História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os principais fatores de risco incluem idade avançada, doença cardiovascular prévia, tabagismo, dislipidemia, diabetes e obesidade.

dor torácica

O sintoma mais comum de infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST) é o desconforto e a dor torácica. Descrita como uma sensação de aperto, peso, dor, queimação ou pressão.

A dor é mais frequentemente retroesternal e muitas vezes pode irradiar para o braço esquerdo, mas pode irradiar também para a mandíbula, pescoço, ambos os braços, costas e epigástrio, mimetizando pirose.[2][16]

diaforese

Sinal ou sintoma clássico de infarto agudo do miocárdio.

Outros fatores diagnósticos

comuns

dispneia

A dispneia é frequente e, provavelmente, secundária à diminuição do débito cardíaco, mas pode também ser devida a uma congestão pulmonar subjacente.

A franca insuficiência cardíaca congestiva, estase jugular, edema pulmonar e choque cardiogênico podem estar presentes e os pacientes com essas afecções apresentam alto risco de desfecho desfavorável.[2]

fraqueza

Manifestação mais comum em mulheres, idosos e diabéticos.

ansiedade

Os pacientes podem apresentar ou expressar ansiedade. Eles também podem relatar uma sensação de morte iminente.

náuseas e vômitos

Pode ser o único sintoma.

Os sintomas atípicos são mais comuns em mulheres, idosos e diabéticos.

dor abdominal

Pode ser o único sintoma.

Os sintomas atípicos são mais comuns em mulheres, idosos e diabéticos.

hipertensão

Os pacientes podem ter hipertensão subjacente. Em alguns casos, isso reflete excesso de atividade simpática.

Incomuns

aparecimento no começo da manhã

Os eventos atingem intensidade máxima de manhã cedo, presumivelmente provocados pelo estresse hemodinâmico decorrente do aumento do cortisol sérico, hormônios adrenérgicos e agregação plaquetária.

síncope

Pode ser o único sintoma.

Mais comum em mulheres, idosos e diabéticos.

hipotensão

Depende da extensão e da localização do infarto.

arritmias

Presença de palpitações ou taqui ou bradiarritmias.

bulhas cardíacas anormais

Presença de terceira e quarta bulhas cardíacas e desdobramento paradoxal da segunda bulha cardíaca.

Fatores de risco

Fortes

aterosclerose (história de angina, infarto do miocárdio, AVC, ataque isquêmico transitório, doença vascular periférica)

A cardiopatia aterosclerótica é o mecanismo subjacente na doença arterial coronariana (DAC). Ela evolui em décadas e pode começar na infância. Um estudo encontrou lesões intimais na aorta em todos aqueles com idade entre 15 a 19 anos e na artéria coronária direita em mais da metade daqueles nessa idade.[18] A aterosclerose permanece normalmente silenciosa até que um evento agudo ocorra (por exemplo, a síndrome coronariana aguda). Um estilo de vida sedentário, ingestão de excesso de calorias e o tabagismo estão fortemente associados à aterosclerose.

Em uma condição aguda, a presença ou a ausência dos fatores de risco tradicionais para a DAC não é específica ou sensível para o diagnóstico do infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST). Entretanto, pode ser importante para determinar o prognóstico na síndrome coronariana aguda e direcionar as estratégias de prevenção secundária.[2]

diabetes

Os pacientes com diabetes mellitus correm um risco maior de doença arterial coronariana (DAC). Os mecanismos não são completamente conhecidos, mas eles podem refletir as anormalidades vasculares da inflamação, obesidade, hipertensão, dislipidemia e hipercoagulabilidade.

Aproximadamente 20% a 25% de todos os pacientes com IAMSSST têm diabetes e a DAC representa cerca de 75% de todas as mortes na população diabética.[2][19] O diabetes está associado a DAC mais extensa, a lesões instáveis e a desfechos em longo prazo menos favoráveis (morte, infarto do miocárdio, readmissão por síndrome coronariana aguda), após revascularização coronária, especialmente a intervenção coronária percutânea.[2]

tabagismo

O tabagismo é a segunda principal causa de morte nos EUA.[20]​ A mortalidade geral entre fumantes nos EUA é 3 vezes maior que a de indivíduos que nunca fumaram.[21]​ Os fumantes de cigarros são substancialmente mais propensos que os não fumantes a desenvolverem doença arterial coronariana (DAC) e a terem um AVC.[22] O tabagismo aumenta o risco de DAC pela promoção direta da aterosclerose, fornecimento reduzido de oxigênio no sangue, aumento da trombogênese e espasmo da artéria coronária.

A exposição passiva do tabaco também aumenta significativamente o risco de cardiopatia.[23]

Um relatório sobre as consequências de saúde pública dos cigarros eletrônicos produzido pela National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine constatou que, além da nicotina, a maioria dos produtos de cigarros eletrônicos contém e emite várias substâncias potencialmente tóxicas.[24]​ Um número cada vez maior de evidências sugere que os cigarros eletrônicos e seus componentes em aerossol têm um efeito negativo sobre o sistema cardiovascular.[25]

dislipidemia

O colesterol é o constituinte principal das placas ateroscleróticas avançadas. A dieta ocidental, a ingestão de calorias excessivas e o estilo de vida sedentária são os contribuintes mais fortes para a dislipidemia. Grandes estudos epidemiológicos identificaram firmemente um aumento do risco de infarto do miocárdio (IAM) com anormalidades lipídicas séricas (principalmente o LDL [lipoproteína de baixa densidade] alto, triglicerídeos elevados e HDL [lipoproteína de alta densidade] baixo).[26][27] Os níveis de LDL são os mais relacionados a esse risco.

A terapia hipolipemiante reduz os eventos isquêmicos futuros e limita a progressão da doença.[28] Os níveis de LDL mais baixos estão relacionados à redução de morte por IAM ou síndrome coronariana aguda.[29]

história familiar de doença arterial coronariana (DAC) prematura

Definida como DAC prematura em membros familiares (homens <55 anos; mulheres <65 anos). A história familiar inclui um parente de primeiro grau com história de infarto do miocárdio, morte súbita cardíaca, dissecção da aorta, intervenção coronária percutânea ou cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). Os distúrbios hereditários (primários) do metabolismo das lipoproteínas são uma causa importante. No exame físico, os pacientes podem apresentar xantomas eruptivos, lipemia retiniana (acúmulo de lipídio dentro dos vasos retinianos) ou xantomas tendinosos. No contexto agudo do IAMSSST, a presença ou ausência de história familiar não ajuda no tratamento, mas a presença de história familiar aumenta a probabilidade de IAMSSST e está associada a aumento do risco de eventos cardíacos em 30 dias em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA).[2]

idade >65 anos

Quase 60% das pessoas hospitalizadas com IAMSSST como diagnóstico primário têm >65 anos de idade.[30] Entre 1990 e 1999, a idade média de pacientes com IAMSSST aumentou de 65 para 68 anos.[8] Pacientes mais velhos têm maior risco de DAC subjacente e DAC de múltiplos vasos.[31]​ Eles apresentam maior risco de efeitos adversos que os pacientes mais jovens.[2]

hipertensão

Um fator de risco importante para desfechos desfavoráveis em pacientes com síndrome coronariana aguda.[2] A hipertensão é um dos fatores de risco mais prevalentes para a doença arterial coronariana nos EUA.[32] O tratamento eficaz da hipertensão reduz dramaticamente o risco de eventos cerebrovasculares, insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio futuro.[32] A pressão arterial elevada induz a hipertrofia ventricular e a disfunção/dano endotelial, promovendo aterosclerose, tudo isso predispondo o paciente a eventos cardíacos.

obesidade e fenótipo de síndrome metabólica

A ingestão de calorias excessivas aumenta os níveis de LDL, colesterol total e triglicerídeos. A obesidade e o fenótipo metabólico (obesidade abdominal com história conhecida de hiperlipidemia, hipertensão e resistência insulínica) predispõem à DAC.[33][34][35]​ A circunferência da cintura é um indicador de gordura intra-abdominal, e uma circunferência da cintura grande está associada a um risco aumentado de doença cardiovascular independente do índice de massa corporal.[36]​ Exames de imagem mostraram uma associação entre níveis elevados de gordura intra-abdominal e o excesso de deposição de gordura no fígado.[37]​ O equivalente clínico disso é a doença hepática gordurosa não alcoólica, a qual representa um fator de risco para doença cardiovascular aterosclerótica.[38]​ Aumento do débito cardíaco e da volemia para suprir o tecido adiposo, rico em vascularização. A obesidade está associada a disfunção diastólica e é um forte estímulo para a hipertrofia ventricular esquerda.[34] As adipocinas e outros hormônios secretados pelo tecido adiposo estão altamente vinculados à inflamação e à aterosclerose.

sedentarismo

O risco relativo de DAC associado ao sedentarismo varia de 1.5 a 2.4, um aumento comparável ao do colesterol alto, PA alta e tabagismo.[39] A atividade física tem efeitos psicológicos, antiescleróticos, antitrombóticos, anti-isquêmicos e antiarrítmicos importantes na prevenção primária e secundária da DAC.[32][40] O exercício regular aumenta a capacidade cardiorrespiratória e diminui a exigência de oxigenação miocárdica. Isso corresponde à menor mortalidade e ao risco reduzido de DAC e morbidade causada por IAMSSST.[41] [ Cochrane Clinical Answers logo ] A atividade física regular e constante diminui a PA, reduz os níveis de lipídios, reduz a adiposidade, aumenta a sensibilidade à insulina e diminui a inflamação, o estresse e a atividade adrenérgica.[40]

uso de cocaína

Dados sugerem que a cocaína representa até 25% de infartos agudos do miocárdio (IAM) em pessoas com 18 a 45 anos de idade.[42] O risco de vida de IAM não fatal com o uso de cocaína é 7 vezes maior que o risco de não usuários.[43] Na primeira hora após o uso de cocaína, o risco de IAM é 24 vezes maior que o risco inicial.[44] Isso é provavelmente consequência do vasoespasmo coronariano induzido pela cocaína e pela trombose, em associação com o efeito direto na frequência cardíaca e na pressão arterial. A cocaína também tem propriedades tóxicas diretas para o miocárdio.[2]

depressão

Um preditor independente de futuro infarto do miocárdio em pessoas que sempre foram saudáveis.[45][46]

trombose de stent ou reestenose

A trombose de stent ou a reestenose intrastent pode provocar infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST, IAMSSST ou angina instável. Tanto a trombose de stent quanto a reestenose têm causas, fatores desencadeantes, fisiopatologia e fatores de risco complexos. O importante é que a interrupção dos agentes antiplaquetários em pacientes com stents (farmacológicos e metálicos) pode ser um fator desencadeante de uma síndrome coronariana aguda.[47]

doença renal crônica

Os pacientes com doença renal crônica têm um risco maior de IAMSSST e um prognóstico pior após um IAMSSST.[48]

procedimentos cirúrgicos (incluindo os períodos intraoperatório e pós-operatório)

O IAMSSST é uma complicação relativamente comum de todos os tipos de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos. O tipo de cirurgia, os fatores de risco do paciente e a história prévia do paciente são contribuintes importantes para o IAMSSST pós-operatório. Frequentemente, isso é detectado como um aumento nos marcadores cardíacos, nos dias posteriores ao procedimento cirúrgico. A avaliação de risco pré-operatório e as etapas adicionais para reduzir o risco de isquemia miocárdica/estresse podem prevenir essa complicação ou possibilitar um reconhecimento e terapia precoces.[49]

apneia do sono

A apneia obstrutiva do sono (AOS) moderada a grave não tratada tem sido associada com um aumento de 17% no risco relativo de eventos cardiovasculares, comparada com o risco em pacientes sem AOS.[50]

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