História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

idade superior a 50 anos

A prevalência da incontinência urinária de esforço é maior na quinta década de vida, enquanto a prevalência das incontinências mista e de urgência continua a aumentar com a idade.[11]

IMC acima de 25

O excesso de peso, principalmente em mulheres com IMC acima de 25, aumenta a pressão sobre os tecidos pélvicos, causando distensão crônica, alongamento e enfraquecimento dos músculos, nervos e outras estruturas pélvicas.[3]

paridade elevada

Maior paridade, parto natural e episiotomia estão associadas à incontinência urinária de esforço.[3][14]

perda involuntária de urina por esforço, atividade física, espirros ou tosse

Sugere incontinência urinária de esforço.

perda involuntária de urina acompanhada ou imediatamente precedida por urgência

Sugestivo de incontinência de urgência.

aumento da frequência urinária

Ocorre na bexiga hiperativa

noctúria

Ocorre na bexiga hiperativa

uso de medicamentos que podem causar incontinência urinária

​Inclui medicamentos com efeitos anticolinérgicos, como os anti-histamínicos, antidepressivos e antipsicóticos.[11]​ Os bloqueadores dos canais de cálcio e alfabloqueadores também foram associados à retenção urinária e à dificuldade de micção. Os diuréticos podem causar poliúria, polaciúria e urgência urinária.[11]​ Consulte a fonte de informações local de medicamentos para obter mais informações sobre os medicamentos que podem causar incontinência urinária.

Outros fatores diagnósticos

comuns

diário miccional sugestivo

Um diário de 3 dias registra cada micção e a ingestão de líquidos ao longo do dia. Documentação dos eventos de incontinência, dos horários em que ocorrem e de qualquer sintoma associado ou eventos precedendo a perda de urina (ou seja, urgência ou espirros).

protuberância vaginal/pressão

O prolapso de órgão pélvico indica falta de tecidos de suporte da vagina e dos órgãos adjacentes, como a bexiga. Um útero aumentado pode causar micção anormal ou incontinência urinária de esforço.

atrofia urogenital

A menopausa e o envelhecimento estão fortemente associados com o surgimento ou o agravamento da disfunção do trato urinário inferior.[35]​ Um tecido urogenital fino, pálido e pouco vascularizado indica deficiência de estrogênio circulando para os tecidos urogenitais.[35][36]

prolapso uterino ou fraqueza de suporte posterior

Outras formas de prolapso (por exemplo, prolapso uterino ou fraqueza de suporte posterior como retocele) podem afetar a função vesical. Elas podem causar inclusive obstrução infravesical e em incontinência ou retenção resultante.

permanência prolongada em unidade de cuidados

Observou-se alta correlação com comorbidades clínicas crônicas (por exemplo, doença intestinal, tosse crônica [por exemplo, DPOC, asma], artrite, diabetes mellitus e doença cardiovascular [por exemplo, hipertensão, insuficiência cardíaca]) que podem estar associadas à incontinência.[19]​ Para indivíduos em unidades de cuidados, a constipação, a doença cardiovascular (especialmente insuficiência cardíaca), a imobilidade e a dependência de cadeira de rodas aumentam a taxa de incontinência urinária.[38]​ O comprometimento cognitivo e a demência têm grande prevalência em idosos que vivem em instituições de longa permanência e apresentam incontinência urinária.[39]

Incomuns

insuficiência cardíaca crônica

Afecções clínicas crônicas podem estar associadas à incontinência.[11][19]

diabetes mellitus

Afecções clínicas crônicas podem estar associadas à incontinência.[11][19]​ O diabetes geralmente resulta em bexiga hiperativa e pode levar à bexiga neurogênica sensorial, o que predispõe à incontinência.

excesso de ingestão de líquidos

Pode ser associado ao aumento do débito urinário.

comprometimento cognitivo ao exame de estado mental

Anormalidades (por exemplo, deficit de memória) podem sugerir demência, que está associada com aumento da incidência de incontinência urinária nas mulheres idosas.

história de doença neurológica

As doenças neurológicas, como acidentes vasculares cerebrais, esclerose múltipla e doença de Parkinson, podem afetar as vias neuronais do sistema geniturinário, provocando urgência ou incontinência urinária, ou comprometer a mobilidade, resultando em incontinência funcional.[27]

história de lesão no dorso

Sugere possível lesão na medula espinhal como uma causa da incontinência urinária.[11]

história de infecções recorrentes do trato urinário

Pode sugerir um processo inflamatório do trato urinário inferior causado por bactéria, que também causa incontinência urinária.[11]

disúria

Sugestivo de infecção do trato urinário como uma causa da incontinência urinária.[11]

hematúria

Pode sugerir uma patologia alternativa do trato urinário inferior, o que contribui para urgência urinária, polaciúria e incontinência de urgência.[11]​ É importante ressaltar que a presença de hematúria sem etiologia identificável indica a necessidade de uma investigação para câncer de bexiga, especialmente em mulheres com mais fatores de risco como idade >65 anos, uso de tabaco, exposição ocupacional ou sintomas urinários irritativos persistentes (urgência, polaciúria, disúria e incontinência).

gotejamento após a micção

Pode sugerir uma patologia alternativa do trato urinário inferior, como divertículo uretral, como uma causa de incontinência urinária.[11]

acúmulo de urina no trato vaginal

Sugere fístula geniturinária como causa da incontinência urinária.[11]

secreção ou sensibilidade uretral

Pode sugerir divertículo uretral, carcinoma ou inflamação, que também causam incontinência urinária.[11]

útero aumentado

Um exame bimanual também fornece informações importantes sobre o tamanho e a conformação dos órgãos pélvicos, caso estejam presentes. A compressão mecânica da bexiga decorrente de um útero aumentado e volumoso pode provocar urgência e aumento da frequência urinária devido à restrição da capacidade de distensão da bexiga na pelve já ocupada. Provoca a compressão mecânica da bexiga, causando urgência e aumento da frequência urinária.

perda da sensação do períneo

Sugere interrupção da entrada de estímulos neurológicos no períneo.

reflexos bulbocavernosos e de piscamento anormais

O reflexo anal é realizado tocando-se suavemente a pele na lateral do ânus. Em circunstâncias normais, visualiza-se reflexo superficial anal ou contração do ânus. De maneira similar, o reflexo pudendo-anal, que envolve a estimulação do clitóris, provoca a contração do esfíncter anal e dos músculos bulbocavernosos e isquiocavernosos. Reflexos anormais sugerem a interrupção do reflexo sacral.

tônus enfraquecido do esfíncter

Reflete um suporte precário dos músculos do assoalho pélvico para o esfíncter uretral.

impactação fecal

Sinal de disfunção do assoalho pélvico, manifestada por alterações anorretais.

Fatores de risco

Fortes

idade mais avançada

A incidência e a prevalência aumentam com a idade.[7][8][11]​​​​ A prevalência de incontinência urinária de esforço é maior na quinta década de vida, enquanto a prevalência das incontinências mista e de urgência continua a aumentar com a idade.[11]

gestação

Maior paridade, parto natural e episiotomia estão associadas à incontinência urinária de esforço.[3][14][15][16]​ Ela decorre de enfraquecimento e distensão dos músculos e do tecido conjuntivo durante o parto, bem como de danos aos nervos pudendos e pélvicos.[16]

obesidade

O excesso de peso, principalmente nas mulheres com IMC acima de 25, aumenta a pressão nos tecidos pélvicos, causando distensão crônica, alongamento e enfraquecimento dos músculos, nervos e outras estruturas pélvicas.​[3][33]

prolapso de órgão pélvico

Condição comumente coexistente com a incontinência urinária e a disfunção do assoalho pélvico.[34]

pós-menopausa

A menopausa e o envelhecimento estão fortemente associados com o surgimento ou o agravamento da disfunção do trato urinário inferior.[35]​ A depleção de estrogênio resulta na atrofia das camadas superficiais e intermediárias do epitélio da mucosa uretral.[36]​ Isso provoca uretrite atrófica, diminuição do selante da mucosa uretral, perda de complacência e irritação, possivelmente ocasionando incontinência urinária de esforço ou de urgência.

uso de diuréticos

Pode causar poliúria, aumento da frequência e urgência.[11]

consumo de cafeína

Pode causar aumento da frequência e urgência.[30]

constipação

As mulheres com incontinência urinária têm consideravelmente maior probabilidade de relatarem sintomas intestinais (constipação, incontinência fecal).[17]​ A constipação, com esforços defecatórios cronicamente prolongados e repetidos, contribui para neuropatia e disfunção progressivas.[18]​ A incontinência urinária concomitante à constipação crônica em mulheres jovens com história duradoura de incontinência urinária pode indicar uma espinha bífida oculta.

incontinência fecal

Condição comumente coexistente com a incontinência urinária, particularmente em idosos e pessoas que residem em instituições asilares.[17][19][20]

atividade física de alto impacto

As atividades extenuantes aumentam o estresse sobre as estruturas pélvicas de apoio, o que leva à distensão e ao enfraquecimento de músculos, nervos e outras estruturas pélvicas, resultando em incontinência urinária.[21][22]

apneia obstrutiva do sono

Níveis elevados de peptídeo natriurético atrial são produzidos durante os episódios apneicos, com elevação da pressão abdominal que causa maior produção de urina e pode causar noctúria e poliúria noturna.[11][37]

permanência prolongada em unidade de cuidados

Observou-se alta correlação com comorbidades clínicas crônicas (por exemplo, doença intestinal, tosse crônica [por exemplo, DPOC, asma], artrite, diabetes mellitus e doença cardiovascular [por exemplo, hipertensão, insuficiência cardíaca]) que podem estar associadas à incontinência.[19]​ Para indivíduos em unidades de cuidados, a constipação, a doença cardiovascular (especialmente insuficiência cardíaca), a imobilidade e a dependência de cadeira de rodas aumentam a taxa de incontinência urinária.[38]​ O comprometimento cognitivo e a demência têm grande prevalência em idosos que vivem em instituições de longa permanência e apresentam incontinência urinária.[39]

demência

Associada com maior incidência de incontinência urinária em mulheres idosas. Os tipos de demência podem incluir a doença com corpos de Lewy, a demência vascular, a hidrocefalia de pressão normal, a demência frontotemporal e a doença de Alzheimer.[27]​​ A incontinência pode decorrer de problemas neurológicos, problemas comportamentais ou alterações miogênicas, mas também do comprometimento cognitivo e da mobilidade prejudicada frequentemente observados na demência.[27]

AVC e outros distúrbios do sistema nervoso central/espinhais

A interrupção das vias inibitórias do sistema nervoso central está associada à disfunção do trato urinário inferior.[26]​ A hiper-reflexia do músculo detrusor em decorrência de lesões do neurônio motor superior após o AVC pode se manifestar como urgência urinária ou incontinência de urgência.[27][29]

Doença de Parkinson

A incontinência urinária pode ser consequência direta do dano neurológico causado pela doença de Parkinson ou ter uma causa indireta, resultante das limitações físicas impostas pela doença.[27][29]​​ A disfunção urinária na doença de Parkinson está predominantemente associada com hiperatividade do músculo detrusor (urgência, frequência, noctúria e incontinência de urgência).[40]​ A bradicinesia do esfíncter externo, que pode contribuir para a obstrução urinária, é rara.[41]

esclerose múltipla

Até 90% das pacientes com esclerose múltipla apresentam sintomas do trato urinário inferior (mais comumente, hiperatividade do músculo detrusor) durante a evolução da doença.[42]

Fracos

mulheres brancas

Um estudo com diferentes grupos raciais/étnicos nos EUA determinou que as incontinências urinárias de esforço e mista foram consideravelmente menos prevalentes em mulheres negras versus mulheres brancas; no entanto, não houve diferença significativa na prevalência da incontinência urinária de urgência entre os grupos.[6]

comprometimento funcional

A deficiência de mobilidade ou as deficiências sensoriais (ou seja, visão prejudicada) que contribuem para a limitação da mobilidade estão associadas à incontinência urinária.[11][27]​ A relação entre o comprometimento funcional e a condição não é bem compreendida. As possibilidades incluem a dificuldade de chegar ao banheiro e tirar a roupa; além disso, a condição pode ser consequência de uma fragilidade geral em pacientes idosas ou de uma doença sistêmica subjacente, como um acidente vascular cerebral.

história familiar de incontinência

Aumento do risco de incontinência urinária e de sintomas graves se parentes de primeiro grau forem afetados.[43][44][45]

enurese na infância

Observou-se correlação com incontinência urinária em adultos.[46][47]

tosse crônica

Na tosse crônica, o rápido aumento da pressão intra-abdominal e a carga do impacto sobre a musculatura e o tecido conjuntivo pélvicos podem causar danos ao longo do tempo.[19]

diabetes mellitus

A patogênese da disfunção vesical induzida pelo diabetes é multifatorial.[48]​ O diabetes geralmente resulta em bexiga hiperativa e pode levar à bexiga neurogênica sensorial, o que predispõe à incontinência.

depressão

A natureza exata da relação entre os sintomas vesicais e a depressão continua incerta, mas pode decorrer de uma função alterada da serotonina.[49][50]

insuficiência cardíaca crônica

A associação entre insuficiência cardíaca e sintomas urinários pode ser atribuída diretamente à fisiopatologia do agravamento da insuficiência cardíaca; no entanto, as estratégias de tratamento para a insuficiência cardíaca, em particular os diuréticos, IECAs e betabloqueadores, podem contribuir para o risco de desenvolvimento de incontinência urinária.[51]​ Também há uma sobreposição significativa dos fatores de risco conhecidos associados com a incontinência urinária e a insuficiência cardíaca, como idade avançada, e as comorbidades com diabetes, apneia obstrutiva do sono, obesidade e depressão.[52]

tabagismo

Pode contribuir para a tosse crônica e interferir na síntese de colágeno.[53]

cirurgias geniturinárias e pélvicas

Os anexos musculofasciais da bexiga que se fixam na parede pélvica circundante podem ser rompidos durante o procedimento. Também podem ocorrer danos aos nervos em alguns procedimentos (por exemplo, histerectomia).[54] Além disso, a cirurgia abdominopélvica está associada a um risco inerente de lesão direta do trato urinário, o que pode ocasionar fístula urinária.

exposição à radiação

Pode causar lesão no tecido conjuntivo, resultando em elasticidade e mobilidade reduzidas (uretra "em cano de ferro" – lead pipe), o que pode ocasionar incontinência urinária de esforço. A diminuição da complacência da bexiga em decorrência de radiação pode ocasionar baixa capacidade da bexiga e irritação da mucosa, resultando em sintomas irritativos da bexiga e em urgência urinária.[55] Fístulas urinárias também podem se formar após a irradiação da pelve.

consumo de bebidas alcoólicas

A combinação de mobilidade prejudicada, confusão associada ao consumo de bebidas alcoólicas e sedação, juntamente com a diurese intensificada, pode contribuir para a incontinência urinária.

uso de anti-histamínicos

Aqueles com efeitos anticolinérgicos foram associados à xerostomia, que, por sua vez, leva a uma maior ingestão de líquidos e ao potencial para retenção urinária por meio da inibição da atividade contrátil da bexiga, ocasionando incontinência. Também pode causar sedação.[11]

uso de sedativos

Causa sedação, relaxamento muscular e confusão.[11]

uso de hipnóticos

Causa sedação, relaxamento muscular e confusão.[11]

uso de analgésicos opioides

Foi associado a retenção urinária, impactação fecal, sedação e delirium. Pode causar incontinência.[11]

uso de anticolinérgicos

Foi associado à xerostomia, que, por sua vez, leva a uma maior ingestão de líquidos e ao potencial para retenção urinária através da inibição da atividade contrátil da bexiga, ocasionando incontinência. Também causa sedação.[11]

uso de antidepressivos

A ação anticolinérgica de alguns antidepressivos provoca supressão da contração da bexiga e aumento do tônus do colo vesical mediado por alfa-adrenérgicos. O consequente aumento da resistência de saída da bexiga manifesta-se por retenção urinária, urgência urinária, aumento da frequência e incontinência.[11]

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) aumentam a liberação colinérgica, resultando em urgência e incontinência de urgência.[11]

uso de antipsicóticos

A ação anticolinérgica de alguns antipsicóticos provoca supressão da contração da bexiga e aumento do tônus do colo vesical mediado por receptores alfa-adrenérgicos. O consequente aumento da resistência de saída da bexiga manifesta-se por retenção urinária, urgência urinária, aumento da frequência e incontinência. Também causa sedação.[11]

uso de alfabloqueador

Foi associado a retenção urinária e à dificuldade de micção, a qual pode levar à incontinência.[11]

uso de bloqueadores dos canais de cálcio

Foi associado a retenção urinária e à dificuldade de micção, a qual pode levar à incontinência.[11]

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