Etiologia
A etiologia precisa da síndrome de Felty (SF) permanece incerta. Geralmente, ocorre em pacientes com artrite reumatoide (AR) erosiva soropositiva de longa duração (>10 anos de duração) com características extra-articulares, incluindo nódulos reumatoides, linfadenopatia, úlceras nas pernas e vasculite.[2] O fator reumatoide é positivo (geralmente em altos títulos) em 95% a 100% dos pacientes, e anticorpos antinucleares em 47% a 100% dos pacientes. Geralmente, pacientes com SF apresentam altos níveis de imunocomplexos circulantes, o que implica disfunção imunológica em sua etiologia.[7] Embora provavelmente nenhuma dessas características sorológicas seja a única responsável pelo desenvolvimento da neutropenia na SF, elas podem contribuir para a menor sobrevivência dos neutrófilos.[2][7]
Pode haver uma contribuição genética para o desenvolvimento da SF. O antígeno HLA-DR4 é altamente associado à SF.[3] Mais de 90% dos pacientes com SF são positivos para HLA-DR4, em comparação com 60% a 70% dos pacientes com AR e 30% de pessoas brancas saudáveis. Há um excesso de homozigotos DR4 na SF, estando o alelo *0401 principalmente associado à progressão da doença.[8][9] O papel genético exato do HLA-DR4 é incerto, sendo provável que outros determinantes genéticos estejam implicados na SF.
Fisiopatologia
A causa da neutropenia característica da SF é multifatorial, resultante de um desequilíbrio entre a produção de neutrófilos na medula óssea e a destruição elevada no sangue periférico. Geralmente, o exame da medula óssea mostra celularidade elevada com parada de maturação da linhagem granulocítica.[2] Acredita-se que o sequestro elevado de neutrófilos e a destruição periférica ocorrem pela ação de imunocomplexos ligados aos neutrófilos ou de anticorpos anti-neutrófilos dirigidos contra antígenos da superfície celular. A granulopoiese comprometida tem sido proposta como resultante da diminuição da produção de citocinas na medula óssea, da ligação de anticorpos contra o fator de crescimento de granulócitos ou da imunossupressão de precursores mieloides mediada por células T.[3][4][7][10][11]
Vários estudos têm mostrado que o tamanho do baço não se correlaciona com o grau de neutropenia. Não há evidências histológicas que sugiram que os neutrófilos sejam sequestrados ou destruídos no baço.[11]
Embora a neutropenia em si predisponha a infecções bacterianas recorrentes, defeitos na função dos neutrófilos também podem contribuir para isso. Pacientes com as contagens mais baixas de neutrófilos tendem a apresentar infecções bacterianas. Entretanto, em alguns pacientes as infecções persistem, apesar da normalização da contagem de neutrófilos. Demonstrou-se uma função neutrofílica anormal, na qual ocorrem defeitos na fagocitose e na quimiotaxia.[2]
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