Novos tratamentos

Inibidores de alfa-glicosidase

Pequenos estudos revelaram que a acarbose pode reduzir os níveis de androgênio, melhorar o hirsutismo e diminuir a irregularidade menstrual em mulheres com síndrome do ovário policístico (SOPC) bem como melhorar os marcadores de risco cardiovascular.[148]​ Seu uso é limitado pelos efeitos adversos gastrointestinais.

Estatinas

Foi demonstrado que as estatinas administradas em conjunto com pílulas contraceptivas orais reduzem ainda mais os níveis circulantes de andrógenos, melhoram o perfil lipídico, reduzem o hirsutismo e melhoram os marcadores de inflamação na SOPC.[149]Estudos também sugeriram que as estatinas podem ser benéficas em conjunto com a metformina.[150] Embora uma revisão Cochrane tenha revelado que a atorvastatina reduziu os níveis de andrógenos (incluindo testosterona total, índice de andrógenos livres, androstenediona e desidroepiandrosterona) em mulheres com SOPC, outra revisão Cochrane concluiu que é incerto se as estatinas melhoram o hirsutismo, a acne, a testosterona ou a regularidade menstrual devido a evidências limitadas.[151][152]​ Pelo menos um estudo revelou que as estatinas podem reduzir a sensibilidade à insulina na SOPC, e uma metanálise concluiu que a terapia com atorvastatina pode reduzir a resistência insulínica na SOPC.[153][154]​​ Em geral, as estatinas foram associadas a um risco de diabetes inicial, e as mulheres parecem ser particularmente suscetíveis.[155] Embora ainda sejam experimentais, ensaios clínicos adicionais podem estabelecer um papel para as estatinas na SOPC. Apesar do uso da estatina não ser recomendado isoladamente para tratar o hiperandrogenismo na SOPC, o tratamento é aceitável em mulheres que atendem aos critérios atuais baseados em risco cardiovascular.​[31]​​​[156]

Medicamentos para perda de peso

Agentes para perda de peso, como orlistate e rimonabanto, foram fornecidos para mulheres com SOPC em alguns ensaios clínicos. Esses agentes parecem facilitar a perda de peso e resultam em efeitos metabólicos e hormonais benéficos.[157][158]​ Uma metanálise revelou que o orlistate reduziu significativamente o IMC em mulheres com SOPC em comparação com o placebo, mas a evidência era de qualidade muito baixa.[159] Outra metanálise relatou melhora nos desfechos de peso, hormônios, lipídios, insulina e fertilidade com orlistate associado a pílulas contraceptivas orais em comparação com pílulas contraceptivas orais isoladamente.[160]

Cirurgia bariátrica

Alguns ensaios pequenos acompanharam mulheres obesas com SOPC após a cirurgia bariátrica. A maioria das mulheres restaurou os ciclos menstruais regulares, acompanhados pela redução nos sintomas e sinais hiperandrogênicos, e algumas mulheres conseguiram engravidar.[157][161]​​​ Uma metanálise de seis estudos revelou que a gastrectomia vertical em mulheres com SOPC resultou na redução da irregularidade menstrual, níveis mais baixos de testosterona e aumento da globulina ligadora de hormônios sexuais, juntamente com melhora no IMC e nos parâmetros glicêmicos e lipídicos.[162]​ Uma metanálise constatou que a prevalência da SOPC caiu de 46% para 7% após a cirurgia bariátrica, com melhoras na irregularidade menstrual e no hirsutismo.[163]​ Alguns dados sugerem que a cirurgia bariátrica pode ser mais eficaz nos desfechos da gravidez do que a metformina em mulheres com SOPC e IMC >40 kg/m².[164]

Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pulsátil

O GnRH pulsátil pode ser fornecido por bomba de infusão intravenosa ou subcutânea automatizada para induzir a ovulação. Esse tratamento apresenta risco mínimo e cerca de 50% de taxa de ovulação. A principal vantagem é não haver risco de gestação múltipla ou hiperestimulação ovariana. Contudo, tal efetividade na proporção de nascidos vivos não foi adequadamente estabelecida.[165] Portanto, essa opção pode ser melhor para mulheres com risco de síndrome de hiperestimulação ovariana (SHEO) ou que tiveram SHEO grave.

Gonadotrofinas in vitro

Uma medida altamente experimental para evitar a síndrome de hiperestimulação ovariana durante a fertilização in vitro é recuperar os oócitos imaturos e tratá-los com gonadotrofinas in vitro para maturá-los antes da fertilização e implantação.[166] Evidências muito limitadas de ensaios clínicos randomizados sugerem que a maturação in vitro pode elevar a taxa de gravidez clínica.[167] Na ausência de ensaios randomizados suficientes, uma metanálise de evidências concorrentes sugeriu taxas mais altas de gestação clínica e nidação com esta técnica, mas foi inconclusiva sobre se a taxa de nascimentos aumentou.[168]

Opção de congelamento do embrião

Um ensaio clínico multicêntrico randomizou 1508 mulheres inférteis com SOPC que passavam pelo primeiro ciclo de fertilização in vitro para receber um ou dois embriões frescos ou um ou dois embriões previamente congelados; o último grupo apresentou taxas mais altas de natalidade, menos perdas gestacionais e menor frequência de síndrome de hiperestimulação ovariana; por outro lado, apresentou taxas mais altas de pré-eclâmpsia.[169] Nesse ensaio clínico, as gravidezes com feto único derivadas de embriões congelados tiveram maior probabilidade de ser grandes para a idade gestacional, enquanto as gravidezes de gêmeos tiveram risco mais alto de pré-eclâmpsia.[170] São necessários mais estudos para estabelecer o papel da transferência de embriões congelados no manejo de mulheres inférteis com SOPC.

Acupuntura

Vários estudos promoveram a acupuntura como um tratamento de fertilidade na SOPC; entretanto, dadas as evidências inconclusivas do benefício reprodutivo na quantidade limitada de ensaios clínicos randomizados e controlados (ECRC) realizados até agora, e a possibilidade de dano, esse tratamento deve ser considerado experimental.[171] A metanálise dos poucos ECRC disponíveis em mulheres submetidas à tecnologia de reprodução assistida sugeriu melhora nas taxas de gravidez, mas nenhum benefício na taxa de nascidos vivos com acupuntura manual ou eletroacupuntura, embora os estudos incluídos foram considerados insuficientemente robustos para tirar conclusões firmes.[172][173]​ Após essa metanálise, um ensaio clínico multicêntrico randomizou 1000 mulheres com SOPC para acupuntura ativa ou simulada, com ou sem clomifeno (250 em cada grupo); o clomifeno aumentou a taxa de nascidos vivos, a acupuntura ativa, não.[174]

Tiazolidinedionas

As tiazolidinedionas sensibilizantes de insulina (por exemplo, rosiglitazona, pioglitazona) foram estudadas na SOPC, mas em bem menos estudos que a metformina. Não são comumente usadas na SOPC, pois podem induzir o ganho de peso. Nos EUA, de 2010 a 2013, o uso de rosiglitazona foi restrito em razão de uma possibilidade de aumentar o risco de infarto do miocárdio, e ela não é mais comercializada na União Europeia. O uso de longa duração da pioglitazona foi associado a um possível risco de câncer de bexiga. Estudos em animais sugerem que as tiazolidinedionas podem estar associadas à restrição do crescimento fetal.[175]​ As tiazolidinedionas parecem ter efeitos semelhantes aos da metformina em relação à ovulação e gravidez na SOPC.[176]​ Uma metanálise relatou que as tiazolidinedionas isoladas e a metformina associada a uma tiazolidinediona são mais eficazes para melhorar o metabolismo lipídico do que a metformina isolada.[177]

Agonistas do receptor de peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1)

Metanálises revelaram que a exenatida e a liraglutida podem melhorar o peso e os níveis de glicose em mulheres com SOPC.[178][179]​​​​ O efeito adverso mais significativo foi náusea.[180]​ Uma metanálise revelou que a liraglutida associada à metformina foi mais eficaz do que a metformina isolada em termos de perda de peso, circunferência da cintura, glicemia em jejum e insulina em jejum, mas a incidência de reações adversas foi alta.[178] Em alguns estudos, esses agentes melhoraram modestamente os níveis de andrógenos e melhoraram a frequência menstrual, e alguns dados sugerem aumento das taxas de gravidez e ovulação em comparação com a metformina.[179][180][181]​​ Um pequeno estudo revelou que o tratamento com semaglutida resultou em perda de peso e normalização dos ciclos menstruais na maioria das mulheres tratadas com SOPC.[182] Estudos adicionais são necessários para os novos agonistas do receptor de GLP-1 na SOPC.

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