Abordagem
O tipo de tratamento dependerá do risco que a criança apresentar para contrair a forma mais grave da doença.
Crianças saudáveis com baixo risco de contrair a forma mais grave da doença
Em crianças saudáveis, a varicela é uma doença autolimitada e pode ser tratada apenas sintomaticamente com paracetamol para pirexia, loções emolientes e anti-histamínicos para prurido. A loção de calamina é frequentemente usada para ajudar a aliviar o prurido;[75] porém, não existem evidências publicadas que deem suporte a seu uso na infecção por varicela.[76] A aspirina não é recomendada para febre em decorrência da sua associação com a síndrome de Reye.[77] Também há preocupações quanto ao uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para a varicela e um aumento do risco de superinfecção por estreptococos do grupo A (GAS).[78][79] Devido ao aumento potencial de infecções cutâneas e dos tecidos moles, os AINEs devem ser evitados. A hidratação é importante, principalmente em crianças pequenas e crianças com febre.
Embora as recomendações atuais não defendam o uso rotineiro de terapia antiviral para este grupo de pacientes, o aciclovir foi estudado como terapia primária em crianças imunocompetentes e mostrou ser capaz de reduzir o tempo para a resolução da febre quando administrado dentro de 24 horas após o início da erupção cutânea.[80] Além disso, alguns especialistas recomendam o uso do aciclovir por via oral em casos familiares secundários, nos quais a doença pode ser mais grave que nos casos primários.[41]
Aumento do risco de doença moderada a grave
Além do tratamento sintomático, a terapia antiviral oral é recomendada pelo American Academy of Pediatrics para os pacientes que são considerados de risco elevado para varicela moderada a grave, e isso inclui:[41]
Pacientes saudáveis com 13 anos ou mais
Pessoas com doença cutânea crônica (por exemplo, dermatite atópica)
Pessoas com doença pulmonar subjacente
Pacientes que recebem terapia com salicilatos de longo prazo
Pessoas que recebem corticosteroides orais de ciclo curto ou de ciclo intermitente.
Os pacientes que recebem outros tipos de terapia imunossupressora, como anticorpos monoclonais e inibidores de fator de necrose tumoral-alfa, também podem apresentar um aumento do risco, mas há informações limitadas sobre o uso de agentes antivirais entre esses pacientes. Ensaios clínicos entre adolescentes e adultos indicaram que o aciclovir é bem tolerado e eficaz para reduzir a duração e a intensidade da doença clínica se o medicamento for administrado dentro de 24 horas após o início da erupção cutânea.[21]
Alto risco de contrair a forma mais grave da doença
Além do tratamento sintomático, a terapia antiviral intravenosa imediata é recomendada para pacientes com alto risco de doença grave e complicações, e isso inclui:[41][60]
Indivíduos imunocomprometidos, como aqueles com leucemia, linfoma ou imunodeficiências celulares
Indivíduos que fazem uso de medicamentos imunossupressores, como corticosteroide sistêmico em altas doses ou agentes quimioterápicos
Neonatos cujas mães têm varicela de 5 dias antes do parto até 2 dias após o parto
Bebês prematuros, principalmente bebês prematuros hospitalizados nascidos com 28 semanas de gestação ou mais cujas mães não têm evidência de imunidade, e bebês prematuros hospitalizados nascidos com menos de 28 semanas de gestação ou com peso de 1000 gramas ou menos no nascimento, independente do estado de imunidade da mãe para varicela
Gestantes.
Com base em evidências experimentais limitadas de que o aciclovir intravenoso possa reduzir a gravidade da doença, em comparação ao placebo em crianças imunocomprometidas, os especialistas recomendam o uso rotineiro de aciclovir em todos os pacientes que apresentem alto risco de desenvolver a doença com complicações.[21][49]
As gestantes devem ser aconselhadas sobre o risco de possíveis sequelas adversas maternas e fetais, sobre opções de diagnósticos pré-natais e sobre o risco de transmissão fetal. Recomenda-se a consulta com um neonatologista e com um infectologista se houver exposição à varicela no período periparto, para otimizar a prevenção e as estratégias de tratamento.[39][50]
Pacientes com a forma mais grave da doença que desenvolvem complicações sérias
A terapia antiviral é essencial para todos os pacientes que desenvolvem complicações graves de infecção por varicela (por exemplo, pneumonia, hepatite ou encefalite/doença do sistema nervoso central).
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