Prevenção primária

O aleitamento materno exclusivo (efeito mais forte com duração mais longa) e evitar a fumaça de tabaco ambiental nos períodos pré-natal e pós-parto são considerados eficazes para a prevenção primária de atopia e asma.[8][18][81]

A redução da exposição a múltiplos alérgenos, em comparação com os cuidados habituais, demonstrou consistentemente reduzir a probabilidade de um diagnóstico atual de asma em crianças, enquanto as medidas para evitar um único alérgeno provavelmente não ineficazes.[82][83]

A exposição reduzida à poluição do ar relacionada ao tráfego (especialmente níveis de dióxido de nitrogênio [NO₂] e material particulado com 2.5 micrômetros de diâmetro [PM2.5] ou menos) pode, potencialmente, reduzir a incidência de asma pediátrica.[37][84][85]

Fatores relacionados à dieta

A suplementação pré-natal com AGPI ômega 3, mas não a ingestão de peixe, demonstrou ter um efeito parcial na redução da asma na infância, em doses de pelo menos 1200 mg ao longo da gestação.[86][87][88]​​​​​​ A suplementação de vitamina D em gestantes também pode reduzir a incidência de sibilo e asma na infância.[13][89]​​​

Estudos de fatores alimentares de proteção, incluindo ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), cereais e arroz, probióticos alimentares e leite em pó modificado não demonstraram benefícios consistentes em curto ou longo prazo.[90][91][92][93] Estudos observacionais relataram um benefício, de maneira geral, da dieta mediterrânea e consumo de peixe, mas faltam evidências de ensaios clínicos randomizados e controlados.[94][95]

Prevenção do VSR

Não ser infectado pelo VSR durante a primeira infância foi associado a um risco 26% menor de asma atual em 5 anos, em comparação com crianças que foram infectadas pelo VSR, em um estudo de coorte de base populacional realizado com lactentes saudáveis.[96]​ O efeito na prevalência futura de asma após a imunização com nirsevimabe (um anticorpo monoclonal indicado para a prevenção da doença do trato respiratório inferior por VSR em neonatos e lactentes) pode, portanto, ser interessante.

Prevenção secundária

Foi demonstrado que intervenções multimodais que incluem educação de cuidadores e pacientes, evitação e controle de alérgenos e acompanhamento regular reduzem hospitalizações, reduzem o uso de corticosteroides de resgate e melhoram a qualidade de vida.[286]

Evitar alérgeno

Estratégias personalizadas de mitigação de alérgenos podem ser benéficas para os desfechos de asma em indivíduos com asma expostos a alérgenos relevantes (por exemplo, ácaros ou pelos de gato) e com história de sintomas associados ou testes positivos para alergias (por exemplo, testes cutâneos ou IgE específica).[123] As intervenções multicomponentes são preferenciais às intervenções de componente único.[287][288][289][290][291][292]​​

Dependendo do alérgeno em questão, as intervenções incluem:[123]

  • Pesticida contra ácaros domésticos, sistemas de filtragem de ar e purificadores de ar, incluindo aqueles com filtros de filtração de ar de alta eficência contra particulados (HEPA) e aspiradores HEPA

  • Remoção de carpete

  • Limpeza com água sanitária ou produtos similares

  • Capas de travesseiros e colchões impermeáveis aos ácaros

  • Manejo integrado de pragas (remoção e controle de pragas internas comuns com armadilhas, veneno e barreiras ao influxo)

  • Mitigação de bolor (remoção profissional, limpeza, higienização, demolição)

  • Remoção ou confinamento de animais de estimação (por exemplo, cães e gatos) em quartos específicos

Imunoterapia com alérgenos

A dessensibilização pode ser realizada para aeroalérgenos comuns por imunoterapia subcutânea (ITSC) ou imunoterapia sublingual (ITSL). No entanto, muitas diretrizes não recomendam ou recomendam apenas condicionalmente esses tratamentos.[1][8][99][122][123][293]​​​[294]​ Quando recomendado, as evidências geralmente estão disponíveis apenas para imunoterapia com pólen de gramíneas e ácaros da poeira doméstica em pacientes com asma leve.[293][295]

A Global Initiative for Asthma (GINA) afirma que a imunoterapia com alérgenos pode ser considerada como um tratamento complementar para crianças com sensibilização estabelecida a aeroalérgenos, incluindo aquelas com rinite alérgica, mas somente após os sintomas e exacerbações da asma terem sido controlados.[1] Nas diretrizes para asma do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA de 2020, é dada uma recomendação condicional para usar a ITSC como adjuvante ao tratamento padrão em pacientes selecionados a partir dos 5 anos com asma alérgica leve a moderada.[123]

Existe uma variação considerável em todo o mundo nos esquemas específicos de ITSL e ITSC usados. As seguintes recomendações foram feitas pela GINA:[1]

  • Oferecer apenas a pacientes com doença estável.

  • Garantir que os pacientes e os pais estejam comprometidos com a terapia em longo prazo (por exemplo, 3 a 5 anos para ITSC).

  • Considerar tanto a inconveniência quanto a despesa (tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde).

  • Certificar-se de que os pacientes e os pais estejam cientes do risco de efeitos adversos graves (por exemplo, anafilaxia com risco de vida) e não ofereça imunoterapia quando esses efeitos não puderem ser controlados.

  • Adapte a ITSC ao padrão de sensibilização alérgica.

  • Considere adicionar ITSL antes e durante a temporada de tasneira em crianças com VEF1 ≥80%.

Evitação da poluição do ar exterior

Pacientes com asma bem controlada geralmente não necessitam de ajustes quando a qualidade do ar é ruim, mas alguns pacientes podem precisar evitar atividades extenuantes ao ar livre ou permanecer em ambientes fechados (por exemplo, se houver infecção viral concomitante ou níveis de poluição particularmente elevados).[1][39]

Evitação da poluição do ar em ambientes internos

O controle da poluição do ar em ambientes internos, incluindo compostos orgânicos voláteis (agentes de limpeza, cola, produtos de higiene pessoal, materiais de construção) e material particulado (tabagismo, preparação de alimentos, velas, insecticidas, animais de estimação), é importante.[60][61]

Em nível populacional, as áreas onde não há fumaça podem diminuir a morbidade respiratória (por exemplo, carros onde é proibido fumar, legislações proibindo fumar em áreas públicas).[296][297]​​​​ Em nível individual, os purificadores de ar ou sistemas de filtragem parecem oferecer proteção para o controle de alérgenos e poluentes em ambientes internos (especialmente o fumo passivo).[298][299]​​​

Manejo da obesidade

A obesidade está associada a um aumento do risco de desenvolver asma e exacerbações da asma.​[18][63][300]​​​​ A prevenção do sobrepeso e da obesidade deve ser discutida e, quando apropriado, as crianças devem ser encaminhadas para programas de redução de peso.[8][301]

Manejo da rinite alérgica comórbida

A rinite alérgica (RA) pode coexistir com a asma. Recomenda-se o uso de uma abordagem unificada para o tratamento da inflamação das vias aéreas de ambas as condições.[302]

Os antagonistas do receptor de leucotrieno são superiores ao placebo e são equivalentes aos anti-histamínicos, mas inferiores aos corticosteroides intranasais no tratamento da RA.[303][304][305]​​ Os corticosteroides intranasais podem melhorar os sintomas da asma e o volume expiratório forçado no primeiro segundo de expiração (VEF₁).[306]

Manter o condicionamento físico

Pacientes com asma estável devem ser incentivados a praticar exercícios.[307][308][309]​​​​ Foi demonstrado que os exercícios (por exemplo, natação) melhoram o condicionamento cardiorrespiratório e a qualidade de vida sem aumentar os sintomas respiratórios, com algumas evidências de que podem melhorar a função pulmonar e os sintomas noturnos em crianças com asma.[310][311][312][313]

Vacinação

A vacinação pode prevenir exacerbações em crianças com asma.

A gripe (influenza) está associada a uma elevada carga de assistência médica em crianças com asma moderada a grave. A GINA recomenda vacinação anual.[1][314]​​​​​[315] Revisões demonstraram que a vacinação contra a gripe (influenza) é segura e eficaz para crianças com idade ≥2 anos e não aumenta as exacerbações da asma imediatamente após a vacinação.​[314][315][316] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​​

A GINA encontrou evidências insuficientes para recomendar a vacinação pneumocócica de rotina para crianças com asma.[1] Da mesma forma, a vacinação de rotina contra a coqueluche não é recomendada.

Todas as crianças elegíveis devem receber a vacinação contra a COVID-19, conforme apropriado.[1]

Suplementos

A suplementação de vitamina D pode diminuir a incidência de infecções do trato respiratório e episódios de sibilância associados.[18]​ Não há evidências suficientes sobre quem deve receber vitamina D, os níveis ideais e como a genética (por exemplo, tipos de receptores de vitamina D) e/ou fatores ambientais influenciam seus efeitos.[317]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal