Abordagem
O transtorno psicótico breve (TPB) não pode ser oficialmente diagnosticado até que a pessoa retorne completamente ao estado pré-mórbido de funcionamento após ≤1 mês demonstrando pelo menos 1 sintoma psicótico positivo. Entretanto, uma avaliação meticulosa e um diagnóstico diferencial devem ser conduzidos no momento de início dos sintomas. Os sintomas alvo devem ser tratados.
É importante ressaltar que os critérios da Classificação Internacional de Doenças (CID)-11 para transtornos psicóticos agudos e transitórios (TPAT) variam ligeiramente do critério de TPB de duração <1 mês no DSM-5-TR.[20] Algumas subcategorias de TPAT podem ter um critério de 3 meses de sintomas que se diferenciam dos de psicose persistente.[17] Em razão disso, há quem sugira que o critério de duração de 1 mês para TPB seja muito curto.[21]
Diagnóstico
O TPB só pode ser diagnosticado depois da recuperação do indivíduo em até 1 mês após o desenvolvimento do(s) sintoma(s) psicótico(s). De outra forma, é difícil diagnosticar, já na apresentação, se o transtorno é uma forma precoce de esquizofrenia ou de transtorno delirante ou se é um transtorno do humor (por exemplo, transtorno depressivo maior com características psicóticas). Portanto, o diagnóstico apropriado a ser dado antes da remissão dos sintomas é “outro transtorno psicótico especificado” ou “transtorno psicótico não especificado”.[1][22] Os delírios associados ao TPB costumam ser altamente instáveis, e os tópicos mudam rapidamente se comparados àqueles na esquizofrenia. Além disso, alterações de humor são mais comuns no TPB que na esquizofrenia.[23]
Obter informações colaterais de amigos e familiares pode ser útil no estabelecimento da linha do tempo do episódio psicótico. Pode ser necessário, em casos complexos, encaminhar pacientes a um psiquiatra ou a uma equipe psiquiátrica para mais avaliações e opções de tratamento.
Também devem-se avaliar os fatores de risco para suicídio, bem como quaisquer impulsos homicidas. Os fatores de risco mais comuns para suicídio no TPB são alto nível educacional e impulsividade, tida como o lado negativo da "conscienciosidade" no Inventário de Cinco Fatores NEO. Esse inventário foi formulado para dar uma medida válida e confiável dos cinco domínios da personalidade adulta: Extroversão, Amabilidade, Conscienciosidade, Neuroticismo e Abertura para Experiências.[24] Os fatores de risco mais comuns para suicídio em mulheres no pós-parto são história de transtornos psiquiátricos e história familiar de transtornos psiquiátricos.[25]
Diagnóstico diferencial
Pessoas que apresentam sintomas psicóticos pela primeira vez necessitam de uma avaliação extensa e amplas considerações de diagnóstico diferencial. Além dos transtornos psiquiátricos, a psicose pode estar associada a uma vasta gama de condições neurológicas e médicas gerais. Encontrou-se que o transtorno convulsivo, sífilis, abuso de substâncias, sarcoidose, câncer de pulmão, tireotoxicose e trauma cranioencefálico eram a causa em cerca de 6% de 268 pacientes que apresentaram sintomas psicóticos pela primeira vez.[26] Uma vez que as pessoas geralmente têm uma curta história de psicopatologia e têm dificuldade de lembrar com precisão de informações históricas, os dados clínicos mais importantes para o diagnóstico diferencial não costumam estar prontamente disponíveis. O abuso de substâncias, afecções clínicas comórbidas e fatores psicossociais muitas vezes confundem a avaliação do caso.
Avaliação médica
Todos os pacientes com sintomas psicóticos devem receber uma avaliação médica meticulosa, incluindo uma revisão de todos os sistemas e um exame físico que inclua avaliação neurológica. De acordo com as diretrizes de prática clínica da American Psychiatric Association, os pacientes devem receber avaliações laboratoriais, incluindo eletrólitos, ureia, creatinina, glicose, perfil de função hepática, testes da função tireoidiana, sorologia para sífilis, teste sérico de gravidez, urinálise, medição do peso/altura para avaliação do índice de massa corpórea (IMC) e exame toxicológico da urina.[27] Exames laboratoriais são necessários para descartar outras afecções clínicas e para criar uma linha basal do funcionamento clínico antes do tratamento. Além disso, recomenda-se um eletrocardiograma (ECG), particularmente em pessoas com fatores de risco cardíacos ou história familiar de defeitos de condução cardíaca. Técnicas de neuroimagem (por exemplo, ressonância nuclear magnética [RNM] ou tomografia computadorizada [TC] cranioencefálica) não têm sensibilidade ou especificidade para serem aplicadas no diagnóstico de transtornos psicóticos. Elas podem ser usadas como uma avaliação secundária para excluir lesões neurológicas. Indica-se a avaliação secundária na presença de sinais e sintomas neurológicos como assimetria, fraqueza ou alteração sensorial.
O IMC também deve ser avaliado, pois a seleção do tratamento antipsicótico pode depender dos fatores de risco cardíacos. Certos antipsicóticos podem causar ganho de peso e outros efeitos metabólicos adversos.
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