Decisões de tratamento são tomadas à luz do risco de hemorragia ao longo da vida versus o risco do tratamento. O risco de rompimento de malformações arteriovenosas (MAVs) só é reduzido pela exclusão completa da MAV da circulação intracraniana, e não por ressecção/obliteração parcial. O tratamento é, portanto, altamente individualizado e dependente da angioarquitetura, da localização da própria MAV, da idade e da comorbidade do paciente, além dos riscos relativos de diferentes modalidades de tratamento para aquele centro de tratamento em particular.[59]Derdeyn CP, Zipfel GJ, Albuquerque FC, et al. Management of brain arteriovenous malformations: a scientific statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2017 Aug;48(8):e200-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28642352?tool=bestpractice.com
Uma declaração de consenso Europeia concluiu que há uma indicação suficiente para tratar as MAVs de grau 1 e 2 de Spetzler-Martin com a intenção de curar, enquanto a decisão de tratar os pacientes com graus mais elevados depende de cada caso.[60]Cenzato M, Boccardi E, Beghi E, et al. European consensus conference on unruptured brain AVMs treatment (supported by EANS, ESMINT, EGKS, and SINCH). Acta Neurochir (Wien). 2017 Jun;159(6):1059-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28389875?tool=bestpractice.com
A cirurgia pode ser realizada em um ambiente semi-eletivo em pacientes com hemorragia prévia relacionada à MAV, deterioração neurológica progressiva da síndrome do roubo ou epilepsia resistente a antiepilépticos.[61]Wang M, Jiao Y, Zeng C, et al. Chinese Cerebrovascular Neurosurgery Society and Chinese Interventional & Hybrid Operation Society, of Chinese Stroke Association clinical practice guidelines for management of brain arteriovenous malformations in eloquent areas. Front Neurol. 2021;12:651663.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.651663/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34177760?tool=bestpractice.com
Hematoma e hidrocefalia associados
Em pacientes com MAV rompida, pode ser necessária drenagem cirúrgica emergencial do hematoma intracerebral e controle do sangramento agudo.[61]Wang M, Jiao Y, Zeng C, et al. Chinese Cerebrovascular Neurosurgery Society and Chinese Interventional & Hybrid Operation Society, of Chinese Stroke Association clinical practice guidelines for management of brain arteriovenous malformations in eloquent areas. Front Neurol. 2021;12:651663.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.651663/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34177760?tool=bestpractice.com
A ressecção simultânea de MAVs superficiais pequenas (≤3 cm) pode ser tentada durante a cirurgia de emergência. A ressecção de MAVs profundas ou complexas deve ser adiada e realizada como um procedimento semi-eletivo.[61]Wang M, Jiao Y, Zeng C, et al. Chinese Cerebrovascular Neurosurgery Society and Chinese Interventional & Hybrid Operation Society, of Chinese Stroke Association clinical practice guidelines for management of brain arteriovenous malformations in eloquent areas. Front Neurol. 2021;12:651663.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.651663/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34177760?tool=bestpractice.com
Durante um episódio agudo de HIC, a redução da pressão arterial e a redução da variabilidade da pressão arterial podem reduzir a expansão do hematoma com melhores desfechos funcionais.[45]Greenberg SM, Ziai WC, Cordonnier C, et al. 2022 Guideline for the management of patients with spontaneous intracerebral hemorrhage: a guideline from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2022 Jul;53(7):e282-361.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/STR.0000000000000407
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35579034?tool=bestpractice.com
Consulte AVC devido a hemorragia intracerebral espontânea.
Uma hidrocefalia secundária a uma ruptura intraventricular da MAV pode exigir tratamento com dreno ventricular externo.
Não adequado para cirurgia
MAVs muito grandes em locais eloquentes (áreas do cérebro que controlam a fala, a função motora e os sentidos) com veias profundas de drenagem da circulação intracraniana devem ser manejadas de modo conservador com tratamento sintomático dos efeitos da MAV, como controle de convulsões.
Ocasionalmente, uma embolização paliativa pode ser oferecida com o objetivo de reduzir o volume do shunt no nidus para controlar convulsões ou reduzir a hipóxia focal (roubo vascular).
Candidatos à cirurgia
Em pacientes com MAVS passíveis de tratamento, as modalidades principais são a ressecção cirúrgica, a radiocirurgia estereotáxica e a embolização.[61]Wang M, Jiao Y, Zeng C, et al. Chinese Cerebrovascular Neurosurgery Society and Chinese Interventional & Hybrid Operation Society, of Chinese Stroke Association clinical practice guidelines for management of brain arteriovenous malformations in eloquent areas. Front Neurol. 2021;12:651663.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.651663/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34177760?tool=bestpractice.com
Muitas vezes uma combinação de duas ou mais modalidades é necessária para se obliterar completamente uma MAV. A decisão sobre as modalidades de tratamento a utilizar é melhor tomada em um contexto multidisciplinar. Após qualquer intervenção, uma verificação angiográfica deve ser feita para confirmar a obliteração completa ou planejar o estágio seguinte do tratamento.
Ressecção cirúrgica
A ressecção cirúrgica sem embolização pode ser a única modalidade de tratamento necessária para MAVs pequenas em local superficial, não eloquente. MAVs maiores podem exigir tratamento multimodal.
É realizada uma craniotomia para expor a MAV, que é retirada com o uso de técnica padrão de microcirurgia para excisar circunferencialmente o nidus. Os vasos arteriais de alimentação são sacrificados no próprio nidus com o uso de fórceps de diatermia e microtesoura até que as veias de drenagem nidal estejam completamente desarterializadas. Uma vez que isso tenha sido feito, a veia de drenagem pode ser retirada, e o nidus, removido. A neuronavegação intraoperatória é muitas vezes usada para localizar o nidus da MAV; como alternativa, onde uma veia superficial arterializada de drenagem estiver presente, esta pode ser seguida até o nidus.
Radiocirurgia estereotáxica
MAVs que não sejam cirurgicamente acessíveis ou nas quais o risco cirúrgico geral supere o de outras modalidades de tratamento podem requerer tratamento com radiocirurgia estereotáxica (RE) com ou sem embolização. As diretrizes de consenso europeias consideram a localização eloquente de uma MAV uma forte indicação para considerar a RE.[60]Cenzato M, Boccardi E, Beghi E, et al. European consensus conference on unruptured brain AVMs treatment (supported by EANS, ESMINT, EGKS, and SINCH). Acta Neurochir (Wien). 2017 Jun;159(6):1059-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28389875?tool=bestpractice.com
A RE, seja uma radiocirurgia com acelerador linear (LINAC) ou uma capsulotomia anterior por raios gama, é uma técnica que permite a administração precisa de uma alta dose de radiação em um pequeno alvo intracraniano enquanto o cérebro normal circundante é poupado. Ela é geralmente administrada em dose única. Embora seja não invasivo, o procedimento tem riscos. Em particular, uma radiocirurgia com LINAC leva entre 2 e 5 anos para obliterar completamente a MAV, deixando o paciente exposto ao risco de ressangramento durante esse período.[62]Douglas JG, Goodkin R. Treatment of arteriovenous malformations using gamma knife surgery: the experience at the University of Washington from 2000 to 2005. J Neurosurg. 2008 Dec;109 Suppl:51-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19123888?tool=bestpractice.com
O sucesso da RE é inversamente proporcional ao tamanho do nidus. Tipicamente, MAVs com diâmetro menor que 3 cm (volume <120 cm³) são adequadas para RE e taxas efetivas de obliteração da MAV de até 80% podem ser alcançadas.[59]Derdeyn CP, Zipfel GJ, Albuquerque FC, et al. Management of brain arteriovenous malformations: a scientific statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2017 Aug;48(8):e200-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28642352?tool=bestpractice.com
O tamanho pequeno da MAV, a localização não eloquente, o padrão de fluxo baixo e a ausência de angiogênese perinidal são preditores de obliteração pela radiocirurgia.[14]Taeshineetanakul P, Krings T, Geibprasert S, et al. Angioarchitecture determines obliteration rate after radiosurgery in brain arteriovenous malformations. Neurosurgery. 2012 Dec;71(6):1071-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22922676?tool=bestpractice.com
O uso de RE especificamente em MAVs de grau 1 e 2 de Spetzler-Martin parece atingir a obliteração em 80% dos pacientes, com hemorragias pós-tratamento ocorrendo em 6%.[63]Graffeo CS, Sahgal A, De Salles A, et al. Stereotactic radiosurgery for Spetzler-Martin grade I and II arteriovenous malformations: International Society of Stereotactic Radiosurgery (ISRS) practice guideline. Neurosurgery. 2020 Sep 1;87(3):442-52.
https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2020/09000/Stereotactic_Radiosurgery_for_Spetzler_Martin.3.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32065836?tool=bestpractice.com
Lesões maiores podem ser passíveis de tratamento estadiado, tratando-se diferentes componentes anatômicos da MAV com intervalos entre 3 e 6 meses.[64]Sirin S, Kondziolka D, Niranjan A, et al. Prospective staged volume radiosurgery for large arteriovenous malformations: indications and outcomes in otherwise untreatable patients. Neurosurgery. 2008 Feb;62 Suppl 2:744-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18596431?tool=bestpractice.com
A RE em estágios de MAVs grandes pode reduzir os efeitos adversos da radiação: em um estudo, o estadiamento da RE não afetou os efeitos adversos temporários da radiação, mas os efeitos adversos permanentes caíram de 15% para 6.5%.[65]Nagy G, Grainger A, Hodgson TJ, et al. Staged-volume radiosurgery of large arteriovenous malformations improves outcome by reducing the rate of adverse radiation effects. Neurosurgery. 2017 Feb 1;80(2):180-92.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28173493?tool=bestpractice.com
Os aneurismas associados a MAV são fortes preditores de hemorragia pós-RE. Recomenda-se o tratamento dos aneurismas associados a MAV por meio de microcirurgia ou terapia endovascular antes da RE para reduzir o risco de hemorragia.[61]Wang M, Jiao Y, Zeng C, et al. Chinese Cerebrovascular Neurosurgery Society and Chinese Interventional & Hybrid Operation Society, of Chinese Stroke Association clinical practice guidelines for management of brain arteriovenous malformations in eloquent areas. Front Neurol. 2021;12:651663.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.651663/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34177760?tool=bestpractice.com
embolização
As MAVs menores com menos alimentadores arteriais são mais favoráveis à embolização curativa. No entanto, a taxa de cura com a embolização isolada é moderada, com uma média de 20% com n-butil cianoacrilato (n-BCA) em estudos mais antigos e até 50% com agentes embólicos mais novos.[59]Derdeyn CP, Zipfel GJ, Albuquerque FC, et al. Management of brain arteriovenous malformations: a scientific statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2017 Aug;48(8):e200-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28642352?tool=bestpractice.com
MAVs maiores geralmente exigem embolizações planejadas, muitas vezes estadiadas, seguidas por excisão cirúrgica ou RE para qualquer resíduo da MAV.
Uma análise detalhada das artérias que alimentam a MAV, suplementada onde necessário por angiografia superseletiva, é precursora essencial do planejamento do tratamento. As embolizações são geralmente realizadas com anestesia geral com abordagem pela artéria femoral. Tem havido um interesse em usar uma abordagem venosa e foi descrita a embolização venosa mais agressiva com hipotensão controlada, mas isto ainda não foi amplamente adotado.[66]Choudhri O, Ivan ME, Lawton MT. Transvenous approach to intracranial arteriovenous malformations: challenging the axioms of arteriovenous malformation therapy? Neurosurgery. 2015 Oct;77(4):644-51.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26120797?tool=bestpractice.com
O n-BCA é um agente embólico adesivo líquido de rápida polimerização. No entanto, seu uso tem sido largamente suplantado pelo sistema embólico líquido Onyx, que é menos adesivo e polimeriza lentamente, permitindo uma embolização mais controlada do Nidus.[67]van Rooij WJ, Sluzewski M, Beute GN. Brain AVM embolization with Onyx. AJNR Am J Neuroradiol. 2007 Jan;28(1):172-7.
http://www.ajnr.org/content/28/1/172.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17213451?tool=bestpractice.com
Outros líquidos embólicos, como o líquido injetável hidrofóbico precipitante (PHIL) e o squid (um agente embólico líquido não adesivo composto de copolímero de álcool etileno vinílico) também estão disponíveis.[68]Leyon JJ, Chavda S, Thomas A, et al. Preliminary experience with the liquid embolic material agent PHIL (precipitating hydrophobic injectable liquid) in treating cranial and spinal dural arteriovenous fistulas: technical note. J Neurointerv Surg. 2015 Jun;8(6):596-602.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25994938?tool=bestpractice.com
[69]Akmangit I, Daglioglu E, Kaya T, et al. Preliminary experience with squid: a new liquid embolizing agent for AVM, AV fistulas and tumors. Turk Neurosurg. 2014;24(4):565-70.
http://www.turkishneurosurgery.org.tr/pdf/pdf_JTN_1381.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25050683?tool=bestpractice.com
Independentemente da escolha, há risco de refluxo do agente de embolização para uma artéria de alimentação, o que pode causar acidente vascular cerebral (AVC), e a obliteração ou trombose precoce das veias de drenagem pode ocasionar ruptura periprocedural da MAV.[67]van Rooij WJ, Sluzewski M, Beute GN. Brain AVM embolization with Onyx. AJNR Am J Neuroradiol. 2007 Jan;28(1):172-7.
http://www.ajnr.org/content/28/1/172.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17213451?tool=bestpractice.com
[69]Akmangit I, Daglioglu E, Kaya T, et al. Preliminary experience with squid: a new liquid embolizing agent for AVM, AV fistulas and tumors. Turk Neurosurg. 2014;24(4):565-70.
http://www.turkishneurosurgery.org.tr/pdf/pdf_JTN_1381.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25050683?tool=bestpractice.com
Parece haver uma taxa de recorrência de 4.5% após a embolização das MAVs, de modo que os pacientes com MAVs obliteradas precisam ser acompanhados com angiografia em intervalos regulares.[70]Potts MB, Zumofen DW, Raz E, et al. Curing arteriovenous malformations using embolization. Neurosurg Focus. 2014 Sep;37(3):E19.
https://thejns.org/focus/view/journals/neurosurg-focus/37/3/article-pE19.xml
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25175438?tool=bestpractice.com
A embolização pode fazer parte de uma abordagem multimodal, antes da excisão cirúrgica ou da radiocirurgia estereotáxica. Quando a embolização subtotal antes da excisão cirúrgica de uma MAV é planejada, o objetivo é reduzir os riscos associados com a cirurgia visando áreas que são difíceis de alcançar com a cirurgia por via aberta.
Embolização pré-radiocirurgia estereotáxica
Revisões sistemáticas e metanálises relatam menores taxas de obliteração em pacientes submetidos à embolização seguida por RE do que nos que se submeteram apenas à RE.[71]Russell D, Peck T, Ding D, et al. Stereotactic radiosurgery alone or combined with embolization for brain arteriovenous malformations: a systematic review and meta-analysis. J Neurosurg. 2017 May;128(5):1338-48.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28498057?tool=bestpractice.com
[72]Xu F, Zhong J, Ray A, et al. Stereotactic radiosurgery with and without embolization for intracranial arteriovenous malformations: a systematic review and meta-analysis. Neurosurg Focus. 2014 Sep;37(3):E16.
https://thejns.org/focus/view/journals/neurosurg-focus/37/3/article-pE16.xml
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25175435?tool=bestpractice.com
[73]Zhu D, Li Z, Zhang Y, et al. Gamma knife surgery with and without embolization for cerebral arteriovenous malformations: a systematic review and meta-analysis. J Clin Neurosci. 2018 Oct;56:67-73.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30041896?tool=bestpractice.com
O aumento no fracasso do tratamento em pacientes que receberam embolização pré-RE pode ser atribuído a várias causas: o fato de não levar em conta as diferenças nas características da MAV entre pacientes que se submeteram à embolização seguida por RE e aqueles que se submeteram apenas à RE (a maioria dos estudos é não randomizada e retrospectiva); pacientes com MAVs complexas, sendo candidatos mais prováveis à embolização pré-radiocirurgia estereotáxica; agentes de embolização causando artefato significativo nas imagens, obscurecendo com isso a visualização da MAV; e recanalização após embolização.[74]Pop R, Mertz L, Ilyes A, et al. Beam hardening artifacts of liquid embolic agents: comparison between Squid and Onyx. J Neurointerv Surg. 2018 Dec 19 [Epub ahead of print].
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30567844?tool=bestpractice.com
[75]Saatci I, Cekirge HS, Ciceri EF, et al. CT and MR imaging findings and their implications in the follow-up of patients with intracranial aneurysms treated with endosaccular occlusion with onyx. AJNR Am J Neuroradiol. 2003 Apr;24(4):567-78.
http://www.ajnr.org/content/24/4/567.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12695183?tool=bestpractice.com
[76]Shtraus N, Schifter D, Corn BW, et al. Radiosurgical treatment planning of AVM following embolization with Onyx: possible dosage error in treatment planning can be averted. J Neurooncol. 2010 Jun;98(2):271-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20383557?tool=bestpractice.com
[77]Bauer AM, Bain MD, Rasmussen PA. Onyx resorbtion with AVM recanalization after complete AVM obliteration. Interv Neuroradiol. 2015 Jun;21(3):351-6.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4757262
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26015523?tool=bestpractice.com
[78]Natarajan SK, Ghodke B, Britz GW, et al. Multimodality treatment of brain arteriovenous malformations with microsurgery after embolization with onyx: single-center experience and technical nuances. Neurosurgery. 2008 Jun;62(6):1213-25.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18824988?tool=bestpractice.com
Os objetivos da embolização pré-radiocirurgia estereotáxica são tornar a radiocirurgia factível pela redução do volume do nidus e minimizar o risco de sangramento no período de latência embolizando elementos mais fracos da angioarquitetura do nidus, como aneurismas relacionados ao fluxo ou fístulas de fluxo intenso.[79]Ellis JA, Lavine SD. Role of embolization for cerebral arteriovenous malformations. Methodist Debakey Cardiovasc J. 2014 Oct-Dec;10(4):234-9.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4300062
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25624978?tool=bestpractice.com
[80]Crowley RW, Ducruet AF, McDougall CG, et al. Endovascular advances for brain arteriovenous malformations. Neurosurgery. 2014 Feb;74 Suppl 1:S74-82.
https://academic.oup.com/neurosurgery/article/74/suppl_1/S74/2453821
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24402496?tool=bestpractice.com
A embolização deve buscar produzir um nidus compacto e estável.
As MAVs associadas com aneurismas ou fístulas arteriovenosas intranidais ou extranidais podem ser resistentes à radiocirurgia e têm uma incidência mais alta de hemorragia perioperatória.[81]Rubin BA, Brunswick A, Riina H, et al. Advances in radiosurgery for arteriovenous malformations of the brain. Neurosurgery. 2014 Feb;74 Suppl 1:S50-9.
https://academic.oup.com/neurosurgery/article/74/suppl_1/S50/2453818
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24402493?tool=bestpractice.com
Quando realizada por cirurgiões experientes, a embolização prévia à radiocirurgia pode ser considerada para pacientes cuidadosamente selecionados com MAVs grandes e complexas.[82]Iyer A, D'souza M, Steinberg GK. Embolization before stereotactic radiosurgery for the treatment of brain arteriovenous malformations. J Neurosurg Sci. 2018 Aug;62(4):514-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29582980?tool=bestpractice.com
MAV sem ruptura
Não há evidências de que o tratamento invasivo para MAVs não rompidas seja benéfico.[83]Zuurbier SM, Al-Shahi Salman R. Interventions for treating brain arteriovenous malformations in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Sep 10;9(9):CD003436.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003436.pub4/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31503327?tool=bestpractice.com
O risco de hemorragia parece ser superestimado em pacientes sem quadro hemorrágico (<1%), e os riscos do tratamento podem superar o risco de ruptura nesses pacientes.[22]Stapf C, Mast H, Sciacca RR, et al. Predictors of hemorrhage in patients with untreated brain arteriovenous malformation. Neurology. 2006 May 9;66(9):1350-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16682666?tool=bestpractice.com
[36]Wedderburn CJ, van Beijnum J, Bhattacharya JJ, et al. Outcome after interventional or conservative management of unruptured brain arteriovenous malformation: a prospective, population-based cohort study. Lancet Neurol. 2008 Mar;7(3):223-30.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18243054?tool=bestpractice.com
Um estudo multicêntrico relatou um risco de morte ou AVC significativamente menor entre pacientes com MAV cerebral não rompida que foram randomizados para tratamento clínico, comparados com os randomizados para neurocirurgia, embolização ou RE, isoladamente ou combinadas (razão de riscos de 0.27, intervalo de confiança de 95%: 0.14 a 0.54).[84]Mohr JP, Parides MK, Stapf C, et al. Medical management with or without interventional therapy for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): a multicentre, non-blinded, randomised trial. Lancet. 2014 Feb 15;383(9917):614-21.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4119885
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24268105?tool=bestpractice.com
Existem dados de desfechos disponíveis sobre 223 pacientes com um acompanhamento médio de 33.3 meses quando o ensaio foi interrompido por uma comissão de monitoramento de segurança e dados indicada pelo National Institute of Neurological Disorders and Stroke. O desfecho composto de morte ou AVC sintomático foi alcançado em 10.1% dos pacientes no grupo clínico versus 30.7% dos pacientes no grupo intervencionista.[84]Mohr JP, Parides MK, Stapf C, et al. Medical management with or without interventional therapy for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): a multicentre, non-blinded, randomised trial. Lancet. 2014 Feb 15;383(9917):614-21.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4119885
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24268105?tool=bestpractice.com
Uma análise subsequente dos dados de acompanhamento de 5 anos mostrou que essas diferenças no desfecho composto persistiram.[85]Mohr JP, Overbey JR, Hartmann A, et al. Medical management with interventional therapy versus medical management alone for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): final follow-up of a multicentre, non-blinded, randomised controlled trial. Lancet Neurol. 2020 Jul;19(7):573-81.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32562682?tool=bestpractice.com
No entanto, o estudo foi amplamente criticado por inúmeras limitações metodológicas, incluindo o erro sistemático causado pelo período de acompanhamento abreviado e um provável viés de seleção antes da randomização, com um grande número de pacientes elegíveis não incluídos e, portanto, falta de possibilidade de generalização dos resultados do ensaio.[86]American Association of Neurological Surgeons. Arteriovenous malformations. [internet publication].
https://www.aans.org/en/Patients/Neurosurgical-Conditions-and-Treatments/Arteriovenous-Malformations
Além disso, nenhum dos pacientes apresentava MAVs com um grau de Spetzler-Martin superior a 4, e apenas 18 pacientes se submeteram à cirurgia, enquanto 30 pacientes passaram apenas pela embolização, que naquela época não era amplamente considerada um procedimento curativo. Ademais, o período de acompanhamento foi relativamente curto para uma doença que abriga um risco vitalício de hemorragia. O estudo, no entanto, confirma uma pequena taxa de ruptura espontânea (2.2% por ano) para MAVs não rompidas. Um estudo maior está em andamento.[87]US National Library of Medicine. ClinicalTrials.gov identifier: NCT02098252. Treatment of brain AVMs (TOBAS) study (TOBAS). Jun 2022 [internet publication].
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT02098252
Existem outras incertezas com relação à subpopulação de MAVs, as quais têm sido tradicionalmente classificadas com "sem ruptura" na maioria dos estudos. Até 30% das MAVs "sem ruptura" mostram evidência de microssangramentos intralesionais silenciosos prévios que podem ser preditivos de uma ruptura posterior mais grave.[88]Guo Y, Saunders T, Su H, et al; University of California, San Francisco Brain Arteriovenous Malformation (UCSF bAVM) Study Project. Silent intralesional microhemorrhage as a risk factor for brain arteriovenous malformation rupture. Stroke. 2012 May;43(5):1240-6.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3335931
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22308253?tool=bestpractice.com
[89]Abla AA, Nelson J, Kim H, et al. Silent arteriovenous malformation hemorrhage and the recognition of "unruptured" arteriovenous malformation patients who benefit from surgical intervention. Neurosurgery. 2015 May;76(5):592-600.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4425306
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25714514?tool=bestpractice.com
Técnicas de imagem mais recentes estão sendo avaliadas atualmente por sua habilidade de definir esta subpopulação em potencial.
Gestação e trabalho de parto
O manejo da gestação e do trabalho de parto em mulheres com MAVs requer uma equipe multidisciplinar. O risco de sangramento intracraniano intraparto é considerado baixo se a MAV for totalmente tratada ou se o sangramento intracraniano tiver ocorrido mais de 2 anos antes.[90]National Institute for Health and Care Excellence. Intrapartum care for women with existing medical conditions or obstetric complications and their babies. Apr 2019 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng121
As mulheres com baixo risco de sangramento intracraniano podem basear as decisões sobre o tipo de parto com base em sua preferência habitual e nas indicações obstétricas. O risco de sangramento intracraniano intraparto é alto se a mãe apresentar uma MAV não tratada ou complexa ou episódio hemorrágico nos últimos 2 anos. As mães com alto risco de sangramento intracraniano devem receber a opção de parto cesáreo após uma discussão completa dos benefícios e riscos de cada opção. As mulheres de alto risco que preferem tentar o parto vaginal devem receber analgesia regional e a opção de segundo estágio do parto assistido.[90]National Institute for Health and Care Excellence. Intrapartum care for women with existing medical conditions or obstetric complications and their babies. Apr 2019 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng121