Abordagem

O diagnóstico se baseia na história e no exame físico. O diagnóstico frequentemente é multidisciplinar, pois o trato gastrointestinal pode estar envolvido ou uma doença sistêmica pode ser descoberta no curso da investigação.[18]

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Algoritmo para diagnóstico de esclerose sistêmicaDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3c3d5f9

História

Na avaliação inicial, a anamnese e a revisão dos sistemas devem incluir uma investigação sobre:

  • Exposição à poeira de sílica

  • Duração do fenômeno de Raynaud (FR)

  • Duração de qualquer envolvimento da pele

  • Síndrome do túnel do carpo prévia

  • Úlceras digitais

  • Qualquer história familiar de doença do tecido conjuntivo, principalmente esclerodermia.

A esclerose sistêmica cutânea limitada é caracterizada por fibrose dos dedos da mão, raramente com progressão da fibrose da pele até os cotovelos ou joelhos. Ela é geralmente limitada às mãos (principalmente aos dedos) ou aos pés e pernas distais. Não se estende em direção proximal à parte superior dos braços, coxas ou tronco, mas pode envolver a face e o pescoço. Em oposição a isso, a esclerose sistêmica cutânea difusa evolui da extremidade distal à proximal ou para envolvimento do tronco e pode ser rapidamente progressiva; ela, em seguida, pode regredir em áreas proximais, frequentemente com amolecimento, mas não necessariamente com envolvimento da pele distal.

As características da síndrome CREST (isto é, a presença de calcinose, FR, alteração da motilidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasia) podem estar presentes nos tipos de esclerose sistêmica limitada e difusa.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Características da esclerodermia limitada em comparação com a esclerodermia difusaAdaptado de LeRoy EC, Black C, Fleischmajer R, et al. Scleroderma (systemic sclerosis): classification, subsets and pathogenesis. J Rheumatol. 1988;15:202-205. [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@6eed8c97

O encarceramento do túnel do carpo ou do nervo mediano é comum onde houver artrite inflamatória ou tenossinovite, com dormência preservando o quinto dedo. Pode haver também uma história de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), mas, geralmente, a disfagia é uma característica tardia.

Exame físico

No exame físico, vários itens merecem observação específica:

  • Dedos edemaciados, com limitação da amplitude de movimentos (sinal da oração)[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sinal da oração: os dedos da mão não se tocam por completo, observe também a reabsorção da tuberosidade digitalDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@2d42182

  • Extensão do envolvimento da pele e simetria (caso ocorra)[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Esclerodermia linear da perna esquerda: observe as alterações bem demarcadas na panturrilha esquerda, pele normal na lateralDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@c236308

  • Capilares dilatados no leito ungueal (exame com ampliação)[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Capilares dilatados nos leitos ungueaisDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@75904ecc

  • Presença ou ausência de calcinose[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Calcinose no segundo e terceiro dedo na esclerose sistêmicaDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5f1894e7

  • Telangiectasia

  • Úlceras digitais com cicatrizes afundadas[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Esclerose sistêmica com graves úlceras digitaisDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1332e768

  • Atrofia do tendão (mão em garra)[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Esclerose sistêmica com deformidades da mão em garra (vista dorsal)Do acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@10862b3a[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Mãos em garra, vista palmar; o paciente não pode estender os dedosDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3237f3a6

  • Contraturas por flexão[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Telangiectasia múltipla, deformidade na flexão do dedo, depressões no terceiro dedo, úlceras cicatrizadas no segundo e quarto dedoDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@33bf96f9

  • Alterações na pigmentação (aumento ou diminuição da pigmentação).[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Esclerose sistêmica cutânea difusa (ESCD): mão e dedos rígidos, pigmentação elevada e úlcera no polegarDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@27867107[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Esclerodactilia com pigmentação aumentada e diminuídaDo acervo pessoal do Professor J. Pope; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7a6ecd03

As principais características incluem dedos tumefatos simétricos ou pele rígida e FR. Podem ocorrer achados referentes ao túnel do carpo com testes de Tinel e Phalen positivos em decorrência do edema das mãos e da artrite inflamatória.

O teste de Tinel é realizado pela estimulação do nervo mediano ao longo de seu curso no punho. O agravamento da parestesia nos dedos é considerado positivo.

O teste de Phalen comprime o túnel do carpo na dorsiflexão da mão com reprodução dos sintomas. A síndrome do túnel do carpo é comum na população em geral. Muitas vezes, ela ocorre em casos de esclerose sistêmica, em que há inchaço das mãos.

Os capilares dilatados (aumentados) no leito ungueal são visíveis a olho nu ou com ampliação simples (por exemplo, com um oftalmoscópio). Calcinose e telangiectasia (círculos vermelhos grandes bem demarcados que podem clarear) podem não estar presentes inicialmente.

Laboratório

Não é necessária biópsia de pele e os exames laboratoriais são, na maioria das vezes, confirmatórios. Os exames não estabelecem nem excluem um diagnóstico. Alguns achados típicos incluem:

  • Hemograma completo com fragmentação periférica de eritrócitos (associada à doença sistêmica), mas esta é rara, exceto quando ocorre numa crise renal esclerodérmica

  • Creatinina sérica elevada na presença de crise renal (associada à doença sistêmica)

  • Fatores antinucleares séricos (podem ser positivos) e antígenos nucleares extraíveis apresentam anticorpos para Scl-70 (antitopoisomerase I) ou RNA polimerase III

  • A velocidade de hemossedimentação sérica pode estar elevada e está associada a um prognóstico mais desfavorável.

A detecção e a medição de autoanticorpos têm uma função no diagnóstico e no prognóstico de pacientes com esclerose sistêmica. Foi mostrado que certos autoanticorpos se correlacionam intimamente a várias manifestações clínicas e laboratoriais da doença e apresentam um certo valor prognóstico. Por exemplo, a presença de anticorpo anticentrômero está associada a um prognóstico favorável.[19]

Outras investigações

São recomendadas ecocardiografias anuais para o rastreamento da hipertensão arterial pulmonar (HAP) na esclerose sistêmica. Alguns especialistas também recomendam testes da função pulmonar inicial e anual, pois uma capacidade de difusão do monóxido de carbono (CDCO) muito baixa pode aumentar a probabilidade de HAP. Caso a CDCO e a capacidade vital forçada estejam igualmente reduzidas, a possibilidade de doença pulmonar intersticial aumenta.

Alguns especialistas recomendam uma tomografia computadorizada de alta resolução do tórax de linha basal. O exame de imagem é repetido se houver novos sintomas que possam indicar doença pulmonar intersticial ou se houver um declínio clinicamente significativo na função pulmonar.[18][20][21][22] Anticorpos antitopoisomerase I foram associados a um aumento do risco de doença pulmonar intersticial grave.[23]

Em geral, a manometria esofágica pode, no máximo, contribuir para o diagnóstico, pois disfagia é muito comum. A maioria dos pacientes apresenta manometria anormal e peristaltismo com coordenação inadequada e diminuição da força das contrações.

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