Abordagem

Geralmente a larva migrans cutânea (LMC) é autolimitada e, consequentemente, remite por completo sem deixar sequelas, mesmo se nenhum tratamento específico for utilizado (normalmente, dentro de 2-8 semanas). Entretanto, a administração de um medicamento anti-helmíntico resulta em remissão rápida dos sintomas, geralmente dentro de 1 semana, e reduz o risco de superinfecção bacteriana.[2]​ O prurido e a extensão da erupção serpiginosa geralmente remitem dentro de 48 horas de tratamento; já a erupção cutânea desaparece de forma mais lenta.[30]

Anti-helmínticos orais

O tratamento de primeira escolha é uma dose única de ivermectina oral, geralmente curativa.[22][30]​ As taxas de resposta são menores nos casos de LMC associada à foliculite, e podem ser necessárias repetições dos ciclos.[46] Efeitos adversos são raros, embora reações bolhosas locais tenham sido relatadas. Ivermectina não está aprovada pela Food and Drug Administration dos EUA para o tratamento de LMC; assim, os pacientes devem ser aconselhados sobre o uso off-label.[2] Ela deve ser evitada nas crianças que pesam <15 kg, devido à experiência clínica limitada.

O albendazol oral é uma alternativa aceitável à ivermectina, apesar do tratamento de dose única resultar em taxas de cura menores.[30][47][48][49]​​ As taxas de cura para 3 a 5 dias de tratamento são iguais às da ivermectina, variando de 77% a 100%.​[4][22]​​​[50] Os efeitos adversos são mínimos e a maioria consiste em náuseas leves, vômitos e cefaleia. O albendazol deve ser evitado em crianças <1 ano de idade, devido à experiência clínica limitada.

O tiabendazol por via oral estava disponível no passado para tratamento da LMC, mas foi descontinuado em alguns países.[3]​​[4]​ Embora o tiabendazol tenha sido efetivo no tratamento da LMC, a incidência muito maior de efeitos adversos (gastrointestinais em sua maioria) associados ao seu uso resultou na preferência pela ivermectina e pelo albendazol como opções de tratamento.[51]

Não há dados suficientes sobre o uso da ivermectina e do albendazol na gravidez mas, para ambos os medicamentos, estudos em animais apresentaram evidências de teratogenicidade. Portanto, o tratamento deve ser protelado para depois da gestação (se os sintomas não remitirem de forma espontânea) ou supervisionado por um especialista em medicina tropical.

Se não houver resposta ao tratamento inicial após 1 a 2 semanas (nenhuma redução no prurido ou na erupção serpiginosa), o tratamento pode ser repetido utilizando o mesmo medicamento e dose.[30] Em uma pequena minoria dos casos, um terceiro ciclo de tratamento pode ser necessário (por exemplo, se a foliculite estiver presente).[5] Entretanto, se os sintomas e sinais não remitirem após 2 ciclos de tratamento, o encaminhamento a um especialista em medicina tropical e/ou investigação de diagnósticos alternativos devem ser considerados.

Os sintomas e achados cutâneos podem voltar após uma resposta inicial positiva ao tratamento, provavelmente porque a larva do ancilostomídeo foi fragilizada, mas não completamente morta. Geralmente a recidiva ocorre dentro de algumas semanas após a manifestação inicial e responde, na maioria dos casos, a um ciclo repetido do tratamento.[3][22]​​[30]

Tratamento não recomendado

A crioterapia com nitrogênio líquido deve ser evitada. Como a larva é, geralmente, localizada vários centímetros à frente da extremidade de avanço da erupção serpiginosa, o congelamento do rastro será ineficaz. As larvas também demonstraram sobreviver ao congelamento. Além disso, a crioterapia é um método invasivo, doloroso e pode resultar em formação significativa de bolhas, que podem ulcerar.[4]

Devido à resposta rápida à terapia anti-helmíntica, os corticosteroides tópicos e os anti-histamínicos não são tratamentos recomendados para LMC. Ademais, o prurido não aparenta estar relacionado à histamina.

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