A avaliação clínica minuciosa é importante no diagnóstico, pois a doença é assintomática até ocorrer a fratura. A avaliação clínica é baseada na história de fatores de risco e um plano para rastreamento. História prévia de fratura de baixo impacto por fragilidade é um indicador para essa condição. Os exames laboratoriais são realizados para excluir causas secundárias reversíveis de baixa massa óssea.
Avaliação clínica
Os principais componentes da história do paciente incluem idade, sexo e etnia; e se as mulheres estão menopausadas, se têm história de imobilização e se o paciente tem história prévia de fraturas.[24]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Osteoporosis prevention, screening, and diagnosis: ACOG clinical practice guideline no. 1. Obstet Gynecol. 2021 Sep 1;138(3):494-506.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2021/09000/Osteoporosis_Prevention,_Screening,_and_Diagnosis_.30.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34412075?tool=bestpractice.com
O uso de tabaco, álcool, heparina, anticonvulsivantes, glicocorticoides e inibidor da aromatase (mulheres) ou tratamento de privação de androgênio (homens) deve ser estabelecido.[24]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Osteoporosis prevention, screening, and diagnosis: ACOG clinical practice guideline no. 1. Obstet Gynecol. 2021 Sep 1;138(3):494-506.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2021/09000/Osteoporosis_Prevention,_Screening,_and_Diagnosis_.30.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34412075?tool=bestpractice.com
[48]Qaseem A, Forciea MA, McLean RM, et al. Treatment of low bone density or osteoporosis to prevent fractures in men and women: a clinical practice guideline update from the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2017 Jun 6;166(11):818-39.
http://annals.org/aim/fullarticle/2625385/treatment-low-bone-density-osteoporosis-prevent-fractures-men-women-clinical
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28492856?tool=bestpractice.com
O paciente pode relatar alterações na altura (especificamente cifose), peso corporal, dieta e dor.[24]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Osteoporosis prevention, screening, and diagnosis: ACOG clinical practice guideline no. 1. Obstet Gynecol. 2021 Sep 1;138(3):494-506.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2021/09000/Osteoporosis_Prevention,_Screening,_and_Diagnosis_.30.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34412075?tool=bestpractice.com
O risco de fratura deve ser avaliado e a história prévia de quedas investigada.[49]Harvey NC, Odén A, Orwoll E, et al. Falls predict fractures independently of FRAX probability: a meta-analysis of the Osteoporotic Fractures In Men (MrOS) study. J Bone Miner Res. 2018 Mar;33(3):510-6.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5842893
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29220072?tool=bestpractice.com
Exame físico
O exame físico pode revelar índice de massa corporal baixo ou cifose da coluna vertebral em decorrência de fratura assintomática.
O risco de queda e fratura pode ser avaliado testando a visão do paciente e avaliando o equilíbrio, a marcha e a força dos membros inferiores.
Exames por imagem
Absorciometria por dupla emissão de raios X
A medição da densidade mineral óssea (DMO) usando a absorciometria por dupla emissão de raios X (DEXA) é o teste padrão-ouro para o diagnóstico da osteoporose em pacientes sem fratura osteoporótica.[3]WHO Scientific Group on the Prevention and Management of Osteoporosis. Prevention and management of osteoporosis: report of a WHO scientific group. (WHO technical report series: 921.) Geneva, Switzerland: WHO; 2000.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42841
[24]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Osteoporosis prevention, screening, and diagnosis: ACOG clinical practice guideline no. 1. Obstet Gynecol. 2021 Sep 1;138(3):494-506.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2021/09000/Osteoporosis_Prevention,_Screening,_and_Diagnosis_.30.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34412075?tool=bestpractice.com
[48]Qaseem A, Forciea MA, McLean RM, et al. Treatment of low bone density or osteoporosis to prevent fractures in men and women: a clinical practice guideline update from the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2017 Jun 6;166(11):818-39.
http://annals.org/aim/fullarticle/2625385/treatment-low-bone-density-osteoporosis-prevent-fractures-men-women-clinical
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28492856?tool=bestpractice.com
[50]American College of Radiology. ACR appropriateness criteria: osteoporosis and bone mineral density. 2022 [internet publication].
https://acsearch.acr.org/docs/69358/Narrative
[51]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Management of postmenopausal osteoporosis: ACOG clinical practice guideline no. 2. Obstet Gynecol. 2022 Apr 1;139(4):698-717.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35594133?tool=bestpractice.com
O rastreamento por DEXA de pacientes com fatores de risco para osteoporose identificará os casos anteriores à fratura. Entretanto, existe alguma discussão sobre o uso adequado da análise da DMO. Por exemplo, no contexto de avaliação para prevenção de fraturas osteoporóticas, a orientação do National Institute for Health and Care Excellence declara que para mulheres a partir dos 75 anos com um ou mais fatores de risco independentes para fratura ou indicadores de baixa DMO, uma DEXA pode não ser solicitada se o clínico considerá-la clinicamente inadequada ou impraticável.[52]National Institute for Health and Care Excellence. Raloxifene and teriparatide for the secondary prevention of osteoporotic fragility fractures in postmenopausal women. Feb 2018 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ta161
Porém, de modo geral concordou-se que as pessoas com fraturas por fragilidade (fratura por baixo impacto), deficiência de estrogênio ou testosterona, perda de altura, osteopenia radiográfica ou artrite reumatoide (com ou sem tratamento com corticosteroides) e aquelas em tratamento com corticosteroide oral são elegíveis para uma análise de DMO.[53]Adams J, Bishop N. DXA in adults and children. In: Rosen CJ, Compston JE, Lian JB, et al, eds. Primer on the metabolic bone diseases and disorders of mineral metabolism. 7th ed. Washington, DC: American Society for Bone and Mineral Research; 2008:152-8.
Ultrassonografia quantitativa
Ultrassonografia quantitativa (USQ) do calcanhar pode ser utilizada como alternativa, se a DEXA não estiver disponível, mas os mesmos critérios de diagnósticos para a DEXA não podem ser aplicados a esta técnica.[3]WHO Scientific Group on the Prevention and Management of Osteoporosis. Prevention and management of osteoporosis: report of a WHO scientific group. (WHO technical report series: 921.) Geneva, Switzerland: WHO; 2000.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42841
[54]Fu Y, Li C, Luo W, et al. Fragility fracture discriminative ability of radius quantitative ultrasound: a systematic review and meta-analysis. Osteoporos Int. 2021 Jan;32(1):23-38.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7755656
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32728897?tool=bestpractice.com
[55]So E, Rushing C, Prissel MA, et al. The role of secondary imaging techniques for assessing bone mineral density in elderly ankle fractures. J Foot Ankle Surg. 2022 Jan-Feb;61(1):149-56.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34312077?tool=bestpractice.com
A USQ é mais que um método para avaliar a DMO. É preferencialmente um método para medir elementos desconhecidos da resistência óssea. A USQ pode ser um bom preditor da fratura de base populacional, mas não fraturas individuais. Além disso, o T-score foi testado apenas para DEXA e não pode ser aplicado à USQ.
radiografia
A radiografia pode revelar osteopenia e/ou fraturas (por exemplo, fraturas vertebrais), mas não diagnóstica.[56]Grados F, Fechtenbaum J, Flipon E, et al. Radiographic methods for evaluating osteoporotic vertebral fractures. Joint Bone Spine. 2009 May;76(3):241-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19196531?tool=bestpractice.com
É usado para condicionar a necessidade de avaliação por DEXA quando a osteopenia é detectada por acaso. Deve ser considerado em pacientes com dor na coluna toracolombar, perda de altura ou cifose torácica. O raio-X também é usado durante ensaios terapêuticos para avaliar a incidência de fraturas.[56]Grados F, Fechtenbaum J, Flipon E, et al. Radiographic methods for evaluating osteoporotic vertebral fractures. Joint Bone Spine. 2009 May;76(3):241-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19196531?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia torácica mostrando deformidade acentuada e perda de volume do tórax ósseo em um paciente com osteoporoseBMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.07.2008.0359. Copyright ©BMJ publishing group 2010 [Citation ends].
tomografia computadorizada (TC) quantitativa
Tomografia computadorizada (TC) quantitativa pode ser usada para medir a densidade óssea trabecular se a DEXA não estiver disponível.[50]American College of Radiology. ACR appropriateness criteria: osteoporosis and bone mineral density. 2022 [internet publication].
https://acsearch.acr.org/docs/69358/Narrative
[57]Cheng X, Wang L, Wang Q, et al. Validation of quantitative computed tomography-derived areal bone mineral density with dual energy X-ray absorptiometry in an elderly Chinese population. Chin Med J (Engl). 2014;127(8):1445-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24762586?tool=bestpractice.com
[58]Cann CE, Adams JE, Brown JK, et al. CTXA hip--an extension of classical DXA measurements using quantitative CT. PLoS One. 2014 Mar 17;9(3):e91904.
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0091904
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24637515?tool=bestpractice.com
Ferramenta de Avaliação do Risco de Fraturas
A Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura (FRAX) foi desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde para avaliar o risco de fratura. A FRAX integra fatores de risco clínicos para fraturas e escores de DMO no colo do fêmur para calcular uma probabilidade de fratura em 10 anos para homens e mulheres.
O American College of Physicians (ACP) sugere que os médicos usem seu próprio julgamento com base nos fatores de risco para fratura, ou eles podem usar uma ferramenta de avaliação de risco como a FRAX para determinar se o tratamento farmacológico deve ser iniciado.[48]Qaseem A, Forciea MA, McLean RM, et al. Treatment of low bone density or osteoporosis to prevent fractures in men and women: a clinical practice guideline update from the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2017 Jun 6;166(11):818-39.
http://annals.org/aim/fullarticle/2625385/treatment-low-bone-density-osteoporosis-prevent-fractures-men-women-clinical
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28492856?tool=bestpractice.com
O ACP relata que, embora os escores FRAX sejam amplamente utilizados, faltam evidências que vinculem os escores FRAX à eficácia do tratamento.[48]Qaseem A, Forciea MA, McLean RM, et al. Treatment of low bone density or osteoporosis to prevent fractures in men and women: a clinical practice guideline update from the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2017 Jun 6;166(11):818-39.
http://annals.org/aim/fullarticle/2625385/treatment-low-bone-density-osteoporosis-prevent-fractures-men-women-clinical
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28492856?tool=bestpractice.com
O American College of Obstetricians and Gynecologists propõe que a ferramenta SXF pode ser limitada, devido à incapacidade de inserção de quantidades específicas, posologia ou duração para a ingestão de bebidas alcoólicas, uso de corticosteroide, tabagismo ou o número de fraturas prévias. História de quedas recentes e DMO da coluna não são incorporadas no modelo; ambas aumentam o risco de fraturas osteoporóticas, o que pode levar à subestimação do risco nesses pacientes.[24]ACOG Committee on Clinical Practice Guidelines–Gynecology. Osteoporosis prevention, screening, and diagnosis: ACOG clinical practice guideline no. 1. Obstet Gynecol. 2021 Sep 1;138(3):494-506.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2021/09000/Osteoporosis_Prevention,_Screening,_and_Diagnosis_.30.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34412075?tool=bestpractice.com
Avaliação laboratorial
Os marcadores bioquímicos da reabsorção óssea, em conjunto com a DMO, podem ser preditores úteis do risco de fratura e normalmente são pedidos para ajudar na decisão para iniciar o tratamento.[3]WHO Scientific Group on the Prevention and Management of Osteoporosis. Prevention and management of osteoporosis: report of a WHO scientific group. (WHO technical report series: 921.) Geneva, Switzerland: WHO; 2000.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42841
Marcadores de renovação óssea podem ser usados especificamente no monitoramento da resposta ao tratamento, em vez de para abordagem terapêutica.[59]Allende-Vigo MZ. The use of biochemical markers of bone turnover in osteoporosis. P R Health Sci J. 2007 Jun;26(2):91-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17722420?tool=bestpractice.com
[60]Vasikaran S, Eastell R, Bruyère O, et al. Markers of bone turnover for the prediction of fracture risk and monitoring of osteoporosis treatment: a need for international reference standards. Osteoporos Int. 2011 Feb;22(2):391-420.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21184054?tool=bestpractice.com
A avaliação laboratorial é realizada após o diagnóstico para assegurar que não existam causas subjacentes de doença da qual há suspeita clínica com base na história e no exame físico.[2]NIH Consensus Development Panel on Osteoporosis Prevention, Diagnosis, and Therapy. Osteoporosis prevention, diagnosis, and therapy. JAMA. 2001 Feb 14;285(6):785-95.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11176917?tool=bestpractice.com
Os exames laboratoriais iniciais para todos os pacientes avaliam a função renal, bem como os níveis de cálcio, albumina, fósforo e de vitamina D. Nos homens é igualmente adequado verificar os níveis de testosterona.
Resultados que sugerem uma causa subjacente de osteoporose são:[3]WHO Scientific Group on the Prevention and Management of Osteoporosis. Prevention and management of osteoporosis: report of a WHO scientific group. (WHO technical report series: 921.) Geneva, Switzerland: WHO; 2000.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42841
Deficiência de vitamina D (definida como níveis de 25-hidroxivitamina D de <20 nanogramas/mL)
Deficiência de testosterona (nos homens)
Níveis anormais de hormônio tireoidiano (podem indicar hipertireoidismo)
Altos níveis de paratormônio (PTH) (podem indicar hiperparatireoidismo)
Altos níveis de cortisol livre na urina (podem indicar síndrome de Cushing)
Eletroforese de proteínas séricas/urinárias anormais (pode indicar mieloma)
Baixos níveis de séricos de 25-hidroxivitamina D, baixos níveis séricos e urinários de cálcio e baixos níveis séricos de fosfato concomitante com elevados níveis séricos de PTH e de fosfatase alcalina (podem indicar uma deficiência de vitamina D com ou sem osteomalácia).