Complicações
A combinação de genfibrozila associada a uma estatina é contraindicada para todas as pessoas, devido ao aumento do risco de miopatia. Em pacientes com síndrome de Gilbert, essa interação é ainda mais acentuada, pois a glicuronidação é uma via importante para o metabolismo de algumas estatinas, e essa via fica comprometida em pacientes com síndrome de Gilbert. Os pacientes com síndrome de Gilbert também podem apresentar aumento do risco de intolerância a estatinas e, portanto, devem ser monitorados com atenção ao receber esses medicamentos. Caso a terapia combinada de fibrato–estatina seja necessária, o fenofibrato é uma opção mais segura que a genfibrozila, mas também deve ser usado com precaução.[38][39]
O irinotecano é um agente antineoplástico usado no tratamento do câncer colorretal metastático. A hidrólise do irinotecano leva à formação de SN-38, um potente inibidor de topoisomerase I. A glicuronidação do SN-38 é catalisada pela uridina difosfato glucuronosiltransferase (UDPGT), a enzima responsável pela síndrome de Gilbert.
Estudos mostraram níveis reduzidos de glicuronídeo SN-38 em pacientes homozigotos ou heterozigotos para o alelo variante de (TA)TAA (polimorfismo UGT1A1*28). Isso resulta em risco significativamente elevado de toxicidade por irinotecano, e recomenda-se o rastreamento de pacientes para este polimorfismo UGT1A1.
Deve-se evitar o irinotecano em pacientes com síndrome de Gilbert.[32]
Os pacientes com inibidor da protease (por exemplo, atazanavir) ou sorafenibe em combinação com irinotecano também podem desenvolver toxicidade grave ao irinotecano.[14][17][18]
Existe a preocupação de que determinados medicamentos podem causar efeitos adversos devido à forma como interagem com a fisiologia dos pacientes com síndrome de Gilbert.[14]
Evitar paracetamol por via oral nas doses recomendadas não é uma decisão apoiada atualmente. Estudos baseados na administração intravenosa de paracetamol constataram glicuronidação reduzida do medicamento em pacientes com síndrome de Gilbert, mas não foi estabelecida nenhuma correlação após a administração oral.[33][34][35]
O polimorfismo do UGT1A1*28 pode estar associado ao desenvolvimento de hiperbilirrubinemia indireta em pacientes com artrite reumatoide em tratamento com tocilizumabe, um anticorpo monoclonal contra o receptor interleucina-6. Nenhuma outra evidência de toxicidade hepática grave foi demonstrada nesses pacientes.[26]
Foi feita uma observação relacionada à variante UGT1A1*28 nos dois pacientes que estavam recebendo tratamento para hepatite C com interferona peguilada e ribavirina. É possível que esses pacientes tenham desenvolvido um nível mais elevado de bilirrubina indireta devido à ribavirina, em comparação com pacientes que não carregam essa variante.[36] No entanto, um estudo subsequente não mostrou nenhuma correlação entre a presença de UGT1A1*28 e efeitos adversos relacionados à ribavirina entre pacientes com hepatite C crônica.[37]
Um aumento do risco de hiperbilirrubinemia também foi identificado entre pacientes com síndrome de Gilbert tratados com inibidores da protease, como atazanavir, e entre pacientes tratados com o inibidor de tirosina quinase sorafenibe.[14][27]
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