Abordagem

A história médica do paciente, os sinais clínicos, a nutrição e o estado do sistema imunológico devem ser levados em consideração ao tratar infecções por giárdia.[72]

Terapia padrão

A terapia de primeira linha consiste em tinidazol, metronidazol ou nitazoxanida.[1][56]​​​​​​[72]​ Algumas diretrizes recomendam o tinidazol ou a nitazoxanida como opções preferenciais.[55][68]​ O metronidazol está associado a maior incidência de efeitos adversos gastrointestinais, mas é comumente usado e está amplamente disponível, embora seu uso para giardíase seja off-label em alguns países.[68] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

O tinidazol pode ser oferecido em dose única e tem eficácia de 90% a 98%.[68][73]​ A nitazoxanida requer doses múltiplas e tem eficácia de 85% a 91%.[74][75]

O metronidazol é fornecido por 7 dias e tem eficácia de 80% a 95%.[76]

Vários outros medicamentos, incluindo paromomicina, quinacrina e furazolidona, também podem ser usados para o tratamento da diarreia associada à giardíase.[1][72]​​[77][78]​​

O tratamento deve, além da terapia padrão, incluir aconselhamento sobre higiene e medidas de prevenção e correção de desidratação e anormalidades eletrolíticas, conforme necessário. A reidratação é de extrema importância entre os bebês, pois a desidratação causada pela diarreia pode ser de risco de vida.[72]

Intolerância à terapia padrão

Alguns pacientes tratados com nitroimidazóis (tinidazol, metronidazol) desenvolvem sintomas gastrointestinais importantes, como náuseas, vômitos, gosto metálico, diarreia, dispepsia e xerostomia. Os nitroimidazóis podem ter efeitos parecidos com os do dissulfiram, caso se consuma álcool durante o tratamento, o que os torna inadequados para alguns pacientes, porém, os dados são contraditórios.[79]

O albendazol, um benzimidazol, mostrou excelente atividade "in vitro" contra isolados de Giardia duodenalis.[80] Ela é tão eficaz quanto o metronidazol para o tratamento da diarreia associada à giardíase.[81] O albendazol requer a administração de várias doses.

Gestação

Nenhum agente terapêutico combina eficácia ideal e segurança na gestação.

No primeiro trimestre, o tratamento deve ser fornecido somente quando não for possível manter a hidratação e o estado nutricional adequado. Se for necessário administrar tratamento medicamentoso no primeiro trimestre, a paromomicina, um aminoglicosídeo oral não absorvido, é o medicamento de primeira escolha pela sua absorção limitada quando administrado por via oral. O metronidazol pode ser usado no segundo e terceiro trimestres, mas não é aprovado para essa indicação. Se houver episódios prévios de infecção no começo da gestação, também devem ser fornecidos aconselhamentos relacionados à higiene e às medidas de prevenção.

A reidratação é de extrema importância entre gestantes, pois elas podem correr maior risco de desidratação devido à diarreia.[72]

Falha do tratamento

Fracassos de tratamento foram relatados com todos os agentes comuns contra giárdia; entretanto, é importante diferenciar a verdadeira resistência a medicamento da cura seguida de reinfecção, intolerância alimentar/à lactose pós-giárdia ou sintomas de intestino irritável após a terapia. Não há exame clínico para resistência a medicamento.

A primeira etapa para avaliar sintomas persistentes após o tratamento é enviar uma amostra fecal para antígeno de giárdia, detecção de ovos e parasitas ou diagnóstico por reação em cadeia da polimerase para confirmar a infecção contínua.[82] Resultados positivos devem suscitar a coleta de uma história minuciosa para avaliar a probabilidade de reinfecção e exploração de fatores de risco para reinfecção, inclusive imunocomprometimento subjacente. Pacientes reinfectados devem responder ao agente terapêutico original.

O tratamento deve incluir, além da terapia padrão, orientações sobre higiene e medidas de prevenção para o paciente e todos os membros da família.

Infecção refratária ao tratamento

O fracasso real do tratamento poderia significar infecção por isolados de G duodenalis resistentes ao medicamento. Com frequência, cepas clinicamente resistentes têm sido tratadas com ciclos repetidos por mais tempo ou doses mais altas do agente original.​​[83]​​ No entanto, os dados indicam que o meio mais eficaz de erradicar essas infecções é usar uma classe diferente de medicamentos para evitar possível resistência cruzada.[84]

Esquemas combinados com metronidazol associado a albendazol, metronidazol associado a quinacrina ou outros medicamentos ativos, ou administração de nitroimidazol associado a quinacrina por ciclos de, no mínimo, 2 semanas, demonstraram êxito contra a infecção refratária.​​​​[84]​​​ A quinacrina não está disponível nos EUA. Às vezes, várias combinações ou abordagens diferentes serão necessárias para produzir a cura. Existem poucos dados sobre a eficácia comparada entre diferentes esquemas combinados, e a escolha do tratamento é geralmente determinada pela disponibilidade do medicamento.

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