Abordagem

Todas as reações adversas ao medicamento precisam ser anotadas meticulosamente e o paciente devidamente informado. A supressão do medicamento suspeito é essencial, após a qual, em muitos casos, as lesões apresentam resolução espontânea dentro de 1 a 2 semanas. As erupções medicamentosas fixas remitem com a supressão, mas podem deixar cicatrização residual ou pigmentação.[53] Caso contrário, o tratamento deve ser igual ao de lesões cutâneas não provocadas por medicamentos.

Reações cutâneas adversas graves

As reações cutâneas adversas poderão ser consideradas graves se afetarem a estrutura ou a função da pele, seus apêndices ou as membranas mucosas. As principais reações alérgicas cutâneas induzidas por medicamentos potencialmente graves são a síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica, a dermatite esfoliativa, a DRESS (reação a medicamentos com eosinofilia e sintomas sistêmicos; também conhecida como síndrome de hipersensibilidade medicamentosa), a doença do soro, a vasculite e a anafilaxia.

Reações anafiláticas agudas

Os profissionais da saúde presentes devem pedir ajuda, pois é uma emergência médica.[45] Consulte Anafilaxia (Abordagem de tratamento).

Principais considerações

As reações anafiláticas agudas são tratadas fazendo com que o paciente se deite se estiver hipotenso, sentando-o se estiver com problemas para respirar ou deitado-o na posição de recuperação se estiver inconsciente.[45]​ O medicamento desencadeante deve ser suspenso, e a adrenalina intramuscular administrada o mais rapidamente possível.Uma dose adicional de adrenalina intramuscular de acompanhamento pode ser administrada após 5 a 15 minutos, se necessário (as diretrizes variam em relação ao momento preciso da[s] dose[s]; portanto, consulte seu protocolo local).Se necessária, a adrenalina intravenosa deve ser administrada sob a orientação de um médico com experiência no uso e no ajuste da dose de vasopressores.[45]​​[54]​ Adote uma abordagem ABCDE e administre oxigênio suplementar em alto fluxo e fluidoterapia intravenosa (por exemplo, soro fisiológico), se indicados.[45][55]​​​​[56]​ Se houver estridor acentuado deve-se administrar adrenalina nebulizada.Caso o paciente apresente broncoespasmo persistente, apesar da adrenalina, um beta-2 agonista por via inalatória (por exemplo, salbutamol) é indicado.[45][55][56]

Reações bifásicas ´podem ocorrer.[45]​ Os anti-histamínicos e/ou corticosteroides não são confiáveis na prevenção da anafilaxia bifásica, mas podem ser considerados como tratamento secundário.[45]​​[54]

Para possíveis reações anafiláticas futuras, o paciente deve estar equipado com 2 canetas autoinjetoras de adrenalina e receber instruções sobre como usá-las corretamente.[54] Recomenda-se o uso de uma pulseira de alerta. Informações sobre status de alergia ao medicamento (nome do medicamento; sinais, sintomas e gravidade da reação; e data de quando a reação ocorreu) devem ser atualizadas e incluídas em cartas de alta hospitalar e registros médicos.

Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica

Os pacientes com síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica devem ser avaliados da mesma forma que os pacientes com queimadura cutânea, com o uso de uma abordagem estruturada para avaliar as vias aéreas, a respiração e a circulação.Consulte Queimadura cutânea (Abordagem diagnóstica).

O tratamento requer uma equipe multidisciplinar para que os pacientes recebam os cuidados ideais diários relativos à ferida, nutrição, cuidados intensivos, controle da dor e cuidados de suporte.[57]A transferência para o centro de tratamento de queimaduras, um centro especializado em cuidados de feridas ou uma unidade de terapia intensiva dermatológica é recomendada.[57][58]

O tratamento exato dependerá da extensão do comprometimento da pele.Consulte Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica (Abordagem de tratamento).

Reações de hipersensibilidade

Corticosteroides sistêmicos podem ser necessários em reações de hipersensibilidade aguda (por exemplo, DRESS).

Reações sem gravidade que não respondem à supressão do medicamento

Corticosteroides tópicos são frequentemente usados quando lesões provocadas por medicamentos não apresentam resolução espontânea; corticosteroides orais são usados em casos graves.

Em casos leves, pode-se usar hidrocortisona tópica. Para doenças mais graves, as alternativas incluem betametasona, clobetasol, fluocinolona e triancinolona.

Em reações graves que não respondem à supressão do medicamento, pode-se usar prednisolona oral.

Manejo de urticária induzida por medicamento

O tratamento de urticária induzida por medicamento consiste na supressão do medicamento suspeito e possivelmente uma dosagem de curta duração de anti-histamínico. É preferível um anti-histamínico não sedativo para uso durante o dia. Se os sintomas noturnos forem um problema, um anti-histamínico sedativo poderá ser usado à noite.

Dessensibilização

Pacientes que tiverem apresentado reação alérgica a um medicamento podem prevenir futuras reações, evitando estritamente o medicamento. Raramente é necessário tentar a dessensibilização, e ela não deverá ser tentada se o benefício da continuação do uso do medicamento for maior que o possível prejuízo da dessensibilização e quando não houver terapia alternativa.

Estão disponíveis recomendações para terapias alternativas e para dessensibilização a medicamentos e classes de medicamentos específicos (por exemplo, antibióticos, anti-inflamatórios não esteroidais [AINEs], quimioterápicos, inibidores de checkpoint imunológico, agentes biológicos).​[43]​​​​​​​[44][45]

Encaminhamento a especialista

O encaminhamento a um serviço especializado em alergias a medicamentos deve ser considerado para: suspeita de anafilaxia; episódios graves/que ameacem a vida (por exemplo, DRESS, síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica); reações graves a AINEs com necessidade de terapia continuada com AINE; suspeita de alergia a betalactâmicos (se antibióticos alternativos não estiverem disponíveis); e problemas relacionados a anestesias geral e local.[52]

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