Abordagem
Deve-se colher qualquer história de contato com água contaminada (como a ingestão de água durante o nado, ingestão de água não tratada da torneira, ingestão de alface e contato recreacional com água doce). O contato com crianças que usam fraldas é um fator de risco identificado.
A ausência de um fator de risco conhecido não deve impedir a avaliação diagnóstica em pacientes com sintomas compatíveis com giardíase.
Avaliação clínica
Os sintomas manifestos incluem diarreia, distensão abdominal com cólicas, eructação frequente com odor sulfúrico, náuseas, anorexia e/ou fadiga. Crianças e pessoas imunocomprometidas podem apresentar perda de peso, desnutrição e deficit de crescimento ou outros retardos no crescimento, mesmo na ausência de outros sintomas.[1][56] Se houver história de diarreia crônica juntamente com infecções recorrentes do trato respiratório, deve-se considerar a imunodeficiência comum variável.[57]
Investigações
Por causa da apresentação frequentemente leve e da sintomatologia sobreposta com outros patógenos entéricos, é necessário realizar o teste direcionado a patógenos para diagnosticar a giárdia e evitar atraso na terapia de combate à giárdia.[58]
Parte da investigação inicial deve incluir um hemograma completo (indicado em todos os pacientes com diarreia crônica para rastrear imunocomprometimento e anemia, que podem ocorrer concomitantemente com a giárdia), mas é provável que esteja normal, sem eosinofilia.
Microscopia das fezes
O diagnóstico inicial convencional da giardíase é feito por microscopia das fezes.[59] As amostras fecais examinadas devem ser frescas para a detecção de trofozoítos e cistos ou colocadas imediatamente em um conservante. Há variação na excreção fecal de cistos; por isso, recomenda-se a coleta de até três amostras em dias diferentes.[1][60]
Imunofluorescência direta, imunoensaio enzimático e detecção molecular
Esses métodos têm cada vez mais substituído a microscopia, e microscopistas experientes nem sempre estão disponíveis. A microscopia com teste de anticorpos fluorescentes diretos (AFD) é o padrão ouro para o diagnóstico de giardíase.[60] Pode ser solicitado um ensaio de imunoadsorção enzimática que possa detectar antígenos solúveis nas fezes. Quando comparados com o exame de ovos e parasitas, esses testes são mais sensíveis e específicos. Esses métodos em geral aumentaram a sensibilidade e agilizaram a espera pelo resultado, se comparados aos métodos convencionais de microscopia de fezes.[61][62] O custo e a especificidade são geralmente comparáveis. Muitos dos ensaios comercialmente disponíveis podem detectar as espécies de giárdia e Cryptosporidium simultaneamente.[22][63]
Outros testes que podem ser realizados incluem ensaios baseados em reação em cadeia da polimerase, ensaios imunocromatográficos rápidos ou microscopia com coloração tricrômica.[60]
O teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) oferece maior sensibilidade que a microscopia ou AFD para a detecção de giárdia.[61] A reação em cadeia da polimerase de amostras fecais detecta concentrações de parasitas tão baixas quanto 10 parasitas/100 microlitros de fezes.[64] Uma única amostra fecal costuma ser suficiente para um diagnóstico parasitológico completo. De acordo com um estudo, a aplicação de reação em cadeia da polimerase em tempo real melhorou os rendimentos diagnósticos em até 18%. Embora o exame de amostras fecais baseado em reação em cadeia da polimerase para giárdia ainda não tenha sido amplamente padronizado, a giárdia é comumente representada em plataformas de detecção múltipla de NAAT clinicamente disponíveis, capazes de identificar vários alvos virais, bacterianos e parasitários.[65][66] A incapacidade de distinguir os parasitas viáveis do DNA de parasitas não vivos é uma limitação dos diagnósticos baseados em reação em cadeia da polimerase.
Outras investigações a considerar
Imunoensaio de fluxo lateral (por exemplo, ImmunoCard STAT!): detecta e diferencia entre Giardia duodenalis e Cryptosporidium parvum em extratos aquosos de amostras fecais humanas.[67]
Aspirado e biópsia duodenais: invasivos, mas podem ser melhores para detectar os trofozoítos e outros patógenos entéricos, como microsporídios e criptosporídios. Esses testes podem ser realizados quando outros testes falharem na revelação do diagnóstico.[68]
Teste do barbante (enteroteste): envolve a ingestão de uma cápsula de gelatina acoplada a um barbante comprido. A extremidade do barbante permanece fora da boca e é presa à bochecha com uma fita adesiva. A cápsula se dissolve no estômago e o barbante passa pelo duodeno. O barbante permanece no local por 4-6 horas ou durante a noite. Em seguida, ele é retirado e a extremidade é examinada ao microscópio para observar parasitas que possam ter se aderido. O teste do barbante pode ser realizado se outros métodos (especialmente o exame de amostras fecais e testes de antígeno) não detectarem a giardíase e a endoscopia não estiver disponível ou for contraindicada.
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