História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

sintomas positivos

Sintomas positivos se referem aos sintomas que ultrapassam o que seria considerado como funcionamento normal. Esses sintomas incluem alucinações, ideação delirante, distúrbios de pensamentos e comportamento bizarro.

sintomas negativos

Sintomas negativos se referem aos sintomas que são resultantes de um deficit no que seria considerado como funcionamento normal. Exemplos de sintomas negativos incluem anedonia, desmotivação, isolamento social ou embotamento afetivo.

distúrbios de percepção

Distúrbios de percepção incluem ilusões e alucinações.

A percepção pode estar anormal em qualquer uma das modalidades sensoriais. Alucinações auditivas são as mais comuns. Elas podem ser percebidas como vindo de dentro ou de fora da mente do paciente, e geralmente são descritas como comandos depreciativos ou conversas e comentários contínuos.

Alucinações visuais podem estar presentes, mas com menor frequência. Em uma proporção muito menor, alucinações gustativas e olfativas podem se manifestar (exacerbadas por odores e gostos desagradáveis).

Alucinações táteis (choques elétricos, sensação de rastejamento) raramente se manifestam no transtorno esquizoafetivo (e sua presença deve suscitar a exclusão de psicose induzida por medicamentos). Alucinações cenestésicas são ainda menos frequentes. Outras experiências perceptivas como desrealização e déjà vu são possíveis; porém, se proeminentes, deve-se considerar uma ressonância nuclear magnética para descartar lesões estruturais do cérebro.

delírios

Delírios são crenças falsas fixas que não pertencem ao histórico cultural do paciente. Eles começam a se desenvolver no início da doença, possivelmente como uma tentativa de explicar alterações prodrômicas e vivenciais. Nesse processo, os delírios podem mudar em foco e em complexidade. Os delírios ou seu núcleo podem se tornar sistematizados (inalterados por longos períodos de tempo).

Temas comuns de delírios no transtorno esquizoafetivo, assim como na esquizofrenia, são de perseguição, de grandiosidade, niilistas (também comum na depressão), religiosos e somáticos.

Outros delírios comuns no transtorno esquizoafetivo são aqueles que envolvem o controle e a transmissão de pensamentos. O controle do pensamento pode ser vivenciado como inserção de pensamento (alguém colocando pensamentos na mente da pessoa) e retirada de pensamento (alguém removendo pensamentos da mente de uma pessoa).

perturbações nas emoções

Perturbações nas emoções, como ansiedade, depressão, exaltação e perplexidade também podem ocorrer a qualquer momento durante a evolução da doença. Ocorrem com maior frequência que na esquizofrenia.

afeto incongruente

O afeto incongruente é comum e se refere à incongruência entre o conteúdo do pensamento e a fala. Ocorrem com maior frequência que na esquizofrenia.

distúrbios de fluxo e forma de pensamento

A incapacidade de oferecer uma resposta precisa como resultado da inclusão demasiada de detalhes desnecessários é chamada de circunstancialidade.

Pensamento tangencial refere-se à incapacidade de se manter em um tópico, mudando de um assunto para outro com a mínima conexão (quando extremo, provoca incoerência, como na frouxidão de associações).

Verbigeração é a repetição de palavras na ausência de um estímulo (em contraste com a perseveração, que é a repetição da mesma resposta a diferentes estímulos).

Salada de palavras é uma forma de discurso no qual não há conexão entre as palavras usadas.

anormalidades cognitivas

Mais notavelmente, há deficits na função executiva e, até certo grau, na memória de trabalho.

sintomas deficitários

Sintomas negativos podem ocorrer a qualquer momento durante a evolução da doença.[40] Eles podem ser agravados por psicose aguda, depressão e efeitos adversos de medicamentos.

Os sintomas negativos mais comuns são isolamento social (supressão de interações interpessoais), avolição (diminuição de interesses e atividades), embotamento afetivo, alogia (diminuição quantitativa e qualitativa na fala) e anedonia (incapacidade de sentir prazer em qualquer atividade antes prazerosa).

episódios depressivos maiores

Episódios de humor maiores (depressão maior ou mania) devem ocorrer durante, pelo menos, metade do tempo em que o paciente satisfizer os critérios de esquizofrenia.[1] Os sintomas de depressão maior incluem humor depressivo, falta de interesse/prazer, alterações de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, sentimentos de inutilidade ou culpa, concentração reduzida e ideação suicida. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento social, ocupacional ou em outras áreas importantes de atuação.

episódios maníacos

Episódios de humor maiores (depressão maior ou mania) devem ocorrer durante, pelo menos, metade do tempo em que o paciente satisfizer os critérios de esquizofrenia.[1] Autoestima inflada, diminuição da necessidade de dormir, aumento da loquacidade, aceleração dos pensamentos, fácil distração, aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora, engajando-se em atividades que têm o potencial de consequências prejudiciais.

Outros fatores diagnósticos

comuns

deficit neurológico

O exame neurológico geralmente não revela deficit neurológico grosseiro. "Sinais leves" (achados neurológicos menores) são encontrados em mais de metade dos pacientes com esquizofrenia (e provavelmente com transtorno esquizoafetivo) e em um número considerável de seus familiares consanguíneos. Deficits podem ser encontrados na coordenação motora, nos movimentos oculares de rastreio lentos, na integração sensorial, na orientação direita-esquerda e em outras áreas.[32][33] O valor clínico desses achados é muito limitado. Entretanto, um estudo sugere que a presença de disfunção de coordenação motora primária na apresentação inicial pode estar associada a uma evolução mais grave, sem remissão, e pode ajudar a identificar pacientes que se beneficiariam de abordagens de tratamento precoce e mais assertivas.[34]

história familiar

É comum a observação de história familiar de esquizofrenia. O risco de um paciente desenvolver esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo está diretamente relacionado à presença da doença em sua família.

comprometimento funcional

O funcionamento social e ocupacional é geralmente prejudicado; no entanto, este não é um critério determinante do transtorno esquizoafetivo. Esses comprometimentos podem ser menos graves e persistentes que na esquizofrenia.[35]

Incomuns

distúrbios de comportamento

Distúrbios de comportamento incluem maneirismo (comportamentos afetados direcionados a objetivos), estereotipias (movimentos repetitivos uniformes), paracinesia (por exemplo, caretas, tremores e sacudidas), ecopraxia (repetição de um movimento observado nos outros), obediência automática (execução automática de ordens) e flexibilidade cérea (capacidade de manter posições impostas por longos períodos de tempo).

Catatonia pode ser observada com agitação ou retardo psicomotor. Estupor catatônico está associado a uma resposta diminuída ao ambiente, imobilidade e mutismo (na sua forma mais intensa). Rigidez catatônica refere-se à imobilidade e à resistência ao movimento. Negativismo catatônico ocorre quando um paciente recusa todas as instruções, e excitação catatônica ocorre quando um paciente exibe um aumento geral na atividade motora que não constitui uma resposta ao ambiente externo.

Fatores de risco

Fortes

história familiar de esquizofrenia

A probabilidade de uma pessoa desenvolver transtorno esquizoafetivo se houver uma história familiar de esquizofrenia está correlacionada à proximidade do parentesco.

uso de substâncias

Há fortes evidências de que o uso de drogas aumenta a incidência de psicose e que o uso de drogas por pacientes com transtorno esquizoafetivo e esquizofrenia causa descompensação psicótica.[16][17] O uso de substâncias é muito comum em pacientes com transtorno esquizoafetivo.[18]

Fracos

idade do pai no nascimento do paciente

Evidências sugerem que se o pai tiver mais de 35 anos ou menos de 20 anos de idade, há um aumento na incidência de esquizofrenia nos descendentes.[19] Essa correlação está presente apenas em pacientes sem uma história familiar de esquizofrenia. Isso provavelmente também se aplica ao transtorno esquizoafetivo.

estresse psicológico

Evidências sugerem uma ligação entre estressores psicológicos e o início do transtorno esquizoafetivo.[20]

ambiente

Abuso na infância é um dos fatores mais estudados, mas o desfecho desses estudos com relação à associação entre o abuso e o transtorno esquizoafetivo é inconclusivo.[21]

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