento do risco de DM do tipo 2 e de doença cardiovascular.

acne

Sinal de síndrome do ovário policístico, uma condição fortemente associada à resistência insulínica e ao aumento do risco de DM do tipo 2 e de doença cardiovascular.

hepatomegalia

Pode estar presente na DHGDM; uma comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. A DHGDM é um forte preditor da síndrome metabólica e se correlaciona com todos os componentes da síndrome metabólica.

Fatores de risco

Fortes

obesidade

Embora nem todas as pessoas com sobrepeso ou obesas tenham problemas metabólicos, a maioria é resistente à insulina.[30] A adiposidade em excesso está fortemente relacionada à resistência insulínica e alterações no metabolismo glicêmico, bem como ao aumento da mobilização e das concentrações plasmáticas de ácidos graxos livres, o que resulta em hipertrigliceridemia, baixos níveis de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL), hipertensão e doença hepática gordurosa. A obesidade também é associada a altos níveis de fatores inflamatórios como proteína C-reativa, fator de necrose tumoral (TNF) alfa, leptina, resistina, interleucinas 6, 10 e 18 e baixos níveis de adiponectina.[4][12][27][28][29] Tanto as pessoas metabolicamente pouco saudáveis quanto as pessoas obesas correm um risco maior de doença cardiovascular em comparação com pessoas metabolicamente saudáveis e pessoas magras, respectivamente.[31]

Dados da terceira National Health and Nutrition Examination Survey (pesquisa nacional de avaliação da saúde e nutrição - NHANES) dos EUA (1988-1994) mostraram que a síndrome metabólica estava presente em 5% das pessoas com peso normal, 22% das pessoas com sobrepeso e 60% dos obesos.[32]

resistência insulínica

Fortemente associada a uma glicemia de jejum alterada e/ou intolerância à glicose, aumento da concentração de ácidos graxos livres, altos níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL e a pequenas e densas partículas de colesterol HDL e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL). Esses fatores aumentam o risco de aterosclerose e doença cardiovascular.[4][12][16][17][18]

A resistência à insulina e a hiperinsulinemia compensatória também estão fortemente relacionadas à hipertensão.[4][22]

A presença de resistência insulínica com síndrome metabólica tem um efeito cumulativo, e as pessoas com as duas condições correm um risco 6 a 7 vezes maior de diabetes mellitus do tipo 2.

sedentarismo

Estima-se que aproximadamente 70% da população dos EUA tem um estilo de vida sedentário.[14] A atividade física é inversamente associada à resistência insulínica e ao desenvolvimento de síndrome metabólica, especialmente com a circunferência da cintura, níveis glicêmicos e de triglicerídeos e no sangue e o Índice do Modelo de Avaliação de Homeostase. A falta de atividade física também está diretamente associada aos baixos níveis de colesterol HDL.[33][34]

A atividade física moderada a intensa regular pode evitar a síndrome metabólica, e a atividade de maior intensidade pode gerar mais benefícios.[35]

dieta rica em gordura saturada

Associada positivamente aos níveis de insulina em jejum.[36] Um aumento de 5% na ingestão de gordura saturada está associado a um aumento de 17% no risco coronário.[37] Em um amplo estudo prospectivo, praticamente 40% dos participantes que consumiam uma dieta "ocidental" rica em gordura saturada desenvolveram síndrome metabólica depois de 9 anos de acompanhamento. Após ajustes para fatores demográficos como tabagismo, atividade física e ingestão energética, o consumo de uma dieta ocidental foi associado a um aumento de 18% no risco de evoluir para síndrome metabólica, enquanto uma dieta equilibrada, incluindo vegetais, frutas, peixe, cereais integrais e laticínios com pouco teor de gordura, teve um efeito neutro no desenvolvimento da condição.[38]

dieta com alto teor de carboidratos

Pode acentuar a dislipidemia aterogênica. Os efeitos desse fator de risco parecem diminuir com a substituição dos carboidratos por gorduras insaturadas com a mesma quantidade de calorias.[14]

consumo excessivo de bebidas alcoólicas

O consumo de álcool e, especificamente, o consumo excessivo de bebidas aumenta o risco de síndrome metabólica influenciando seus componentes, em especial os níveis de triglicerídeos.[39]

idade mais avançada

A prevalência de síndrome metabólica aumenta consistentemente com a idade (independentemente do sexo), de 6.7% para pacientes com 20 a 29 anos para 43.5% entre 60 e 69 anos e 42% para pessoas com mais de 70 anos.[5][6]

No entanto, a prevalência varia aos 60 e 70 anos devido ao efeito de sobrevida, pois as pessoas mais suscetíveis à morte relacionada à obesidade provavelmente já terão morrido nesse ponto.[4][5]

etnia

A prevalência de síndrome metabólica parece ser menor em mulheres brancas e não hispânicas que em homens e maior em mulheres negras que em homens.[4] As pessoas de origens hispânicas e sul-asiáticas são particularmente suscetíveis ao desenvolvimento de síndrome metabólica. Os homens negros têm uma frequência menor de síndrome metabólica que os homens brancos, talvez devido à menor prevalência de dislipidemia aterogênica, embora os homens negros sejam mais suscetíveis a hipertensão e diabetes mellitus do tipo 2.[14]

A incidência dos componentes da síndrome metabólica definidos pelos mesmos critérios varia de acordo com a etnia. Especificamente, as condições relacionadas à obesidade (diabetes mellitus do tipo 2, hipertensão e dislipidemia) ocorrem com mais frequência em pessoas com índice de massa corporal menor nos asiáticos que nas pessoas brancas, e as pessoas com origem asiática do Extremo Oriente têm um maior risco de doença cardiovascular.[9][10]

tabagismo

Os fumantes atuais (homens e mulheres) apresentam aumento do risco de síndrome metabólica em comparação com as pessoas que nunca fumaram.[32]

história familiar positiva

A história familiar de síndrome metabólica aumenta o risco de evoluir para a condição. Fatores genéticos podem ser responsáveis por 50% da variação na ocorrência dos componentes de síndrome metabólica na descendência.[40][41][42]

síndrome do ovário policístico (SOPC)

Comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. Fortemente associada a resistência insulínica e a aumento do risco de diabetes mellitus do tipo 2 e doença vascular coronariana.[43] A prevalência de síndrome metabólica é 2 vezes maior (cerca de 43% a 47%) nas mulheres com SOPC que nas mulheres na população geral.[44] Outro estudo encontrou uma taxa menor de 33.4%.[45]

A SOPC parece agravar a resistência insulínica e os fatores de risco metabólico nas mulheres obesas, enquanto nas mulheres com peso normal a SOPC não está associada à anomalia na sensibilidade da insulina.[46]

hipogonadismo

Comorbidade comumente associada à síndrome metabólica. Nos homens, a deficiência de testosterona está associada à resistência insulínica e ao aumento do risco de diabetes mellitus do tipo 2 e síndrome metabólica.[47]​ A terapia de reposição de testosterona nos homens hipogonádicos com síndrome metabólica pode melhorar o controle metabólico.[48][49]

A deficiência de estrogênio também está associada a um aumento na incidência dos componentes da síndrome metabólica (obesidade abdominal, hiperglicemia, hipertensão arterial e dislipidemia), predispondo ao aumento do risco de diabetes do tipo 2 e doenças cardiovasculares. Isso é mais evidente nas mulheres com insuficiência ovariana prematura e menopausa precoce.[50]

hipercortisolismo

A síndrome metabólica e a síndrome de Cushing (que resulta de hipercortisolismo endógeno ou exógeno) compartilham muitos elementos clínicos. Assim, o cortisol pode contribuir para a patogênese da síndrome metabólica.[15] Os dados mais recentes sugerem que as concentrações de cortisol circulante são maiores nos pacientes com síndrome metabólica que nas pessoas saudáveis, tanto em condições basais quanto durante o estímulo dinâmico. A atividade periférica do cortisol é aumentada e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal está desregulado na síndrome metabólica.[15][51][52]

antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos atípicos, especialmente a clozapina, aumentam significativamente o risco de desenvolver síndrome metabólica.[53]

distúrbios do sono

Os distúrbios do sono comórbidos associados à síndrome metabólica incluem a apneia do sono, a insônia, uma duração do sono abaixo da ideal e o desalinhamento circadiano.[54]

A apneia obstrutiva do sono (AOS) frequentemente coexiste com a síndrome metabólica (alguns usam o termo "síndrome Z" para se referir às duas condições juntas), e a obesidade é um fator de risco fundamental para o desenvolvimento da AOS; no entanto, também há evidências de que a AOS leva ao desenvolvimento da síndrome metabólica, pois a hipóxia intermitente e o despertar aumentam a resistência insulínica.[55][56]

A insônia tem sido associada se maneira independente ao aumento do risco de síndrome metabólica e de seus componentes (dislipidemia, hipertensão, obesidade).[54][57]​​ Tanto uma duração curta quanto longa do sono foram associadas a um risco maior de síndrome metabólica em comparação com aqueles que dormem de 7 a 8 horas por dia.[58]​ O desalinhamento circadiano (dormir e comer fora do ciclo normal de luz e escuridão) está associado a um controle glicêmico prejudicado e ao aumento dos marcadores inflamatórios.[54]

Fracos

lipodistrofia

Distúrbios hereditários ou adquiridos caracterizados pela perda de depósitos seletivos de tecido adiposo. Os pacientes com formas parciais ou generalizadas de lipodistrofia geralmente têm resistência insulínica e compartilham elementos clínicos da síndrome metabólica.[4]

Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

A resistência insulínica é comum nos pacientes infectados por HIV, especialmente naqueles tratados com inibidores de protease. Os efeitos adversos de longo prazo dessa terapia incluem dislipidemia, alterações na distribuição de gordura corporal (lipodistrofia) e desenvolvimento de síndrome metabólica.[59]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal