Prognóstico

Aproximadamente 80% dos pacientes são assintomáticos, e aqueles que têm sintomas costumam apresentar uma doença leve e autolimitada que dura de 2 a 7 dias.[14][141] Doença grave que necessita de hospitalização é incomum e foi estimada em 11%, e a letalidade é baixa (mediana de 0.02%).[14][46][142] A presença de comorbidades pode aumentar o risco de desfecho fatal, de acordo com alguns relatos de caso.[15] No entanto, desfechos fatais foram relatados em indivíduos saudáveis.[208] Nenhuma fatalidade foi registrada em crianças.[139] Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças confirmaram a primeira morte relacionada ao Zika na porção continental dos EUA em um residente idoso de Utah que contraiu o vírus durante viagem a uma área com transmissão ativa. O paciente também tinha uma doença não revelada, e a causa exata da sua morte é desconhecida.[209]

O prognóstico para bebês nascidos com microcefalia não está claro; no entanto, microcefalia decorrente de outras causas está associada a uma série de problemas do desenvolvimento neurológico. A estimativa da taxa de letalidade para lactentes com microcefalia associada a infecção pelo vírus da Zika é de 8.3%.[210] Um estudo envolvendo 19 lactentes nascidos com microcefalia no Brasil descobriu que a maior parte dos lactentes apresentou grave comprometimento motor e outras dificuldades funcionais aos 19 a 24 meses de idade, incluindo transtornos convulsivos, distúrbios respiratórios, comprometimento auditivo/visual e dificuldades para se alimentar/dormir. Em geral, esses desfechos ocorreram concomitantemente.[211] Outro estudo brasileiro em 42 crianças nascidas com microcefalia e que foram acompanhadas além dos 2 anos de idade constatou que 97% delas apresentavam atrasos graves no desenvolvimento. Elas também apresentaram taxas de crescimento mais lentas em comparação com seus pares ao longo do tempo. No entanto, houve diferenças importantes em seus perfis neurológicos e de neurodesenvolvimento.[212] Em uma coorte de 129 crianças expostas ao vírus da Zika no útero, o atraso no desenvolvimento neurológico foi mais comum em crianças com 3 anos de idade com resultado positivo no nascimento.[213]

Um estudo, realizado com 1450 lactentes, que utilizou dados de um registro da Zika nos EUA constatou que 14% das crianças com 1 ano de idade que foram expostas ao vírus da Zika no útero apresentavam problemas de saúde possivelmente relacionados à exposição ao vírus. Destes lactentes, 6% tiveram pelo menos uma malformação congênita associada ao Zika, 9% tiveram pelo menos uma anormalidade de desenvolvimento neurológico, possivelmente associada à exposição ao vírus da Zika, e 1% teve ambas. No entanto, os autores observaram que a maioria das crianças não apresentou evidências de realização de todas as avaliações recomendadas e, portanto, podem existir outras anomalias.[214]

Depois de recuperadas da infecção, é provável que as pessoas fiquem protegidas contra futuras infecções. Não existem evidências que sugiram que infecções prévias pelo vírus da Zika apresentem risco de malformações congênitas nas gestações futuras.[215]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal