Etiologia

1. Neoplásica

  • Adenomas hipofisários são a causa mais comum de hipopituitarismo em adultos.[7] Pode ser não funcional ou secretar um ou mais hormônios adeno-hipofisários.[8] São classificados quanto ao tamanho em microadenomas (<10 mm) ou macroadenomas (>10 mm). Ocasionalmente, um adenoma hipofisário pode aparecer como achado incidental em um estudo de imagem e ser chamado de incidentaloma hipofisário. Incidentalomas hipofisários requerem rastreamento bioquímico de hipersecreção hormonal ou hipopituitarismo.[9]

  • Craniofaringiomas respondem por 1% de todos os tumores intracranianos em adultos e 6% a 13% dos tumores intracranianos em crianças.[10] Cistos de Rathke manifestam-se mais em adultos, em contraste com os craniofaringiomas, que ocorrem mais em crianças.[11]

  • Outros tumores para-hipofisários com efeito de massa associados com o hipopituitarismo incluem meningiomas selares, metástases, plasmacitomas, tumores de células germinativas, astrocitomas do nervo óptico e cordomas.[12]

  • As metástases hipofisárias de outros tumores são raras, mas podem manifestar-se como hipopituitarismo anterior e diabetes insípido.[13]

2. Vascular

  • Apoplexia hipofisária é o desenvolvimento espontâneo súbito de uma hemorragia ou infarto de um adenoma preexistente. A incidência relatada fica entre 0.6% e 9.1% de todos os adenomas hipofisários tratados cirurgicamente.[14]

  • A síndrome de Sheehan é um infarto da hipófise após sangramento significativo com hipotensão durante o parto.[15]

  • Aneurismas intrasselares das artérias carótidas podem se manifestar como massas selares ou suprasselares e causar hipopituitarismo.[16]

3. Por lesões Inflamatórias e infiltrantes[17]

  • A hipofisite linfocítica manifesta-se classicamente como lesões hipofisárias com efeito de massa com hipopituitarismo parcial ou progressivo, particularmente no contexto de gestação ou pós-parto.[18] Acredita-se que ela seja uma doença autoimune com infiltração da hipófise por linfócitos e plasmócitos.[19]

  • Hipofisite e hipopituitarismo têm sido relatados como uma complicação da imunoterapia com antiantígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico (CTLA-4) com ipilimumabe e tremelimumab.[20][21]

  • A hemocromatose é caracterizada por deposição de ferro em células hipofisárias.

  • A sarcoidose, a tuberculose e a histiocitose X das células de Langerhans já foram todas associadas com o desenvolvimento de hipopituitarismo.[12][22][23]

4. Infecção

  • A formação de abscesso hipofisário é rara e pode ocorrer tanto a partir de disseminação hematogênica quanto de extensão do seio cavernoso ou sepse meníngea.

  • Tuberculomas hipofisários que se apresentem como massas selares são muito raros.[24]

  • As doenças hipofisárias fúngicas podem ocorrer como complicação da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), mas são incomuns.[25]

5. Congênita

  • As formas congênitas de hipopituitarismo podem ser de origem hipofisária ou hipotalâmica. As deficiências congênitas podem ser de hormônios isolados ou de múltiplos hormônios hipofisários.

  • Os defeitos de fatores de transcrição, incluindo Pit-1, PROP1, HESX1, LHX3 e LHX4, estão associados a múltiplas deficiências hormonais e a graus variados de hipopituitarismo hereditário.[26][27]

  • Mutações no gene PROP1 são a causa mais comum de deficiências hormonais hipofisárias congênitas familiares e esporádicas.

  • Mutações no gene TPIT causam deficiência isolada de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH).[28]

6. Radioterapia

  • A deficiência de 1 ou mais hormônios hipofisários pode se seguir ao tratamento com radiação externa quando o eixo hipotálamo-hipofisário se encontra no campo de radiação.

7. Cirurgia na hipófise

8. Outra

  • Lesão cerebral traumática: a deficiência de 1 ou mais hormônios hipofisários pode se seguir a uma lesão cerebral traumática e é especialmente prevalente em populações mais jovens.[29][30][31]

  • Síndrome da sela vazia.

  • Dano hipotalâmico causado por lesões de massa, infecções, radiação no hipotálamo e distúrbios infiltrantes podem causar deficiência de hormônio antidiurético e diabetes insípido.

  • O uso crônico de opiáceos pode levar à deficiência de gonadotrofinas, ACTH e hormônio do crescimento; o uso de megestrol tem sido associado à deficiência e ACTH.[32]

Fisiopatologia

A perda sequencial de hormônios adeno-hipofisários secundária a um efeito de massa ocorre inicialmente com a perda dos hormônios menos importantes: hormônio do crescimento e gonadotrofinas (hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante). Isto é seguido subsequentemente pela perda de hormônios mais importantes: hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e hormônio estimulante da tireoide.[33] Os hormônios menos necessários à sobrevivência são perdidos inicialmente e os fundamentais para a sobrevivência são preservados por mais tempo.[34]

Os adenomas hipofisários podem se manifestar com uma síndrome clínica típica, como acromegalia, Cushing, prolactinoma e síndromes de tipo tireotrofinoma ou gonadotrofinoma, resultantes da hipersecreção de um ou mais hormônios adeno-hipofisários. Opcionalmente, eles podem se apresentar de modo mais insidioso com efeito de massa ou com a expansão do tumor, causando compressão das estruturas circundantes, incluindo o tecido hipofisário normal, com a destruição das células produtoras de hormônios. Acredita-se que o hipopituitarismo resultante de adenomas hipofisários esteja relacionado com um fluxo sanguíneo deficitário para o tecido hipofisário normal, compressão do tecido normal ou interferência no suprimento de hormônios hipotalâmicos pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário.

A apoplexia hipofisária manifesta-se com episódio súbito de cefaleia excruciante, perturbações visuais ou oftalmoplegia por paralisias de nervos cranianos (III, IV, VI).[35] Um início súbito de deficiência de ACTH e da subsequente deficiência de cortisol é grave e pode oferecer risco de vida por hipotensão, hiponatremia e hipoglicemia. O hipopituitarismo causado por infarto hipofisário pode se desenvolver imediatamente ou após intervalo de vários anos, dependendo do grau da destruição tecidual.[15]

Classificação

Causas do hipopituitarismo

Esta é uma classificação informal do hipopituitarismo baseada na etiologia.

Neoplásica

  • Tumores adeno-hipofisários: funcional e não funcional

  • Tumores hipofisários posteriores: astrocitomas, ganglioneuromas

  • Parasselares: craniofaringiomas, cistos da bolsa de Rathke, meningiomas, gliomas, metástases, tumores de células germinativas, cordomas

  • Linfoma

  • Metástases hipofisárias

Vascular

  • Apoplexia hipofisária

  • Síndrome de Sheehan

  • Anomalias vasculares: aneurismas

  • Hemorragia subaracnoide

Distúrbios inflamatórios/infiltrantes

  • Hipofisite linfocítica (síndrome de Simmonds)

  • Hipofisite relacionada a imunoterapia com antiantígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico (CTLA-4)

  • Hemocromatose, histiocitose X das células de Langerhans

  • Doenças de granulomatose: granulomatose com poliangiite (anteriormente conhecida como granulomatose de Wegener), sarcoidose

Infecções

  • Abscessos

  • Tuberculose, sífilis, micoses

Congênita

  • Deficiência hormonal familiar isolada ou múltipla

  • Mutações de fatores de transcrição envolvidos no desenvolvimento da hipófise (Pit-1, PROP-1, HESX1, LHX3, LHX4, TPIT)

  • Displasia septo-ótica e outras síndromes da linha média

  • Síndrome de Prader-Willi, síndrome de Bardet-Biedl

Pós-radiação

  • Tumores hipofisários, parasselares, nasofaríngeos, cranioespinhais

Pós-cirúrgica

  • Após ressecção transfenoidal de adenomas hipofisários, após correção de aneurisma

Diversa

  • Lesão cerebral traumática

  • Síndrome da sela vazia

  • Doenças hipotalâmicas

  • Medicação (por exemplo, opioides, megestrol)

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal