Etiologia

Semelhantemente a tumores de pele pré-malignos como ceratoses actínicas, a incidência dos tumores de pele não melanoma varia significativamente a depender do fenótipo ou da pigmentação constituinte da pele, da exposição cumulativa ao sol e da latitude geográfica. Além da exposição solar ultravioleta (UV), sabe-se que outros fatores aumentam o risco de carcinoma de células escamosas (CCE), como radiação ionizante; queimaduras; terapia prévia com psoraleno e luz UV-A; doenças hereditárias da pele; toxinas ambientais como arsênico, fuligem e alcatrão; papilomavírus humano; e alguns estados imunocomprometidos.[21][22][23][24]​​​​

Houve relato de CCE com origem apenas nas áreas tingidas de vermelho em uma tatuagem multicolorida, sugerindo que a tinta vermelha de tatuagem na pele pode ser um fator de risco infrequente para o desenvolvimento de CCE.[25]

Fisiopatologia

O carcinoma de células escamosas (CCE) surge em ceratinócitos que tiveram proliferação descontrolada em decorrência de mutações e transformação maligna das células.[26]​ A luz UV é absorvida na pele e pode produzir eritema imediato e queimadura solar e, com o passar do tempo, fotoenvelhecimento e cânceres de pele. Estudos laboratoriais têm mostrado que a região UV-B (290-320 nm) do espectro solar é a principal responsável por esses efeitos.[27] A exposição crônica à radiação UV pode causar mutações no ácido desoxirribonucleico (DNA) celular. O acúmulo de anormalidades genéticas leva à transformação maligna, proliferação descontrolada e formação de câncer.[28]

É amplamente aceito o fato de que os CCEs se desenvolvem por meio de um processo de várias etapas que envolve a ativação de proto-oncogenes e/ou a desativação de genes supressores de tumor.[29][30][31]​​ O dano inicial ocorre no DNA e, depois disso, o DNA é reparado por uma matriz complexa de proteínas reparadoras de genes.[32]

As pesquisas têm produzido algumas informações importantes sobre alguns dos mecanismos subjacentes à carcinogênese.

Demonstrou-se que os níveis de PTEN (um supressor de tumor que funciona como um regulador negativo da sinalização AKT/p38) estão reduzidos no CCE em camundongos. Isso também ocorre nas ceratoses actínicas e nos CCEs em humanos, o que reforça o papel importante do PTEN na prevenção da formação e da progressão do câncer de pele humano.[30]

A ciclosporina está associada a um aumento do risco de câncer de pele, especificamente o CCE. Acredita-se que ela promova o câncer de pele por meio da imunossupressão; no entanto, estudos sugerem um mecanismo independente da imunossupressão na carcinogênese da pele, promovendo o crescimento do tumor primário da pele em camundongos imunodeficientes e o crescimento de ceratinócitos in vitro, bem como aumenta a sobrevivência dos ceratinócitos a partir da remoção da matriz extracelular ou da radiação UV-B.[33] A ciclosporina também pode prejudicar a integridade genômica dos ceratinócitos em resposta aos raios UV-B.[34]

Níveis elevados do fator de crescimento endotelial vascular A (VEGF-A), que desempenha um papel fundamental na angiogênese da pele humana, estão presentes no CCE. Demonstrou-se que o microRNA miR-361, que regula a produção de VEGF-A, encontra-se reduzido no CCE em comparação com a pele normal, e pode ter alguma participação nos casos de câncer de pele.[35]

Outras vias foram implicadas na patogênese do CCE cutâneo, por exemplo:[36][37][38][39]

  • Expressão elevada de COX-2

  • Expressão elevada de CXCR7

  • Up-regulation de CD109

  • Mutação pontual de KNSTRN

Classificação

Tipos de carcinoma de células escamosas (CCE)

  • Ceratose actínica: lesões precursoras dos CCEs

  • CCE in situ (doença de Bowen): confinado à camada externa da pele

  • CCE invasivo: disseminação para as camadas mais profundas da pele

  • CCE metastático: disseminação para outras partes do corpo

Os itens a seguir são variantes do CCE.

Ceratoacantoma:

  • Manifesta-se como um nódulo em forma de domo, com rápido crescimento e uma cratera central preenchida com queratina.

  • Geralmente cresce durante semanas a meses e involui depois de 2 a 3 meses.

  • Existe um debate sobre o potencial maligno dos ceratoacantomas, mas a maior parte dos dermatologistas prefere retirar esses tumores, pois muitos os consideram uma variação bem diferenciada do CCE.[1][2]

Carcinoma verrucoso:

  • Pode ser localmente destrutivo, mas raramente espalha metástases.

  • As lesões aparecem como nódulos verrucosos, exofíticos e vegetantes, ou placas na pele ou na mucosa.

  • É subdividido ainda de acordo com a localização: cavidade oral (papilomatose oral florida ou tumor de Ackerman); região anogenital (tumor de Buschke-Lowenstein); planta do pé (epitelioma cuniculatum).

Úlcera de Marjolin:

  • CCE agressivo e ulcerativo que surge em feridas crônicas, queimaduras, cicatrizes ou úlceras.[3]

  • Tem uma alta taxa de metástase, de quase 40%.[4]

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