Epidemiologia

Geralmente, a Escherichia coli é um organismo comensal que representa uma porção significativa do microambiente fecal normal em humanos. As formas patogênicas da E coli estão associadas a infecções extraintestinais (como infecção do trato urinário e pneumonia).

A epidemiologia e a via de aquisição das diferentes formas de E coli que causam infecções entéricas variam de acordo com os subtipos patogênicos. Assim como ocorre com outros patógenos intestinais, todas as faixas etárias, raças e sexos correm risco após a contaminação oral. Idosos, lactentes e indivíduos imunocomprometidos estão mais suscetíveis à infecção, ciclo infeccioso prolongado e complicações secundárias. Devido à variabilidade nos testes e nos registros de doenças diarreicas bacterianas como resultado de diferenças geográficas e econômicas, não se sabe a verdadeira incidência de infecções intestinais derivadas das diversas formas de E coli.[5]

A E coli enteropatogênica (EPEC) é uma causa comum de infecções diarreicas infantis.[6]​ Foram relatados surtos em creches.[7]

A E coli enterotoxigênica (ETEC) é a principal causa de diarreia adquirida na comunidade (aproximadamente 14% dos casos), bem como a principal causa de diarreia do viajante, representando cerca de 30% dos casos.​[8] O estudo Global Burden of Disease constatou que, em 2016, a ETEC foi a oitava principal causa de mortalidade por diarreia em todas das faixas etárias, representando 51,186 mortes (aproximadamente 3.2% das mortes por diarreia).[9]

A E coli enteroagregativa (EAEC) é o segundo patógeno diarreico mais comum em pessoas que viajam para a América Latina.[8] Tanto a EPEC quanto a EAEC são mais comuns em países em desenvolvimento, com a EPEC sendo responsável por 5% a 20% das doenças diarreicas pediátricas nesse cenário.[10]

A E coli enteroinvasiva (EIEC) parece ser uma causa menos comum de doença diarreica, comparada a outras formas de E coli patológica. Esse grupo de E coli tem características em comum com a Shigella.

A E coli entero-hemorrágica (EHEC), também conhecida como E coli produtora de toxina Shiga (STEC), causa mais de 265,000 infecções a cada ano nos EUA.[11]​ Geralmente essas infecções são classificadas como O157 e não O157. A E coliO157 é responsável por aproximadamente 36% das infecções por EHEC.[12] É provável que a incidência de EHEC seja subestimada, pois nem todos os pacientes procuram atendimento médico, as amostras fecais não são testadas com frequência e o teste para EHEC não O157 é limitado apenas a um subgrupo de laboratórios. Um estudo mostrou que as incidências de infecções por STEC, Yersinia, Vibrio e Cyclospora foram maiores em 2022 do que as relatadas de 2016 a 2018. As incidências de infecções por Campylobacter, Salmonella, Shigella e Listeria foram semelhantes nesses períodos.[13]

Mais de 73,000 doenças causadas por E coli O157:H7 são registradas nos EUA todos os anos.[14] Surtos intermitentes em grande escala levam a uma variabilidade significativa na incidência.[14][15]​ A maioria dos surtos está relacionada ao consumo de carne malcozida. De acordo com um relatório da Agência de Vigilância Sanitária do Reino Unido, foram relatados 402 casos de STEC na Inglaterra e no País de Gales em 2020.[16]​ O número de surtos relatados ao CDC diminuiu após um pico em 2005.[14][15]​ Em 2018 foi registrado o maior surto de E coli O157:H7 em mais de 10 anos nos EUA; a fonte do surto foi alface romana da região de cultivo de Yuma.[15] Um total de 210 pessoas de 36 estados foram infectadas, e cinco mortes foram relatadas.[15]

​A E coli de aderência difusa (DAEC) é uma causa menos comum de diarreia infecciosa e está mais comumente associada a crianças e pessoas que viajam pelo México, norte da África ou América do Sul. Estudos sugerem que essa bactéria representa de 8% a 14% dos casos de diarreia do viajante.[17]

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