O câncer esofágico ainda constitui uma das malignidades mais letais. Sem tratamento agressivo, o câncer tende a obstruir o esôfago e causar grave disfagia. Em associação com a progressão local que causa dor, a doença tende a gerar metástase agressiva para os pulmões, fígado e ossos.
A sobrevida depende do estádio da doença e do tratamento; o envolvimento dos linfonodos é um importante determinante da sobrevida.[237]Robb WB, Messager M, Dahan L, et al; Fédération Francophone de Cancérologie Digestive; Société Française de Radiothérapie Oncologique; Union des Centres de Lutte Contre le Cancer; Groupe Coopérateur Multidisciplinaire en Oncologie; French EsoGAstric Tumour working group - Fédération de Recherche En Chirurgie. Patterns of recurrence in early-stage oesophageal cancer after chemoradiotherapy and surgery compared with surgery alone. Br J Surg. 2016 Jan;103(1):117-25.
https://academic.oup.com/bjs/article/103/1/117/6136669
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26511668?tool=bestpractice.com
Fatores prognósticos favoráveis incluem doença em estádio inicial e ressecção completa.
Com base em dados dos EUA de 2011 a 2017, as taxas de sobrevida relativa em 5 anos para pessoas diagnosticadas com câncer esofágico localizado, regional e distante são de 46.4%, 25.6% e 5.2%, respectivamente.[238]National Cancer Institute: Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER) Program. Esophagus: SEER 5-year relative survival rates, 2012-2018. 2021 [internet publication].
https://seer.cancer.gov/explorer/application.html?site=17&data_type=4&graph_type=5&compareBy=stage&chk_stage_104=104&chk_stage_105=105&chk_stage_106=106&series=9&sex=1&race=1&age_range=1&advopt_precision=1&advopt_show_ci=on&advopt_display=2
A taxa de sobrevida global a 5 anos (todos os estágios da doença) é de 22%.[8]American Cancer Society. Cancer facts & figures 2024. 2024 [internet publication].
https://www.cancer.org/content/dam/cancer-org/research/cancer-facts-and-statistics/annual-cancer-facts-and-figures/2024/2024-cancer-facts-and-figures-acs.pdf
As taxas de sobrevida em cinco anos para adenocarcinoma esofágico podem ser ligeiramente melhores do que aquelas para carcinoma de células escamosas (estádio localizado no diagnóstico 51.1% vs. 32.0%; regional 26.5% vs. 24.0%; distante 5.0% vs. 6.1%, respectivamente). Uma grande análise combinada revelou que as mulheres tratadas para câncer esofágico apresentavam sobrevida significativamente melhorada em relação aos homens.[239]Athauda A, Nankivell M, Langley RE, et al. Impact of sex and age on chemotherapy efficacy, toxicity and survival in localised oesophagogastric cancer: a pooled analysis of 3265 individual patient data from four large randomised trials (OE02, OE05, MAGIC and ST03). Eur J Cancer. 2020 Sep;137:45-56.
https://www.ejcancer.com/article/S0959-8049(20)30337-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32745964?tool=bestpractice.com
As toxicidades gastrointestinais induzidas pela quimioterapia também foram mais prevalentes nas mulheres.[239]Athauda A, Nankivell M, Langley RE, et al. Impact of sex and age on chemotherapy efficacy, toxicity and survival in localised oesophagogastric cancer: a pooled analysis of 3265 individual patient data from four large randomised trials (OE02, OE05, MAGIC and ST03). Eur J Cancer. 2020 Sep;137:45-56.
https://www.ejcancer.com/article/S0959-8049(20)30337-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32745964?tool=bestpractice.com
Estudos randomizados demonstram que, em comparação com a esofagectomia transtorácica padrão, tanto a esofagectomia transtorácica minimamente invasiva quanto a esofagectomia minimamente invasiva híbrida (um procedimento de Ivor Lewis com mobilização gástrica laparoscópica e toracotomia direita aberta limitada) levam a taxas significativamente mais baixas de complicações pós-operatórias e recuperação acelerada, sem comprometer o benefício de sobrevida.[148]Biere SS, van Berge Henegouwen MI, Maas KW, et al. Minimally invasive versus open oesophagectomy for patients with oesophageal cancer: a multicentre, open-label, randomised controlled trial. Lancet. 2012 May 19;379(9829):1887-92.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22552194?tool=bestpractice.com
[149]Mariette C, Markar SR, Dabakuyo-Yonli TS, et al. Hybrid minimally invasive esophagectomy for esophageal cancer. N Engl J Med. 2019 Jan 10;380(2):152-62.
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa1805101
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30625052?tool=bestpractice.com
Uma revisão sistemática e metanálise relatou que a sobrevida em longo prazo após a esofagectomia minimamente invasiva se compara favoravelmente e pode até ser melhor do que a esofagectomia aberta em pacientes com câncer esofágico.[240]Gottlieb-Vedi E, Kauppila JH, Malietzis G, et al. Long-term survival in esophageal cancer after minimally invasive compared to open esophagectomy: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg. 2019 Dec;270(6):1005-17.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30817355?tool=bestpractice.com
A esofagectomia é um procedimento de alto risco com taxa de incidência de complicações importantes em torno de 25% a 40%.[241]Society for Surgery of the Alimentary Tract. SSAT patient care guidelines: surgical treatment of esophageal cancer. J Gastrointest Surg. 2007 Sep;11(9):1216-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18062075?tool=bestpractice.com
[242]van Kooten RT, Voeten DM, Steyerberg EW, et al. Patient-related prognostic factors for anastomotic leakage, major complications, and short-term mortality following esophagectomy for cancer: a systematic review and meta-analyses. Ann Surg Oncol. 2022 Feb;29(2):1358-73.
https://link.springer.com/article/10.1245/s10434-021-10734-3
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34482453?tool=bestpractice.com
Uma revisão sistemática revelou que sexo masculino e diabetes foram fatores prognósticos para extravasamento de anastomose e complicações importantes.[242]van Kooten RT, Voeten DM, Steyerberg EW, et al. Patient-related prognostic factors for anastomotic leakage, major complications, and short-term mortality following esophagectomy for cancer: a systematic review and meta-analyses. Ann Surg Oncol. 2022 Feb;29(2):1358-73.
https://link.springer.com/article/10.1245/s10434-021-10734-3
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34482453?tool=bestpractice.com
Os dados sugerem que a esofagectomia é realizada de maneira mais segura em unidades com alto volume de procedimentos. A mortalidade desse procedimento nesses centros varia entre 2% e 6%. No entanto, complicações graves são frequentes, podendo ocorrer em 20% a 40% dos casos.[241]Society for Surgery of the Alimentary Tract. SSAT patient care guidelines: surgical treatment of esophageal cancer. J Gastrointest Surg. 2007 Sep;11(9):1216-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18062075?tool=bestpractice.com
As complicações mais comuns são distúrbios pulmonares (10% a 50%), disritmias cardíacas (10%) e vazamento anastomótico (5% a 10%). Quando a anastomose é feita no pescoço, o vazamento raramente é causa de morbidade grave. Entretanto, a dissecção no pescoço apresenta o risco potencial de lesão temporária ou mesmo permanente do nervo laríngeo recorrente. A permanência média no hospital após esofagectomia é de 10-14 dias.[243]Yasunaga H, Matsuyama Y, Ohe K, et al. Effects of hospital and surgeon case-volumes on postoperative complications and length of stay after esophagectomy in Japan. Surg Today. 2009;39(7):566-71.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19562442?tool=bestpractice.com
[244]Cooke DT, Lin GC, Lau CL, et al. Analysis of cervical esophagogastric anastomotic leaks after transhiatal esophagectomy: risk factors, presentation, and detection. Ann Thorac Surg. 2009 Jul;88(1):177-85.
https://www.annalsthoracicsurgery.org/article/S0003-4975(09)00532-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19559221?tool=bestpractice.com