Epidemiologia

O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos patógenos mais importantes na primeira infância, sendo a causa mais comum de bronquiolite e pneumonia nessa fase no mundo todo.[5][6][7]

O VSR geralmente é transmitido por contato direto ou próximo com secreções contaminadas, o qual pode ocorrer por exposição a gotículas de partículas grandes a curtas distâncias ou por autoinoculação após tocar em superfícies contaminadas.[8]

Uma meta-revisão de 98 estudos observou que, antes da era pandêmica da COVID-19, não houve nenhuma mudança perceptível nas hospitalizações por VSR nos últimos 20 anos.[1] Os dados sugerem que o distanciamento social e outras estratégias de confinamento associadas à pandemia reduziram significativamente a disseminação do VSR na comunidade e levaram a uma grande diminuição temporária nos diagnósticos de VSR e nas hospitalizações.[9][10][11]​​​ Após a flexibilização das medidas de controle da COVID-19, a incidência do VSR inicialmente aumentou fora da temporada em muitos lugares, mas, desde então, retornou aos parões de sazonalidade epidêmica pré-pandemia.[11][12][13][14]​​​​​

O VSR causa morbidade e mortalidade significativas, especialmente entre lactentes de alto risco e aqueles com prematuridade, doença pulmonar crônica, cardiopatia congênita complexa ou imunodeficiência.[15]

Prematuridade (<35 semanas), sexo masculino, idade <6 meses, nascimento durante a primeira metade da temporada de VSR, vários irmãos ou exposição a creches foram associados a taxas de hospitalização mais altas.[1]​​[16][17][18]

Na Escócia, uma média de 1976 crianças por ano, no período de 2001 a 2003, foram internadas com o diagnóstico principal de bronquiolite.[19] Nos EUA, o VSR é responsável por 18% das idas a prontos-socorros e 20% das internações hospitalares decorrentes de infecções respiratórias agudas em crianças com menos de 5 anos.[20] Na China, o VSR foi responsável por 18.7% (IC de 95% 17.1% a 20.5%) das infecções nos pacientes com infecções agudas do trato respiratório.[21]

Em 2015, uma estimativa mundial de 33.1 milhões (intervalo de incerteza [II] 21.6-50.3) de episódios de infecção aguda do trato respiratório inferior por VSR resultaram em cerca de 3.2 milhões (II 2.7-3.8) de internações hospitalares e 59,600 (II 48,000-74,500) óbitos hospitalares em crianças com menos de 5 anos de idade. Em crianças com menos de 6 meses, 1.4 milhão (II 1.2-1.7) de internações hospitalares e 27,300 (II 20,700-36,200) óbitos intra-hospitalares se deveram à infecção aguda do trato respiratório inferior por VSR.[22]

Surtos sazonais ocorrem em todo o mundo durante os meses de inverno e continuam no início da primavera.[8][23]​ Nos EUA e no hemisfério norte as epidemias geralmente começam todo mês de novembro, com o pico em janeiro ou fevereiro. Depois há um declínio no número de casos ao longo dos 2 meses seguintes, com casos esporádicos ocorrendo durante o restante do ano. Também ocorre uma variabilidade regional, mas é menos previsível.[23]​ No hemisfério sul, os surtos sazonais ocorrem de maio a setembro.[23] Em geral, as regiões tropicais têm circulação mais prolongada em associação com a estação chuvosa.

Aos 2 anos de idade, quase todas as crianças já foram infectadas com VSR, e metade delas foi infectada duas vezes. Não há imunidade duradoura, e a reinfecção é comum, geralmente com redução da gravidade.

Adultos e idosos

Há um crescente reconhecimento da carga da infecção por VSR em adultos e idosos.[24][25][26]​ Existe uma crescente literatura relatando o impacto da infecção por VSR e de outras doenças virais em cenáarios de cuidados de longa permanência, creches para adultos e instituições asilares.[27][28]

Embora se estime que menos de 1% dos adultos afetados pelo VSR necessitem de cuidados hospitalares, este é o agente causador em até 12% das doenças respiratórias agudas que necessitam de assistência médica nos EUA.[25][29]

Os fatores de risco de evolução para pneumonia viral e complicações pelo VSR nos adultos incluem imunodeficiência (por exemplo, pacientes que recebem quimioterapia ou imunoterapia), doença pulmonar subjacente (por exemplo, asma, uso de tabaco, DPOC), receptores de transplantes, cardiopatia, idade avançada, residência em unidade de cuidados de longa permanência e fragilidade.[30]

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