Complicações
Considerada como a complicação mais grave da triquinelose.
Ocorre em até 20% dos casos, geralmente durante a terceira ou quarta semana de infecção.[78]
É mediada por uma resposta inflamatória em vez de ser uma consequência da invasão parasitária direta.
As manifestações clínicas incluem dor torácica, palpitações, dispneia e edema dos membros inferiores, secundário à insuficiência cardíaca congestiva.[79]
A medição do nível de troponina sérica é um método simples e confiável de rastrear a miocardite por Trichinella.[66]
As anormalidades mais comuns no eletrocardiograma (ECG) incluem alteração inespecífica da repolarização ventricular, representada por anormalidades na onda ST-T e por arritmias (bloqueio do ramo ou taquicardia sinusal). De forma menos comum, são observadas outras bradiarritmias e taquiarritmias, além de complexos QRS de baixa voltagem nas derivações dos membros.[62]
A ecocardiografia bidimensional pode exibir hipocinesia ventricular global ou segmentar, dilatação ventricular e derrames pericárdicos.[67]
O tratamento da miocardite por Trichinella é feito com albendazol ou mebendazol, corticosteroides e antiarrítmicos.
A trombofilia pode causar o desenvolvimento de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e coagulação intravascular disseminada.[32]
Dispneia, tosse e pneumonite ocorrem como resultado da invasão parasitária do diafragma e dos músculos respiratórios, da miocardite com insuficiência cardíaca congestiva, de infiltrados pulmonares semelhantes aos da síndrome de Löffler ou da infecção bacteriana secundária que causa pneumonia.[65]
A radiografia torácica pode demonstrar infiltrados pulmonares.
Pneumonia e sepse podem agravar casos graves de triquinelose. O tratamento é feito com antibióticos apropriados.
Uma pequena porcentagem de pacientes com doença grave pode desenvolver dano renal glomerular ou tubular. As manifestações mais comuns incluem oligúria, proteinúria, hematúria e presença de cilindros. Em alguns casos há progressão para insuficiência renal aguda. Diferentes tipos de glomerulonefrite foram documentados a partir de amostras de patologias humanas.[63]
É uma manifestação rara da triquinelose descrita entre os inuítes, associada ao consumo repetido de carne crua de morsa.[82]
O comprometimento neurológico na triquinelose parece ser raro e pode ocorrer em <1% dos pacientes.[61]
Cefaleias intensas e fraqueza muscular são manifestações neurológicas extremamente comuns na triquinelose.[6] Outras características neurológicas incluem zumbido, vertigem, surdez, afasia, convulsões, apatia, insônia e estado semelhante à paralisia.[6][7]
O comprometimento mais grave do sistema nervoso central na neurotriquinelose inclui meningite, encefalite, polirradiculoneurite, miastenia gravis, paresia e trombose de seio cavernoso.[7] Pode haver presença de midríase, um marcador de doença neurológica grave e de morte.[47] A diminuição dos reflexos tendinosos é um fator de risco moderado para doenças neurológicas graves e morte.[47]
As complicações neurológicas geralmente ocorrem dentro de 3-4 semanas da infecção inicial e tendem a coincidir com as manifestações cardíacas.[80]
Apesar de geralmente serem transitórias, a astenia, a mialgia e a fraqueza podem persistir em alguns pacientes por meses a anos após o diagnóstico.[81]
O eletroencefalograma (EEG) pode exibir lentificação difusa elétrica em casos de encefalite. A análise do líquido cefalorraquidiano pode revelar ligeira elevação de linfócitos, eosinófilos e/ou proteína.[61] A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância nuclear magnética (RNM) cranioencefálica pode mostrar hipodensidades no parênquima cerebral, provavelmente representando infartos secundários à vasculite induzida pelo parasita.[6]
O tratamento da neurotriquinelose é feito com albendazol ou mebendazol e corticosteroides.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal