Abordagem

A maioria das tendinopatias estenosantes primárias em adultos pode ser tratada com sucesso sem cirurgia. A imobilização pode ser tentada por um período de 4 a 6 semanas inicialmente. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem ser recomendados para alguns pacientes.

Injeção de corticosteroides

Na maioria dos casos, a injeção de corticosteroide pode ser oferecida inicialmente em lugar de, ou em associação com, AINEs e imobilização. Ou então, ela pode ser usada depois da tentativa dos AINEs e da imobilização.

As opiniões variam quanto à escolha do corticosteroide e sua preparação. A metilprednisolona, a triancinolona e a betametasona estão entre os mais comumente usados.[6][7][8][23][40][45][46][47][48]​ O corticosteroide é misturado com um anestésico local, mais comumente lidocaína a 1%.[49] Alguns médicos adicionam bicarbonato de sódio em uma mistura de 1:10. O volume injetado total é de cerca de 1 a 3 mL, dependendo do local e da preferência. Uma agulha pequena é preferível (por exemplo, calibre 25 ou 27). A injeção pode ser repetida em várias ocasiões, mas deve-se ter cuidado após múltiplas injeções devido ao risco de afinamento da pele, atrofia de gordura ou ruptura do tendão.[7][48][50]

Cirurgia

Reservada aos pacientes que falham ou recusam o tratamento conservador.

Os pacientes podem recusar a terapia com injeção se acreditarem que o desconforto da injeção será maior que os sintomas descritos. Uma injeção de corticosteroide corretamente administrada (guiada ou não por imagem) deve causar no máximo um leve desconforto. Os pacientes também poderão recusar esse tratamento se uma injeção de corticosteroides tiver falhado anteriormente, nesse local ou em outros.

A cirurgia consiste de uma incisão e divisão da bainha estenosada. A sinovectomia é realizada quando necessário. AINEs e aplicação de gelo podem ser auxiliares úteis em algumas condições.

Dedo em gatilho

O tratamento começa com uma tentativa de injeção de corticosteroide na bainha do tendão flexor. Existem várias técnicas; todas envolvem injetar a mistura na bainha do tendão flexor. Um estudo randomizado de injeção de corticosteroide guiada por ultrassonografia versus às cegas mostrou uma resolução dos sintomas e um retorno ao trabalho mais rápidos na coorte da ultrassonografia, mas não houve diferenças nos desfechos relatados pelos pacientes medidos a 12 e a 24 semanas.[51] Uma metanálise de 2021 sobre o papel dos AINEs no tratamento do dedo em gatilho mostrou benefício mínimo, especialmente quando comparado com a injeção de corticosteroide.[52]

Estudou-se a injeção de ácido hialurônico como opção alternativa de tratamento de dedos em gatilho, tendo-se demonstrado desfechos semelhantes quando comparada com injeções de corticosteroides em um ensaio clínico randomizado.[53]​ Outro estudo randomizado mostrou desfechos equivalentes das injeções de ácido hialurônico e de corticosteroides, embora os corticosteroides tenham parecido ter um impacto maior no alívio da dor e da inflamação.[54] No entanto, uma metanálise de 2023 sobre o uso do ácido hialurônico para doenças de tecidos moles incluiu estudos sobre o dedo em gatilho e concluiu que os desfechos mostraram benefícios incertos.[55]

Caso a cirurgia seja necessária, como quando a injeção falha ou não é possível desbloquear o dedo, cirurgia por via aberta ou técnicas percutâneas podem ser usadas para abrir uma incisão na polia A1, permitindo que os tendões flexores deslizem livremente.[33][56][57][58][59][60][61][62][63][64]

Na presença de artrite reumatoide, a sinovectomia em vez da liberação da polia é preferível para evitar o arqueamento e o desvio ulnar adicional dos dedos.

doença de De Quervain

O tratamento geralmente começa com imobilização e AINEs durante um período de 4 a 6 semanas. Uma tentativa de injeção do primeiro compartimento dorsal pode ser realizada em seguida.[2][5]​​[22][47][65][66]​ A injeção de corticosteroides combinada à imobilização também foi descrita.[67][68]​ A imobilização do polegar e do punho (com imobilização por bandagem de Spica para o polegar) é usada para conforto e repouso.[9][22]

Caso a cirurgia seja necessária, como quando a injeção falha, é aberta uma incisão longitudinal no primeiro compartimento dorsal, permitindo que os tendões extensores deslizem livremente. É imperativo identificar positivamente o extensor curto do polegar, pois pode estar em uma sub-bainha separada do abdutor longo do polegar, que frequentemente é formada por vários fascículos.[17][22] A falha em reconhecer e liberar um subcompartimento do extensor curto do polegar pode ser uma causa de falha do tratamento ou de recidiva.[69][70][71] Liberação endoscópica do primeiro compartimento dorsal foi descrita.[72]

Na gestação e lactação, o tratamento não cirúrgico é altamente eficaz e a afecção tende a remitir após a interrupção da lactação.[14][73][74]

Tenossinovite do extensor longo do polegar

A exploração cirúrgica urgente (dentro de dias a semanas), a liberação do terceiro compartimento dorsal e a transposição de tendão são cruciais para evitar a ruptura de atrito do tendão. AINEs e imobilização podem ser oferecidos para o alívio da dor por um período de 4 a 6 semanas.

Tenossinovite do tendão extensor ulnar do carpo

O manejo conservador com colocação de talas, imobilização e injeção é tentado inicialmente.[42][43][41][75][76] Se não tiver sucesso, o tratamento cirúrgico consistirá na liberação do sexto compartimento dorsal.

A tenossinovectomia e o reparo e/ou reconstrução da bainha retinacular podem ser considerados necessários no intraoperatório.

Todas as outras tenossinovites

Manejo conservador com AINEs e imobilização por um período de 4 a 6 semanas podem ser tentados inicialmente. A injeção de corticosteroide também é frequentemente tentada no início. Uma injeção é frequentemente oferecida como um tratamento de primeira linha e muitos a consideram semelhante aos AINEs. Isso se aplica a todas as categorias que não exijam intervenção urgente.

Após a tentativa de injeção, o acompanhamento é agendado em até 1 mês para a repetição do exame físico. Se a injeção falhar, uma segunda injeção poderá ser aplicada ou o paciente poderá ser encaminhado à cirurgia. A cirurgia consiste na liberação cirúrgica do compartimento correspondente.[34]

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