Caso clínico

Caso clínico

Uma mulher solteira de 26 anos é consultada no ambulatório acompanhada de sua mãe. Ela está vestida de forma provocativa e afirma que é filha de Whitney Houston, além de ser uma pessoa muito importante que conhece muitos atores. Em alguns momentos, observa-se que ela direciona sua atenção para partes aleatórias da sala, supostamente como resultado de alucinações auditivas ativas. Ela também acredita que tudo que pensa realmente acontecerá. A paciente relata que sempre foi tímida, com poucos ou nenhum amigo, enquanto crescia. Ela começou a apresentar distúrbios perceptivos por volta dos 18 anos de idade, quando "via espíritos, mas não os ouvia". Na época, ela também se tornou ciente de sua habilidade de prever o futuro. Por exemplo, uma vez, olhou em direção ao aeroporto e sabia que dois aviões sofreriam acidentes no futuro. Ela queria telefonar para alguém para avisar, mas não sabia para quem telefonar. Dias depois, houve dois acidentes. Apesar dessas experiências tão incomuns, ela foi capaz de estudar para técnica dentária e teve um emprego estável por 5 anos. Durante esse tempo, a paciente começou a apresentar mais alucinações auditivas. Ela as descreveu como vozes que conversam, algumas vezes gritam ou dão ordens e, até mesmo, dizem-lhe para se matar, quando sob estresse. Ela também relatou que resistia às vozes distraindo-se, pois não queria morrer. No ano passado, ela também apresentou um episódio misto, durante o qual não dormiu durante mais de uma semana, sentia-se "para cima", impulsiva, com sensações de "formigamento" e, também, deprimida. Na época, ela decidiu que não poderia continuar a trabalhar no mesmo local e abandonou o emprego; desde então, não conseguiu outro emprego. Na época de suas avaliações iniciais, ela morava com seus pais e irmão. Cerca de 1 ano atrás, ela começou a tomar um medicamento antipsicótico, que diminuiu a intensidade das vozes e o medo de que outras pessoas pudessem ouvir seus pensamentos. Durante o último ano, ela apresentou sintomas maníacos a maior parte do tempo (inclusive grandiosidade, impulsividade, diminuição do sono e sintomas mistos de humor). Isso culminou em uma exacerbação cerca de 6 meses atrás, que demandou uma hospitalização psiquiátrica. No exame físico, ela estava sentada no leito em uma posição provocativa. Sua fala tinha um tom agudo. Ela parecia relaxada, embora ficasse tensa em momentos aleatórios. Seu processo de pensamento estava lento e tangencial, com silêncios involuntários e intermitentes no meio da fala condizentes com bloqueio de pensamento. Sua atenção espontânea estava moderadamente diminuída. Nenhum pensamento suicida ou homicida ativos estavam presentes; no entanto, ela relatou que as vozes insistiam que ela deveria pular pela janela. Sua crítica e julgamento estavam prejudicados.

Outras apresentações

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, baseado na história e no tipo dos sintomas afetivos, define dois tipos de transtorno esquizoafetivo: o tipo bipolar, que é diagnosticado quando há pelo menos um episódio maníaco (também podem ocorrer episódios depressivos maiores); e o tipo depressivo, que é diagnosticado se todos os episódios de humor tiverem sido exclusivamente episódios depressivos maiores (isto é, nenhuma história de episódios maníacos ou mistos).[1]

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