Abordagem

Os primeiros estágios da doença podem ser tratados efetivamente com antibióticos. A doença avançada pode exigir avaliação cirúrgica; no entanto, incisão e drenagem ou excisão cirúrgica devem ser evitados quando possível porque esses procedimentos podem prejudicar a drenagem linfática, causar formação de tratos sinusais e complicar a cicatrização. Se exames laboratoriais confirmatórios não estiverem rápida ou prontamente disponíveis, o paciente de risco com uma síndrome clínica suspeita de LGV precisará de tratamento empírico.[21]

Pacientes com LGV primário

A doxiciclina é o tratamento de primeira linha recomendado para o estágio inicial da doença. O tratamento prolongado com antibióticos não é necessário para LGV primário. Embora uma análise retrospectiva de homens que fazem sexo com homens indique que 7 a 14 dias de doxiciclina são suficientes para LGV retal, não há evidências suficientes para dar suporte a um tratamento com duração inferior a 21 dias.[45]

Quando as tetraciclinas são contraindicadas (por exemplo, pacientes com alergias a tetraciclinas ou gestantes ou lactantes), a eritromicina é o tratamento de primeira escolha.

A azitromicina também é um tratamento alternativo. Embora sua efetividade não tenha sido confirmada em ensaios clínicos, o uso de azitromicina geralmente é aceito quando uma paciente está grávida ou amamentando, quando um paciente tem uma reação adversa à doxiciclina ou à eritromicina ou quando a pouca adesão terapêutica ao medicamento é uma preocupação legítima.[1][30][44] Em um estudo com 125 pacientes com proctite por LGV, as taxas de cura clínica e microbiológica indicam que azitromicina uma vez por semana durante 3 semanas pode ser tão eficaz quanto a doxiciclina padrão.[46]

Se a doença ainda estiver presente depois de 3 semanas de terapia, diagnósticos alternativos deverão ser descartados. Assim, o prolongamento ou a ampliação do espectro dos antibióticos talvez sejam necessários para outras infecções ou superinfecção bacteriana.

Pacientes com LGV secundário

Os antibióticos são usados para erradicar a infecção nos estágios iniciais da doença.

O pus é aspirado dos bubões usando uma abordagem lateral através da pele normal para evitar a ruptura e a formação de tratos sinusais.[1][47]

A incisão e a drenagem ou excisão cirúrgica dos bubões inguinais devem ser evitadas sempre que possível porque esses procedimentos podem prejudicar a drenagem linfática, causar formação de tratos sinusais e complicar a cicatrização.[1][22]

Pacientes com LGV terciário

Os antibióticos são usados para erradicar a infecção nos estágios iniciais da doença.

A desfiguração dos genitais associada à estiomene ou elefantíase talvez não remita com tratamento antibiótico isolado. A reconstrução com cirurgia plástica é considerada vários meses após a conclusão do tratamento antibiótico e existem evidências de desaparecimento da doença ativa.[1][22][47]

A doença anorretal avançada pode exigir avaliação cirúrgica por equipes especializadas e experientes. Embora a inflamação melhore muito, as estenoses retais não remitem com tratamento antibiótico isolado. As indicações para intervenção cirúrgica incluem formação de estenoses, obstrução intestinal, fístulas retovaginais e destruição macroscópica do canal anal, do esfíncter anal e do períneo.[1][47]

Pacientes com linfogranuloma venéreo (LGV) assintomático

Um esquema de doxiciclina por 7 dias foi geralmente usado para infecções retais assintomáticas causadas por Chlamydia trachomatis não LGV; no entanto, diretrizes europeias não recomendam ciclos menores que 21 dias.[1]

Apesar de não haver evidências que deem suporte aos esquemas de uma única dose ou de várias doses de azitromicina, até 20% dos pacientes com infecções por clamídia retal assintomática permaneceram persistentemente positivos ao retornar para o exame de cura após uma única dose de azitromicina, em comparação com 1% a 10% dos pacientes tratados com doxiciclina.[44]

Pacientes expostos ao LGV

Qualquer pessoa que possa ter sido exposta por contato, com relação sexual sem proteção nos últimos 60 dias a 3 meses de manifestação dos sintomas do parceiro, ou por contato direto com uma lesão do linfogranuloma venéreo (LGV) ou secreção de um linfonodo ou do reto, deve ser contatada para avaliação, aconselhamento e profilaxia pós-exposição ou tratamento antibiótico.[1][30]

O tratamento presuntivo precoce é indicado nesse caso porque as lesões primárias raramente são descobertas.

Coinfecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Os pacientes com HIV e LGV devem receber os mesmos esquemas de tratamento dos pacientes que são HIV-negativos; no entanto, o acompanhamento rigoroso é necessário para garantir a resolução.

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