Abordagem
A dermatite de contato pode ocorrer (e deve ser suspeita) em qualquer idade e pode ser causada por produtos de uso prolongado, pois a sensibilização pode ocorrer em qualquer momento da vida.
O quadro clínico da dermatite de contato é altamente variável, dependendo do agente causador, das áreas de corpo afetadas e da duração dos sintomas. Suspeite de dermatite de contato em pacientes sem história pregressa de dermatite que apresentam um início súbito de dermatite aguda, ou em um paciente com dermatite atópica existente, mas novas áreas de apresentação, ou exacerbações descontroladas, apesar dos tratamentos tópicos adequados.
História e exame físico
Os pacientes geralmente relatam prurido, queimação, eritema, edema e bolhas na dermatite de contato aguda (DAC), e prurido, queimação, eritema ou hiperpigmentação, fissuras e descamação na dermatite de contato crônica. A aparência da dermatite de contato pode ser indistinguível da dermatite atópica e da psoríase. A hipo ou hiperpigmentação pós-inflamatória pode ocorrer tanto por dermatite de contato irritativa (DCI) quanto por DAC.
Despigmentação permanente semelhante ao vitiligo (leucoderma) foi relatada a vários alérgenos de contato, incluindo borracha, tintura de cabelo e adesivos.[19][20][21]
Frequentemente, a erupção é claramente delineada com bordas nítidas e confinada às áreas em que o irritante ou alérgeno teve contato com a pele.
Os sinais de infecção secundária podem ocorrer, principalmente na dermatite de contato crônica com fissuras, levando à aparência de crostas cor de mel sobre áreas de pele abertas.
Frequentemente, a localização dos sintomas oferece dicas sobre o agente causador e levanta questões sobre exposições recentes, história ocupacional, atividades recreativas, hobbies, mudanças ambientais e trocas de cosméticos, perfumes, bijuterias, produtos de higiene e produtos de cuidados com a pele.[22]
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Dermatite alérgica de contato ao níquel na pulseira de relógioDo acervo pessoal de Dr. Snehal Desai [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Dermatite alérgica de contato a brinco com níquelDo acervo pessoal de Dr. Snehal Desai [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Dermatite alérgica de contato ao níquel da fivela de cintoDo acervo pessoal de Dr. Snehal Desai [Citation ends].
Dermatite de contato irritativa (DCI)
Sintomas de queimação e ardência são mais comuns e podem ocorrer na ausência de outros sintomas. A DCI pode ser causada por lavagem frequente das mãos, exposição a detergentes agressivos, produtos de higiene pessoal que contêm ingredientes potencialmente irritantes, como peróxido de benzoíla e retinoides comumente usados para acne ou máscara de olhos, e cosméticos para pálpebras deixados por muito tempo.
A DCI ocorre dentro de minutos a horas após a exposição a um irritante forte, e dentro de dias a semanas após a exposição a um irritante fraco. A DCI é geralmente confinada à área de exposição e envolve as mãos e/ou face. A DCI frequentemente melhora depois de várias semanas, se a exposição não se repetir.[9]
Dermatite alérgica de contato (DAC)
Os sinais e sintomas são causados pela hipersensibilidade do tipo tardio e geralmente ocorrem 24 a 72 horas após a exposição, mas podem se apresentar mais tardiamente em alguns pacientes. A melhora da dermatite alguns dias após a exposição corrobora o diagnóstico de DAC, mas muitos casos de DAC podem persistir, independentemente de uma exposição não frequente. As formas das lesões às vezes são características da dermatite de contato (isto é, lesões linearmente configuradas na DAC causada por Toxicodendron spp., ou a DAC de forma quadrada causada por um adesivo de bandagem ou por antibióticos tópicos como a neomicina).[23] A DAC geralmente começa na área da exposição, mas pode se disseminar para outras áreas e também se tornar uma reação sistêmica (autoeczematização). As propriedades de diferentes áreas geográficas da pele podem determinar se elas serão afetadas na DAC. Por exemplo, a DAC causada pela parafenilenodiamina na tintura de cabelo pode poupar a pele mais espessa do couro cabeludo e, em vez disso, afetar o rosto, as orelhas e o pescoço, onde a pele é mais fina. Da mesma forma, a alergia a xampu e condicionador pode afetar preferencialmente a face em um padrão de "enxágue", afetando as laterais da face e a parte posterior das orelhas. A DAC decorrente de desodorante ou antitranspirante geralmente poupa a abóbada axilar, mas, em vez disso, afeta a pele ao redor da axila devido ao aumento da transpiração na abóbada, lavando os alérgenos até a borda. A dermatite de contato por calçado geralmente poupa o arco do pé devido à diminuição do contato com a sola do sapato em comparação com o resto do pé.
Investigações
Em muitos casos, a história e o exame físico apenas não são suficientes para fazer o diagnóstico da dermatite de contato ou diferenciar a DCI da DAC. O teste de contato é o mais específico e sensível para o diagnóstico da dermatite de contato. É o exame diagnóstico padrão-ouro para pacientes com suspeita de dermatite de contato.[16][22] Kits de teste de contato de rastreamento constituídos dos alérgenos mais comuns são frequentemente usados, principalmente se a história e o exame físico não apontarem para uma etiologia possível. Se a história e o exame físico apontarem para um alérgeno específico, kits mais específicos de testes de contato podem ser usados. Por exemplo, um kit de rastreamento de alérgeno dental pode ser usado para avaliar a suspeita de dermatite de contato ocupacional em um profissional de odontologia.[22]
A polissensibilização ocorre mais frequentemente em pacientes com dermatite atópica e dermatite da mão, sugerindo que um maior índice de suspeição para DAC e menor limiar para utilização de testes de contato devem ser considerados nesses pacientes.[22][24] É importante o encaminhamento a um especialista em dermatite de contato, com ampla experiência no posicionamento e interpretação dos testes de contato.
Um teste de contato de tiras padronizadas foi proposto afim de melhorar o diagnóstico da dermatite alérgica de contato, além do teste de contato.[25][26] Sua aplicação na prática clínica rotineira pode ser recomendada, especialmente se o teste de contato convencional for, presumivelmente, um falso-negativo.[26]
Quando o teste de contato não está disponível, ou um resultado é ambíguo, um teste de aplicação aberto repetido pode ser usado, particularmente para produtos que permanecem na pele.[16][22]
A DCI é um diagnóstico de exclusão e pode ser considerada quando a DAC foi descartada por teste de contato. Todos os pacientes com dermatite resistente ao tratamento devem fazer o teste de contato para avaliar a etiologia do contato.
A biópsia da pele é necessária se houver dúvida no diagnóstico, se a afecção for crônica ou se os testes de contato forem negativos. Uma biópsia não diferenciará entre dermatite irritativa e de contato na maioria dos casos, mas pode ser útil para determinar se um distúrbio inflamatório cutâneo alternativo está presente (por exemplo, psoríase, linfoma cutâneo de células T).[22]
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