Etiologia
A salmonelose não tifoide é causada pela infecção por sorotipos de Salmonella enterica diferentes de S Typhi ou S Paratyphi.
A espécie mais comum identificada em isolados do trato gastrointestinal inferior no Reino Unido é a S enteritidis.[12] Os sorotipos mais comuns identificados nos EUA e associados a doenças humanas são S Enteritidis, S Typhimurium, S Newport, S Javiana e S I 4,[5],12:i:- em ordem decrescente.[9]
Fisiopatologia
As infecções por Salmonella ocorrem principalmente por meio da ingestão de alimentos contaminados, embora também possam ser transmitidas pela água. Ocasionalmente, pessoas que manuseiam comida transmitem a infecção, e a contaminação de medicamentos/soluções já foi descrita.
Os organismos devem sobreviver ao baixo pH encontrado no ambiente gástrico hostil. Condições de acloridria, que podem ocorrer em lactentes, a anemia perniciosa ou o uso de medicamentos antiácidos, aumentam o risco de infecção. Depois de passarem pelo estômago, os microrganismos invadem o revestimento mucoso do íleo distal e do colo proximal. As respostas iniciais do hospedeiro envolvem infiltração de neutrófilos, seguidos por linfócitos e macrófagos.[35] É neste estágio que ocorrem manifestações clínicas como cólicas abdominais e diarreia.
A dose infectiva necessária para a doença clínica foi estimada em aproximadamente 10⁶ microrganismos.[36] Essas estimativas baseiam-se em estudos com teste de desafio, mas a dose infectiva no surto de doenças transmitidas por alimentos às vezes é consideravelmente menor, o que sugere que alguns alimentos podem proteger a Salmonella de ser destruída no estômago.[36][37] Quanto maior a dose ingerida, mais curto pode ser o período de incubação. Maior dose ingerida também pode estar associada a doença mais grave.[38] Menos organismos, na faixa de 10² a 10³, também podem causar doença em hospedeiros altamente suscetíveis. Por exemplo, pacientes com pH gástrico baixo (dado que a acidez é uma barreira importante contra infecções por Salmonella) podem desenvolver doença depois de ingerir uma quantidade menor de bactérias.[36][39][40]
Classificação
Esquema de Kauffman e White modificado para classificação da Salmonella[1][2]
A classificação da Salmonella é complexa, e muitos nomes de espécies familiares, como Salmonella typhi e Salmonella choleraesuis, baseado em características antigênicas, não são mais considerados corretos do ponto de vista taxonômico.[3] Considera-se que o gênero Salmonella consiste atualmente em apenas 2 espécies, S enterica e S bongori. Quase todas as infecções em humanos devem-se a sorotipos da espécie S enterica.
Na espécie S enterica há 6 subespécies (I, II, IIIa [anteriormente denominada Arizona], IIIb, IV e VI). A maioria dos casos em humanos deve-se a infecções pela subespécie tipo I. Note-se que a antiga subespécie V é agora a espécie distinta S bongori.
Na S enterica, há >2500 sorotipos, classificados com base em um esquema modificado de Kauffman e White. Esses sorotipos são diferenciados por seu antígeno somático O (lipopolissacarídeo), antígeno capsular quando presente (Vi), e antígeno flagelar H. Os nomes muitas vezes derivam da cidade onde o sorotipo foi inicialmente descrito (por exemplo, S Heidelberg). Os nomes dos outros sorotipos são definidos por uma fórmula.
Deve-se observar que, nos nomes das bactérias do gênero Salmonella a espécie frequentemente é omitida e, em lugar da espécie, se utiliza o sorotipo (S Newport), mas o nome formal é Salmonella enterica sorotipo Newport.
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