Epidemiologia

Embora a Listeria tenha natureza disseminada e a ingestão de L monocytogenes seja relativamente comum, a incidência anual de listeriose entre humanos é baixa.[10] A maioria dos casos é esporádica, relatada em países de renda alta; a taxa de letalidade pode ser alta.[11][12][13][14][15] Geralmente, os dados relativos à incidência em países de baixa renda não estão disponíveis.[16]A Listeria pode ser isolada das fezes em até 5% dos adultos saudáveis, e a doença pode ser transmitida por essa população.[17]

Os pacientes imunocompetentes raramente desenvolvem doença disseminada, embora possam desenvolver uma síndrome de gastroenterite. O patógeno tem predileção por neonatos (<1 mês de idade), adultos (sobretudo >50 anos), gestantes (30% de todos os pacientes) e pessoas imunocomprometidas (com vírus da imunodeficiência humana [HIV]/síndrome de imunodeficiência adquirida [AIDS], câncer, neoplasias hematológicas, pessoas que estejam sendo submetidas a tratamento com corticosteroides ou receptores de transplante).[1][18][19] A deficiência da imunidade celular está associada a um aumento na incidência da doença.

Dados microbiológicos e epidemiológicos de 1933 pacientes com listeriose relatados na Inglaterra e no País de Gales de 1990 a 2004 indicam um aumento substancial na incidência de 2001 a 2004. As razões para o aumento não são conhecidas, mas a incidência foi esporádica e predominante em pacientes de 60 anos de idade ou mais com bacteremia.[20]

Nos EUA, a incidência de listeriose confirmada em laboratório é de 0.24 caso por 100,000, e a taxa de listeriose associada à gravidez é 13 vezes maior do que a da população em geral.[21][22] O monitoramento intenso e a recuperação de produtos possivelmente contaminados diminuíram a prevalência da listeriose perinatal em 44% nos EUA.[17]

O risco relativo nos EUA de listeriose invasiva é significativamente superior para hispânicos que para não hispânicos, ambos na população geral e também em gestantes.[23] Dentre mulheres hispânicas, a incidência absoluta da listeriose associada à gestação aumentou de 5.09 casos por 100,000 em 2004 a 2006 para 12.37 casos por 100,000 em 2007 a 2009.[24] A listeriose associada à gravidez entre mulheres não hispânicas mostrou um aumento muito menor de incidência bruta para os mesmos períodos.

Na Austrália, de janeiro a abril de 2018, foi relatado um surto de listeriose.[25] Todos os pacientes foram hospitalizados. A investigação epidemiológica constatou que a origem do surto foi o melão cantaloupe de um único produtor.[25]

Em 2018, o Centro Europeu de Controle de Doenças informou um surto de infecções invasivas por L. monocytogenes (confirmadas pelo sequenciamento do genoma completo) ligadas a milho congelado, e possivelmente a outros vegetais congelados, no Reino Unido e em 4 estados membros da UE (Áustria, Dinamarca, Finlândia, Suécia). Houve 47 casos notificados desde 2015 e, até junho de 2018, 9 pacientes morreram devido a ou com a infecção.[21]

Em 2017, foram relatados 2,502 casos confirmados de listeriose por 30 países da UE/EEE, com uma taxa de notificação padronizada por idade de 0.42 por 100,000 indivíduos.[26] Em 2019, houve 222 casos confirmados de infecção por L monocytogenes relacionadas à carne de porco resfriada na Espanha; foram relatados 3 óbitos e 6 abortos espontâneos.

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