Etiologia
A anemia de doença crônica (ADC) é causada principalmente por inflamação.[5] Vários processos (por exemplo, infecção, neoplasia, reações autoimunes e lesão ao tecido decorrente de trauma e cirurgia de grande porte) desencadeiam a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Alterações sistêmicas no metabolismo do ferro, reguladas pela cascata de citocinas inflamatórias e hepcidina (um hormônio peptídeo que regula o ferro produzido pelo fígado), reduzem a produção e a sobrevida de eritrócitos.[1][2][17][18][19]
Fisiopatologia
Uma variedade de condições subjacentes pode resultar na liberação de citocinas pró-inflamatórias, muitas vezes com a ativação do sistema reticuloendotelial.[5] Essas citocinas desencadeiam alterações no metabolismo intracelular do ferro (notavelmente, maior expressão da síntese de hepcidina e transcrição de ferritina).[1][20] As interleucinas (IL)-6 e IL-1 desempenham um papel em alguns estados inflamatórios e foi demonstrado que elas fazem diretamente o up-regulation da síntese de hepcidina.[21]
A hepcidina e a eritroferrona são os principais reguladores do metabolismo do ferro. A hepcidina regula negativamente o ferro livre pelo aumento da expressão do transportador de metal divalente 1 e pela down-regulation da ferroportina.[22][23][24] A hepcidina causa o aprisionamento de ferro nos macrófagos, a redução da absorção de ferro no trato gastrointestinal, sequestro esplênico de ferro e comprometimento da resposta da medula óssea à eritropoetina.[19] A eritroferrona , um hormônio proteico produzido pelas células progenitoras eritroides em resposta à eritropoetina, disponibiliza o ferro para a eritropoese inibindo a produção de hepcidina.[25][26]
Níveis elevados de citocinas inflamatórias, como fator alfa de necrose tumoral, foram associados à apoptose de células eritroides precursoras na medula óssea, o que pode ser responsável pela ADC observada em condições reumatológicas.[2]
Na ADC, os níveis de ferro sérico diminuem (como resultado da hepcidina elevada), comprometendo a eritropoiese e causando anemia. Essa diminuição de ferro pode ser benéfica em algumas circunstâncias (por exemplo, diminui a disponibilidade do ferro para o crescimento de micro-organismos).[27] Entretanto, os eritrócitos produzidos nesse meio de ferro sérico baixo são individualmente microcíticos e hipocrômicos. Se a inflamação é prolongada, toda a população de eritrócitos também muda gradualmente para a faixa de microcítica hipocrômica.
Níveis baixos de eritropoetina sérica em pacientes com infecção sistêmica, comparados aos pacientes que apresentam um grau similar de anemia ferropriva, e down-regulation de receptores de eritropoetina em células progenitoras eritroides, indicam que os efeitos reduzidos da eritropoetina sérica podem contribuir parcialmente para a anemia da ADC.[17][28][29] A eritropoiese é ainda mais prejudicada quando a infecção compromete a medula (como no vírus da imunodeficiência humana [HIV], hepatite C e malária) ou quando células tumorais se infiltram na medula.[5][17]
Finalmente, a sobrevida dos eritrócitos circulantes (especialmente aqueles que estão próximos ao fim da sua vida útil) pode ser reduzida pelo aumento da eritrofagocitose pelos macrófagos e pelos danos causados pelos radicais livres gerados por citocinas.[5][18][30]
Classificação
Causa subjacente da inflamação
Doenças vasculares do colágeno e autoimunes (por exemplo, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, dermatomiosite, polimialgia reumática, esclerodermia, doença inflamatória intestinal)[3][4]
Infecção crônica, incluindo doença oculta (por exemplo, tuberculose, infecções crônicas por fungos, hepatite, osteomielite, vírus da imunodeficiência humana [HIV])[5]
Infecção aguda (por exemplo, pneumonia, pielonefrite, endocardite, celulite, abscesso)[5]
Doença crônica (por exemplo, doença renal crônica, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar crônica)[6][7]
Malignidade (por exemplo, linfomas, carcinomas, sarcomas)[5][8]
Doença crítica e trauma maior.
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