Etiologia

Embora muitas teorias tenham sido propostas e extensivamente testadas, a etiologia da escoliose idiopática do adolescente (EIA) permanece desconhecida.

Os investigadores concordam que há um componente genético, pois a prevalência de escoliose em filhas de mulheres com EIA é de quase 30%.[14] Além disso, estudos de concordância com gêmeos revelaram uma prevalência de 73% a 92% em gêmeos monozigóticos e de 36% a 63% em gêmeos dizigóticos.[14][15][16] Apesar dessas observações, anormalidades genéticas específicas não foram observadas de forma consistente.[17][18][19][20] O padrão real de herança da EIA provavelmente é multifatorial.

Desequilíbrios hormonais, principalmente aqueles com diminuição da melatonina ou níveis elevados de hormônio do crescimento, também foram propostos como fatores contribuintes. Entretanto, os resultados dos estudos são inconsistentes.[16][17][18][19][20][21]

Teorias que envolvem anormalidades teciduais estruturais dentro da coluna vertebral também foram testadas. Essas teorias são baseadas no conhecimento de que as condições que envolvem a diminuição da integridade estrutural de músculos, ossos ou ligamentos (por exemplo, atrofia muscular espinhal, displasia fibrosa poliostótica do esqueleto axial e síndrome de Marfan, respectivamente) apresentam uma propensão elevada para o desenvolvimento de escoliose.[22][23]

Fisiopatologia

O processo fisiopatológico por trás do desenvolvimento da EIA é desconhecido. Observou-se que a progressão e o desenvolvimento da curva estão correlacionados com o período de crescimento adolescente rápido e que isso parece dar suporte a uma contribuição biomecânica. Entretanto, existem diversas teorias que tentam explicar o processo pelo qual ocorre o desenvolvimento, e apesar de cada uma delas fazer sentido sob o ponto de vista biomecânico, é difícil correlacionar diretamente essas teorias à coluna escoliótica adolescente in vivo.

O conceito geral sugerido pela literatura coletiva é que o processo começa com uma propensão multifatorial para o desenvolvimento da escoliose que é acelerada pelo complexo ambiente biomecânico do rápido crescimento da coluna vertebral na adolescência.

Classificação

Precoce versus tardia[2]

A escoliose idiopática pode ser classificada como tendo início precoce ou tardio.

Escoliose idiopática de início precoce

  • Ocorre antes dos 10 anos de idade.

Escoliose idiopática de início tardio

  • Ocorre após os 10 anos de idade.

Infantil versus juvenil versus adolescente[2]

A escoliose idiopática também pode ser classificada em infantil, juvenil ou adolescente.

Escoliose idiopática infantil

  • Ocorre antes dos 3 anos de idade.

  • Em geral, ocorre em conjunto com outras anormalidades congênitas e, em aproximadamente 90% dos casos, a curvatura é resolvida sem tratamento.

  • Aproximadamente 90% dos casos se manifestam com uma curvatura torácica esquerda.

Escoliose idiopática juvenil

  • Ocorre entre 3 e 10 anos de idade.

  • A curvatura é geralmente progressiva com potencial para descompensação grave do tronco (deformidade clinicamente aparente e grave, na qual o tronco não está mais centralizado sobre a pelve em consequência do desequilíbrio coronal em curvaturas graves) e subsequentes complicações pulmonares e cardíacas.

  • Quase 90% desses pacientes precisarão de artrodese cirúrgica secundária à magnitude da curvatura e ao grau de progressão desta.

Escoliose idiopática do adolescente

  • Ocorre entre 10 e 18 anos de idade.

Sistema descritivo de classificação da curvatura

As deformidades da coluna vertebral na escoliose exibem vários padrões de curvatura. Este sistema de classificação fornece uma descrição das curvaturas com base na localização da vértebra apical e na direção para a qual a curva se desvia da linha média. Por exemplo, a curva mais comum é uma curvatura torácica do lado direito (onde a vértebra apical está localizada entre a T2 e a T11 e o lado convexo da curva está à direita).

  • Cervical: ápice da curva localizado até a C6 e a C7

  • Cervicotorácica: ápice da curva localizado entre a C7 e a T1

  • Torácico: ápice da curva localizado entre T1 e T2 e T11 e T12

  • Toracolombar: ápice da curva localizado entre a T12 e a L1

  • Lombar: ápice da curva localizado até L1 e L2.

Sistema de King-Moe

Classificação previamente mais usada para escoliose, esse sistema foi desenvolvido por cirurgiões para determinar quais porções da coluna vertebral precisam de intervenção para a correção da deformidade geral. Não foi desenvolvido para ser um sistema de classificação completo para a escoliose.[3]

Há 4 tipos de curvas descritas nesse sistema de classificação.

  • Tipo I: lombar principal e em forma de S (aproximadamente 10% das curvaturas).

  • Tipo II: torácica principal e em forma de S (aproximadamente 33% das curvaturas).

  • Tipo III: torácica principal, lombar e curvas torácicas que não atravessam a linha média (aproximadamente 33% das curvaturas).

  • Tipo IV: descrita como torácica dupla ou longa (aproximadamente 10% das curvaturas).

Sistema de Lenke e associados

Um sistema de classificação complexo que fornece orientação sobre a tomada de decisão cirúrgica para todos os padrões de curvas da escoliose.[4][5][6][7] Ele leva em consideração a deformidade do plano coronal e sagital e é composto por um número (1-6) que descreve o tipo de curva, por um modificador da curva lombar (A, B ou C) e por um modificador sagital torácico (baseado no grau de cifose presente).

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal