Monitoramento
Os pacientes tratados para câncer anal precisam ser acompanhados de maneira cuidadosa, pois aqueles com doença recorrente após a quimiorradiação são passíveis de ressecção abdominoperineal de resgate e podem alcançar sobrevida em longo prazo. A maioria das recorrências ocorre dentro dos primeiros 3 anos. Os pacientes que alcançam remissão após a quimiorradiação devem ser avaliados com exame de toque retal, anoscopia e exame de linfonodos inguinais a cada 3-6 meses por 5 anos.[8] Exames de imagem anuais da pelve, abdome e tórax são recomendados nos primeiros 3 anos para os pacientes com doença em estádio 2 ou estádio 3.[8]
Após a ressecção abdominoperineal, os pacientes devem ser avaliados com exame clínico a cada 3-6 meses por 5 anos.[8] Um exame de imagem anual da pelve, abdome e tórax é recomendado nos primeiros 3 anos.[8]
As mulheres devem fazer um exame ginecológico cuidadoso como parte do seu acompanhamento de rotina, para avaliar uma eventual displasia cervical, vaginal ou vulvar.[4][8] Essas afecções também estão associadas à infecção pelo papilomavírus humano.
Os pacientes devem ser aconselhados a alcançar e manter um peso saudável, manter-se fisicamente ativos, ter uma dieta saudável (alto teor de vegetais, frutas e cereais integrais e baixo teor de carne vermelha e embutidos e alimentos altamente processados, principalmente aqueles ricos em gordura e açúcar), consumir álcool com moderação ou abster-se e a abandonar o hábito de fumar. As imunizações devem ser oferecidas de acordo com as diretrizes nacionais.[73]
Os pacientes devem ser monitorados quanto a sequelas tardias do tratamento, que podem ter um impacto negativo significativo em sua qualidade de vida. Elas podem incluir:[8]
Disfunção intestinal (aumento da frequência das evacuações, urgência retal, flatulência e incontinência fecal)
Disfunção vesical
Disfunção sexual (dispareunia, impotência, diminuição da libido).
Outros problemas gerais de longo prazo que podem afetar os sobreviventes de todos os tipos de câncer também devem ser rastreados regularmente e tratados, se presentes. Eles incluem:[73]
Aumento do risco de doença cardiovascular (DCV). A DCV é uma das principais causas de morte em sobreviventes de câncer. Provavelmente, isso ocorre devido aos fatores de risco comuns para câncer e DCV (por exemplo, tabagismo, obesidade), bem como efeitos colaterais cardiotóxicos dos tratamentos sistêmicos para câncer. Os médicos devem fornecer uma avaliação de risco para DCV e orientações sobre o manejo dos fatores de risco de DCV a todos os sobreviventes de câncer.
Problemas psicológicos, inclusive ansiedade, depressão, trauma e sofrimento. São comuns em sobreviventes do câncer devido a preocupações relativas a recorrência, problemas de saúde, alterações corporais e na sexualidade, dificuldades financeiras ou outras preocupações. Deve-se considerar a psicoterapia, tratamentos farmacológicos e encaminhamento a uma equipe de especialistas em saúde mental.
Linfedema. Os pacientes que fizeram radiação para linfonodos inguinais apresentam risco de linfedema, que resulta em edema dos membros inferiores e desconforto associado, bem como aumento do risco de infecção localizada e sofrimento psíquico. Os pacientes afetados devem ser encaminhados a uma equipe de especialistas em linfedema.
Dor crônica. Mais de um terço dos sobreviventes de câncer pós-tratamento apresentam dor crônica, que, com frequência, causa sofrimento psíquico; redução da atividade, motivação e interações pessoais; e uma má qualidade de vida em geral. A National Comprehensive Cancer Network (NCCN) publicou diretrizes para a avaliação e manejo das síndromes de dor por câncer.[73]
Fadiga. É uma queixa comum em pacientes que fazem tratamento para câncer e pode ser um problema persistente para alguns sobreviventes de câncer nos meses e anos que se seguem ao diagnóstico. Deve-se considerar o encaminhamento a serviços de reabilitação, inclusive fisioterapia, terapia ocupacional e medicina física. A NCCN publicou diretrizes para a avaliação e manejo da fadiga relacionada ao câncer.[74]
Distúrbios do sono. As perturbações do sono são comuns e afetam 30% a 50% dos pacientes com câncer e sobreviventes, muitas vezes acompanhadas de dor, fadiga, ansiedade e/ou depressão. Já se demonstrou que elas são um fator de risco para suicídio. Os tratamentos disponíveis incluem educação sobre higiene do sono, atividade física, intervenções psicológicas (por exemplo, terapia cognitivo-comportamental), e medicação.
Recomenda-se realizar uma avaliação periódica, pelo menos uma vez ao ano, para todos os sobreviventes de câncer para determinar as necessidades e intervenções necessárias. Os cuidados compartilhados coordenados entre especialistas em oncologia, atenção primária e câncer colorretal são incentivados.[73]
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