Trauma da coluna toracolombar
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Algoritmo de tratamento
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal
no local: possíveis lesões da coluna vertebral
ABC (vias aéreas [Airway], respiração [Breathing] e circulação [Circulation]) + controle da hemorragia
Todos os pacientes com trauma devem ser avaliados com base nos princípios do Suporte Avançado de Vida no Trauma (Advanced Trauma Life Support®), independentemente de haver suspeita ou confirmação de alguma fratura ou lesão na medula espinhal.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf A avaliação inicial no local do trauma inclui a manutenção das vias aéreas com restrição da movimentação da coluna cervical, avaliação da respiração e da ventilação, avaliação da circulação com controle de eventuais hemorragias e avaliação da incapacidade com a exposição adequada do paciente para inspecionar locais óbvios de lesões importantes.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [45]ATLS Subcommittee, American College of Surgeons' Committee on Trauma, International ATLS Working Group. ATLS® advanced trauma life support: tenth edition. Chicago, IL: American College of Surgeons; 2018.
Usar uma estratégia de ressuscitação hipotensiva para manter uma pressão arterial média desejada de 50-65 mmHg, se houver um sangramento contínuo.[48]Bickell WH, Wall MJ Jr, Pepe PE, et al. Immediate versus delayed fluid resuscitation for hypotensive patients with penetrating torso injuries. N Engl J Med. 1994 Oct 27;331(17):1105-9. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199410273311701 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7935634?tool=bestpractice.com [49]Morrison CA, Carrick MM, Norman MA, et al. Hypotensive resuscitation strategy reduces transfusion requirements and severe postoperative coagulopathy in trauma patients with hemorrhagic shock: preliminary results of a randomized controlled trial. J Trauma. 2011 Mar;70(3):652-63. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21610356?tool=bestpractice.com Para melhorar a perfusão, a pressão arterial média deve ser mantida em 85-90 mmHg pelos primeiros 7 dias após lesão aguda na medula espinhal.[70]Blood pressure management after acute spinal cord injury. Neurosurgery. 2002 Mar;50(3 suppl):S58-62. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12431288?tool=bestpractice.com
restrição da movimentação da coluna vertebral
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A restrição da movimentação da coluna vertebral deve ser estabelecida e mantida. Achados significativos durante a avaliação de lesão da coluna torácica ou lombossacra que necessitam de restrição da movimentação da coluna vertebral alinhada incluem: ≥65 anos de idade com dor na coluna torácica ou lombossacra; características de alerta para lesão grave (por exemplo, queda de uma altura >3 m [>10 pés]; quedas caindo sobre os pés ou nádegas; acidente a cavalo; acidente com veículo automotor [AVA] a velocidades de >100 km/h [>60 mph]; AVA com ejeção do veículo; AVA com evidência de sinal de cinto de segurança no tronco frontal do paciente [associado à fratura de Chance lombar]; dorsalgia, deficits neurológicos dos membros inferiores [fraqueza ou paralisia, dormência] ou distúrbio esfincteriano); sinais neurológicos anormais (deficit motor/sensorial); nova deformidade ou sensibilidade óssea na linha média da coluna (à palpação); dor na linha média ou na coluna ao tossir; dor ou sinais neurológicos anormais ao sentar, levantar ou dar um passo (pare a mobilização se isso ocorrer); suspeita de fratura espinhal em outra região da coluna; patologia espinhal preexistente.[46]National Institute for Health and Care Excellence. Spinal injury: assessment and initial management. Feb 2016 [internet publication]. https://www.nice.org.uk/guidance/ng41 [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com [51]Velmahos GC, Spaniolas K, Alam HB, et al. Falls from height: spine, spine, spine! J Am Coll Surg. 2006 Nov;203(5):605-11. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17084320?tool=bestpractice.com Quando a restrição do movimento da coluna vertebral é indicada em adultos, deve-se aplicá-la em toda a coluna vertebral devido ao risco de lesões não contíguas. Um componente crítico da restrição do movimento da coluna vertebral é a aplicação de um colar cervical de tamanho apropriado.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf A cabeça, o pescoço e o tronco devem ser mantidos alinhados, colocando o paciente sobre uma prancha longa, uma maca côncava, um colchão a vácuo ou uma cama de ambulância.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [47]Fischer PE, Perina DG, Delbridge TR, et al. Spinal motion restriction in the trauma patient - a joint position statement. Prehosp Emerg Care. 2018 Nov-Dec;22(6):659-61. https://www.doi.org/10.1080/10903127.2018.1481476 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30091939?tool=bestpractice.com O transporte deve ser realizado com o uso de uma prancha longa rígida, apenas, e todos os esforços devem ser realizados para remover a prancha o mais rapidamente possível para minimizar o risco de úlceras por pressão e desconfortos desnecessários.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf
analgesia
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Na fase aguda após lesão na medula espinhal, morfina intravenosa é a primeira opção para alívio da dor. A cetamina intravenosa é um agente de segunda opção; pode-se usar cetamina intranasal ou diamorfina (quando disponível) se houver demora na obtenção de acesso intravenoso.[46]National Institute for Health and Care Excellence. Spinal injury: assessment and initial management. Feb 2016 [internet publication]. https://www.nice.org.uk/guidance/ng41
Opções primárias
sulfato de morfina: 2-10 mg por via intravenosa a cada 3-4 horas quando necessário
Opções secundárias
cetamina: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose
ou
diamorfina: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose
reposição de fluidos/sangue
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Em geral, não é decorrente da lesão na medula espinhal, devendo ser investigadas outras causas (por exemplo, hemorragia, desidratação).
Deve ser tratada com reposição de fluidos ou sangue, com cuidado para não causar sobrecarga hídrica e edema pulmonar.
reposição de fluidos/sangue ± vasopressor
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Esses sinais indicam choque neurogênico, o qual deve ser tratado com reposição de fluidos/sangue, com cuidado para não causar sobrecarga hídrica e edema pulmonar. Se a hipotensão persistir, devem ser iniciados vasopressores.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [45]ATLS Subcommittee, American College of Surgeons' Committee on Trauma, International ATLS Working Group. ATLS® advanced trauma life support: tenth edition. Chicago, IL: American College of Surgeons; 2018.
O uso de vasopressores deve ser preferivelmente confinado ao ambiente de cuidados intensivos, onde existem recursos para o monitoramento hemodinâmico invasivo.[45]ATLS Subcommittee, American College of Surgeons' Committee on Trauma, International ATLS Working Group. ATLS® advanced trauma life support: tenth edition. Chicago, IL: American College of Surgeons; 2018. Um agente com atividade alfa e beta-adrenérgicas é recomendado para tratar a hipotensão e a bradicardia associadas à denervação simpática.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf Consulte um especialista para obter orientação quanto à escolha e à dosagem do vasopressor.
fratura osteoporótica
tratamento percutâneo
Geralmente, as fraturas osteoporóticas podem ser prevenidas e tratadas clinicamente. Deve ser adotada uma abordagem multidisciplinar para tratar os sintomas causados pela fratura vertebral. Os agentes farmacológicos usados reduzem o risco de fraturas adicionais a 6 a 12 meses em 50% a 80%.[76]National Institute for Health and Care Excellence. Appraisal consultation document: alendronate, etidronate, risedronate, raloxifene, strontium ranelate and teriparatide for the secondary prevention of osteoporotic fragility fractures in postmenopausal women (TA161). Feb 2018 [internet publication]. https://www.nice.org.uk/guidance/ta161/documents/appraisal-consultation-document-alendronate-etidronate-risedronate-raloxifene-strontium-ranelate-and-teriparatide-for-the-secondary-prevention-of-osteoporotic-fragility-fractures-in-postmenopausal-wo2 [77]Huntjens KM, van Geel TA, van den Bergh JP, et al. Fracture liaison service: impact on subsequent nonvertebral fracture incidence and mortality. J Bone Joint Surg Am. 2014 Feb 19;96(4):e29. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24553898?tool=bestpractice.com
O tratamento precoce das fraturas vertebrais é essencial; 19% das mulheres com osteoporose e fratura vertebral recente apresentarão uma nova fratura vertebral nos 12 meses seguintes.[40]Lindsey R, Silverman SL, Cooper C, et al. Risk of new vertebral fracture in the year following a fracture. JAMA. 2001 Jan 17;285(3):320-3. https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/193469 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11176842?tool=bestpractice.com
É particularmente importante identificar os indivíduos com fratura vertebral que são osteopênicos em vez de osteoporóticos, e que podem não ser considerados para tratamento farmacológico.[78]Arboleya L, Díaz-Curiel M, Del Río L, et al; OSTEOXPRESS study investigators. Prevalence of vertebral fracture in postmenopausal women with lumbar osteopenia using MorphoXpress® (OSTEOXPRESS Study). Aging Clin Exp Res. 2010 Oct-Dec;22(5-6):419-26. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20110769?tool=bestpractice.com
Vertebroplastia e cifoplastia são técnicas que oferecem uma abordagem minimamente invasiva. Os principais objetivos do tratamento são a estabilidade óssea, a prevenção da cifose e a redução da duração da dor (ao se estabilizarem os fragmentos ósseos). A cifoplastia com balão e a vertebroplastia percutânea foram relatadas em vários estudos como procedimentos cirúrgicos seguros e eficazes para o tratamento de fraturas por compressão vertebral osteoporóticas, com melhoras no alívio da dor e na função respiratória.[79]Ma XL, Xing D, Ma JX, et al. Balloon kyphoplasty versus percutaneous vertebroplasty in treating osteoporotic vertebral compression fracture: grading the evidence through a systematic review and meta-analysis. Eur Spine J. 2012 Sep;21(9):1844-59. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22832872?tool=bestpractice.com [80]Kanayama M, Oha F, Iwata A, et al. Does balloon kyphoplasty improve the global spinal alignment in osteoporotic vertebral fracture? Int Orthop. 2015 Jun;39(6):1137-43. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25787683?tool=bestpractice.com [81]Yokoyama K, Kawanishi M, Yamada M, et al. In not only vertebroplasty but also kyphoplasty, the resolution of vertebral deformities depends on vertebral mobility. AJNR Am J Neuroradiol. 2013 Jul;34(7):1474-8. https://www.ajnr.org/content/34/7/1474 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23391839?tool=bestpractice.com [82]Yokoyama K, Kawanishi M, Yamada M, et al. Postoperative change in sagittal balance after kyphoplasty for the treatment of osteoporotic vertebral compression fracture. Eur Spine J. 2015 Apr;24(4):744-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25404372?tool=bestpractice.com [83]Tanigawa N, Kariya S, Komemushi A, et al. Added value of percutaneous vertebroplasty: effects on respiratory function. AJR Am J Roentgenol. 2012 Jan;198(1):W51-4. https://www.ajronline.org/doi/10.2214/AJR.11.6730 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22194515?tool=bestpractice.com No entanto, alguns estudos questionaram a eficácia do aumento vertebral nos desfechos de dor, função física e qualidade de vida.[73]Sharif S, Ali MY, Costa F, et al. Vertebral augmentation in osteoporotic spine fractures: WFNS Spine Committee recommendations. J Neurosurg Sci. 2022 Aug;66(4):311-26. https://www.minervamedica.it/en/journals/neurosurgical-sciences/article.php?cod=R38Y2022N04A0311 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36153881?tool=bestpractice.com [74]Ebeling PR, Akesson K, Bauer DC, et al. The efficacy and safety of vertebral augmentation: a second ASBMR task force report. J Bone Miner Res. 2019 Jan;34(1):3-21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30677181?tool=bestpractice.com Complicações graves relatadas com esses procedimentos incluem vazamento de cimento, embolia pulmonar, osteomielite e vazamento de cimento epidural.[43]LeBoff MS, Greenspan SL, Insogna KL, et al. The clinician's guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporos Int. 2022 Oct;33(10):2049-102. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-021-05900-y http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35478046?tool=bestpractice.com
As diretrizes variam quanto à realização ou não desses procedimentos. As diretrizes do Reino Unido da Royal Osteoporosis Society, publicadas em 2022, recomendam considerar o encaminhamento para vertebroplastia ou cifoplastia para os pacientes hospitalizados nos quais a dor persistir após 48 horas e comprometer gravemente as atividades da vida diária e a mobilidade, apesar do início da terapia e do controle da dor aguda, e quando houver evidência de edema do corpo vertebral na ressonância nuclear magnética.[84]Royal Osteoporosis Society. Guidance for the management of symptomatic vertebral fragility fractures. May 2022 [internet publication]. https://pcrmm.org.uk/wp-content/uploads/2022/05/ROS-guidance-on-managing-symptoms-of-vertebral-fractures-2022-_1_.pdf O American College of Radiology (ACR) recomenda em sua orientação de 2022 considerar a vertebroplastia percutânea ou a cifoplastia percutânea com balão para alívio da dor e aumento da mobilidade.[85]American College of Radiology. ACR appropriateness criteria: management of vertebral compression fractures. 2022 [internet publication]. https://acsearch.acr.org/docs/70545/Narrative Essa recomendação é baseada em uma força-tarefa de várias sociedades dos EUA de 2014 de intervencionistas da coluna relatando que a vertebroplastia percutânea e a cifoplastia percutânea com balão podem ser consideradas técnicas geralmente intercambiáveis para essas indicações.[85]American College of Radiology. ACR appropriateness criteria: management of vertebral compression fractures. 2022 [internet publication]. https://acsearch.acr.org/docs/70545/Narrative [86]Barr JD, Jensen ME, Hirsch JA, et al. Position statement on percutaneous vertebral augmentation: a consensus statement developed by the Society of Interventional Radiology (SIR), American Association of Neurological Surgeons (AANS) and the Congress of Neurological Surgeons (CNS), American College of Radiology (ACR), American Society of Neuroradiology (ASNR), American Society of Spine Radiology (ASSR), Canadian Interventional Radiology Association (CIRA), and the Society of NeuroInterventional Surgery (SNIS). J Vasc Interv Radiol. 2014 Feb;25(2):171-81. https://www.jvir.org/article/S1051-0443(13)01487-5/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24325929?tool=bestpractice.com Uma força-tarefa de diversas sociedades de intervencionistas da coluna dos EUA de 2019 concluiu que o uso rotineiro de aumento vertebral não é apoiado por evidências atuais. Para os pacientes com fraturas vertebrais agudamente dolorosas, os dados revisados pelo painel em 2019 demonstraram que a vertebroplastia percutânea não oferece nenhum benefício clinicamente significativo demonstrável em relação ao placebo. Não houve evidências suficientes para recomendar a cifoplastia em detrimento do tratamento não cirúrgico.[74]Ebeling PR, Akesson K, Bauer DC, et al. The efficacy and safety of vertebral augmentation: a second ASBMR task force report. J Bone Miner Res. 2019 Jan;34(1):3-21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30677181?tool=bestpractice.com Esses achados não estão refletidos nas orientações do ACR.
Contraindicações absolutas ao tratamento percutâneo incluem septicemia, osteomielite ativa da vértebra alvo, infecção ao longo da trajetória pretendida de acesso e coagulopatia incorrigível.[87]American College of Radiology. ACR-ASNR-ASSR-SIR-SNIS practice parameter for the performance of vertebral augmentation. 2022 [internet publication]. https://www.acr.org/-/media/ACR/Files/Practice-Parameters/VerebralAug.pdf Consulte Fraturas osteoporóticas por compressão vertebral.
analgesia
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A analgesia mais comumente usada para dor musculoesquelética inclui anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e/ou paracetamol para dor leve a moderada, enquanto que um opioide pode ser usado para dor intensa.
Os AINEs devem ser usados com cautela nos idosos devido à maior suscetibilidade a efeitos adversos, como hemorragia digestiva e eventos cardiovasculares.[128]McCarberg BH. NSAIDs in the older patient: balancing benefits and harms. Pain Med. 2013 Dec;14 suppl 1:S43-4. https://academic.oup.com/painmedicine/article/14/suppl_1/S43/1941495 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24373111?tool=bestpractice.com [129]Davis A, Robson J. The dangers of NSAIDs: look both ways. Br J Gen Pract. 2016 Apr;66(645):172-3. https://bjgp.org/content/66/645/172 As diretrizes do Reino Unido recomendam considerar o paracetamol antes dos AINEs orais, inibidores da ciclo-oxigenase-2 (COX-2) ou opioides.[84]Royal Osteoporosis Society. Guidance for the management of symptomatic vertebral fragility fractures. May 2022 [internet publication]. https://pcrmm.org.uk/wp-content/uploads/2022/05/ROS-guidance-on-managing-symptoms-of-vertebral-fractures-2022-_1_.pdf
Os opioides são recomendados apenas para uso em curto prazo com fraturas agudas. Se usados cronicamente, os opioides perdem potência, induzem dependência, aumentam o risco de dependência e levam a quedas e sensibilização central.[43]LeBoff MS, Greenspan SL, Insogna KL, et al. The clinician's guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporos Int. 2022 Oct;33(10):2049-102. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-021-05900-y http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35478046?tool=bestpractice.com
Opções primárias
ibuprofeno: 300-400 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário, máximo de 2400 mg/dia
ou
diclofenaco potássico: 50 mg por via oral (liberação imediata) três vezes ao dia quando necessário
--E/OU--
paracetamol: oral: 500-1000 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia; intravenoso (<51 kg de peso corporal): 15 mg/kg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 60 mg/kg/dia; intravenoso (≥51 kg de peso corporal): 1000 mg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia (3000 mg/dia se houver fatores de risco para hepatotoxicidade)
Opções secundárias
fosfato de codeína: 15-60 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 240 mg/dia
ou
oxicodona: 5-30 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário
profilaxia da trombose venosa profunda (TVP)
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A profilaxia adequada para a TVP é recomendada para evitar a TVP e a embolia pulmonar (EP).[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com O uso de meias de compressão e a anticoagulação devem ser iniciados em até 72 horas após a lesão inicial.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O ACS recomenda iniciar a profilaxia mecânica (por exemplo, dispositivos de compressão sequencial ou pneumática e meias de compressão) imediatamente após a lesão, se possível, especialmente para os pacientes com risco de sangramento ou outras contraindicações para quimioprofilaxia.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf Não há evidências suficientes para recomendar um esquema específico de profilaxia do tromboembolismo venoso para prevenir o EP (ou a morbidade e a mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso) em pacientes com fraturas torácicas e lombares.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com A duração da quimioprofilaxia deve ser determinada para cada paciente, levando-se em consideração a gravidade da lesão, o status de mobilidade, o risco de sangramento e outras comorbidades. A quimioprofilaxia nunca deve ser mantida por mais de 3 meses.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf
prevenção de úlcera por pressão
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Há um risco muito alto de desenvolver úlceras por pressão após uma lesão na medula espinhal por causa de uma ausência de sensação, de forma que os pacientes não percebam o desenvolvimento de uma úlcera por pressão; em virtude de ausência de atividade muscular abaixo do nível da lesão; e em decorrência de circulação comprometida, que reduz a transferência de oxigênio para a pele.
Uma úlcera por pressão pode atrasar o tratamento do paciente em semanas, além de deixar uma cicatriz que pode ficar permanentemente vulnerável. Os pacientes devem ser virados de maneira segura para reduzir a pressão em qualquer um dos lados, e a pele deve ser regularmente avaliada em busca de sinais de úlceras por pressão. Geralmente é suficiente virar o paciente a 30° lado a lado com um suporte de travesseiro apropriado. Os calcanhares devem ficar fora da cama e ser apoiados com travesseiros. Dispositivos de alívio da pressão, como colchões dinâmicos, não devem ser usados se a coluna vertebral estiver instável, e eles são em geral ineficazes na prevenção de úlceras por pressão em pacientes com lesão na medula espinhal.
Úlceras por pressão em crianças são, com frequência, causadas por pressão de equipamento, como imobilizadores e talas, assim como brinquedos perdidos ou esquecidos na cama ou na almofada da cadeira.
Nunca se deve permitir que os pacientes sentem ou deitem em uma úlcera por pressão.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
cuidados com a bexiga e cateterismo uretral
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A bexiga pode se tornar flácida durante o choque medular, levando à hiperdistensão, que pode causar dano permanente. Todos os pacientes necessitam de cateter uretral, que deve ser definido inicialmente como drenagem livre.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
manejo da disreflexia autonômica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A disreflexia autonômica é uma condição potencialmente perigosa que pode ocorrer nos pacientes com lesão na medula espinhal afetando T6 ou um nível superior, levando a hipertensão não controlada, a qual pode levar posteriormente a convulsões, hemorragia retiniana, hemorragia cerebral, edema pulmonar, infarto do miocárdio ou comprometimento renal. O mecanismo fisiopatológico envolve um estímulo abaixo do nível da lesão que ativa o sistema nervoso simpático. O sistema simpático ativado não pode ser neuromodulado de forma adequada pelo sistema nervoso central em virtude de uma ausência de continuidade da medula espinhal, pois sinais inibitórios descendentes não podem ser levados para além do nível da lesão.[131]Milligan J, Lee J, McMillan C, et al. Autonomic dysreflexia: recognizing a common serious condition in patients with spinal cord injury. Can Fam Physician. 2012 Aug;58(8):831-5. https://www.cfp.ca/content/58/8/831.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22893332?tool=bestpractice.com
O tratamento envolve manejo da causa subjacente do estímulo e o uso de medicamento anti-hipertensivo seguindo as diretrizes locais.
medidas de suporte
O American College of Surgeons recomenda que as fraturas toracolombares estáveis em pacientes sem deficits neurológicos podem ser tratadas de forma não cirúrgica com segurança.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O repouso prolongado no leito não é indicado para esses pacientes, e as melhores práticas envolvem o controle adequado da dor e a deambulação precoce sem órtese.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [71]Bakhsheshian J, Dahdaleh NS, Fakurnejad S, et al. Evidence-based management of traumatic thoracolumbar burst fractures: a systematic review of nonoperative management. Neurosurg Focus. 2014;37(1):E1. https://www.doi.org/10.3171/2014.4.FOCUS14159 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24981897?tool=bestpractice.com Em alguns casos, o paciente pode receber alta com um suporte lombar.
No entanto, evidências limitadas de alta qualidade demonstram que a mobilização precoce sem órtese pode levar a alívio da dor, qualidade de vida e desfecho funcional semelhante por até 5-10 anos, quando comparado ao uso de órtese toracolombar.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [92]Urquhart JC, Alrehaili OA, Fisher CG, et al. Treatment of thoracolumbar burst fractures: extended follow-up of a randomized clinical trial comparing orthosis versus no orthosis. J Neurosurg Spine. 2017 Jul;27(1):42-7. https://www.doi.org/10.3171/2016.11.SPINE161031 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28409669?tool=bestpractice.com [93]Bailey CS, Urquhart JC, Dvorak MF, et al. Orthosis versus no orthosis for the treatment of thoracolumbar burst fractures without neurologic injury: a multicenter prospective randomized equivalence trial. Spine J. 2014 Nov 1;14(11):2557-64. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24184649?tool=bestpractice.com [94]Shamji MF, Roffey DM, Young DK, et al. A pilot evaluation of the role of bracing in stable thoracolumbar burst fractures without neurological deficit. J Spinal Disord Tech. 2014 Oct;27(7):370-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22907065?tool=bestpractice.com [95]Post RB, Keizer HJ, Leferink VJ, et al. Functional outcome 5 years after non-operative treatment of type A spinal fractures. Eur Spine J. 2006 Apr;15(4):472-8. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15937675?tool=bestpractice.com [96]Peev N, Zileli M, Sharif S, et al. Indications for nonsurgical treatment of thoracolumbar spine fractures: WFNS Spine Committee recommendations. Neurospine. 2021 Dec;18(4):713-24. https://www.doi.org/10.14245/ns.2142390.195 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35000324?tool=bestpractice.com Se for aplicada uma órtese, deve-se observar que os dispositivos externos tendem a ficar frouxos com o tempo, e precisarão de ajustes por parte do médico.[97]Bucholz RM, Heckman JD. Rockwood and Green's fractures in adults, 5th ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins; 2002:1424-34. Fraturas na região superior do tórax: necessidade de inclusão da coluna cervical, com uso de órtese do tipo imobilizador esterno-occipito-mandibular (Sternal Occipital Mandibular Immobiliser [SOMI]); junção toracolombar: precisa incluir o sacro.
A vertebroplastia ou a cifoplastia pode ser uma opção em pacientes com dor intratável ou deformação em cunha na parte anterior do corpo vertebral com córtex posterior do corpo vertebral intacto (para evitar extravasamento de cimento para o interior do canal vertebral).[72]Greenberg MS. Handbook of neurosurgery, 6th ed. New York, NY: Thieme New York; 2005:747. No entanto, alguns estudos questionaram a eficácia do aumento vertebral nos desfechos de dor, função física e qualidade de vida.[73]Sharif S, Ali MY, Costa F, et al. Vertebral augmentation in osteoporotic spine fractures: WFNS Spine Committee recommendations. J Neurosurg Sci. 2022 Aug;66(4):311-26. https://www.minervamedica.it/en/journals/neurosurgical-sciences/article.php?cod=R38Y2022N04A0311 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36153881?tool=bestpractice.com [74]Ebeling PR, Akesson K, Bauer DC, et al. The efficacy and safety of vertebral augmentation: a second ASBMR task force report. J Bone Miner Res. 2019 Jan;34(1):3-21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30677181?tool=bestpractice.com As diretrizes variam quanto à realização ou não desses procedimentos. Contraindicações absolutas ao tratamento percutâneo incluem septicemia, osteomielite ativa da vértebra alvo, infecção ao longo da trajetória pretendida de acesso e coagulopatia incorrigível.[87]American College of Radiology. ACR-ASNR-ASSR-SIR-SNIS practice parameter for the performance of vertebral augmentation. 2022 [internet publication]. https://www.acr.org/-/media/ACR/Files/Practice-Parameters/VerebralAug.pdf Consulte Fraturas osteoporóticas por compressão vertebral.
analgesia
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A analgesia mais comumente usada para dor musculoesquelética inclui AINEs e/ou paracetamol para dor leve a moderada, enquanto que um opioide pode ser usado para dor intensa.
Os AINEs devem ser usados com cautela nos idosos devido à maior suscetibilidade a efeitos adversos, como hemorragia digestiva e eventos cardiovasculares.[128]McCarberg BH. NSAIDs in the older patient: balancing benefits and harms. Pain Med. 2013 Dec;14 suppl 1:S43-4. https://academic.oup.com/painmedicine/article/14/suppl_1/S43/1941495 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24373111?tool=bestpractice.com [129]Davis A, Robson J. The dangers of NSAIDs: look both ways. Br J Gen Pract. 2016 Apr;66(645):172-3. https://bjgp.org/content/66/645/172 As diretrizes do Reino Unido recomendam considerar o paracetamol antes dos AINEs orais, inibidores da COX-2 ou opioides.[84]Royal Osteoporosis Society. Guidance for the management of symptomatic vertebral fragility fractures. May 2022 [internet publication]. https://pcrmm.org.uk/wp-content/uploads/2022/05/ROS-guidance-on-managing-symptoms-of-vertebral-fractures-2022-_1_.pdf
Os opioides são recomendados apenas para uso em curto prazo com fraturas agudas. Se usados cronicamente, os opioides perdem potência, induzem dependência, aumentam o risco de dependência e levam a quedas e sensibilização central.[43]LeBoff MS, Greenspan SL, Insogna KL, et al. The clinician's guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporos Int. 2022 Oct;33(10):2049-102. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-021-05900-y http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35478046?tool=bestpractice.com
Opções primárias
ibuprofeno: 300-400 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário, máximo de 2400 mg/dia
ou
diclofenaco potássico: 50 mg por via oral (liberação imediata) três vezes ao dia quando necessário
--E/OU--
paracetamol: oral: 500-1000 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia; intravenoso (<51 kg de peso corporal): 15 mg/kg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 60 mg/kg/dia; intravenoso (≥51 kg de peso corporal): 1000 mg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia (3000 mg/dia se houver fatores de risco para hepatotoxicidade)
Opções secundárias
fosfato de codeína: 15-60 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 240 mg/dia
ou
oxicodona: 5-30 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário
profilaxia de trombose venosa profunda (TVP)
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A profilaxia adequada para a TVP é recomendada para evitar a TVP e a embolia pulmonar (EP).[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com O uso de meias de compressão e a anticoagulação devem ser iniciados em até 72 horas após a lesão inicial.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O ACS recomenda iniciar a profilaxia mecânica (por exemplo, dispositivos de compressão sequencial ou pneumática e meias de compressão) imediatamente após a lesão, se possível, especialmente para os pacientes com risco de sangramento ou outras contraindicações para quimioprofilaxia.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf Não há evidências suficientes para recomendar um esquema específico de profilaxia do tromboembolismo venoso para prevenir o EP (ou a morbidade e a mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso) em pacientes com fraturas torácicas e lombares.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com A duração da quimioprofilaxia deve ser determinada para cada paciente, levando-se em consideração a gravidade da lesão, o status de mobilidade, o risco de sangramento e outras comorbidades. A quimioprofilaxia nunca deve ser mantida por mais de 3 meses.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf
prevenção de úlcera por pressão
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Há um risco muito alto de desenvolver úlceras por pressão após uma lesão na medula espinhal por causa de uma ausência de sensação, de forma que os pacientes não percebam o desenvolvimento de uma úlcera por pressão; em virtude de ausência de atividade muscular abaixo do nível da lesão; e em decorrência de circulação comprometida, que reduz a transferência de oxigênio para a pele.
Uma úlcera por pressão pode atrasar o tratamento do paciente em semanas, além de deixar uma cicatriz que pode ficar permanentemente vulnerável. Os pacientes devem ser virados de maneira segura para reduzir a pressão em qualquer um dos lados, e a pele deve ser regularmente avaliada em busca de sinais de úlceras por pressão. Geralmente é suficiente virar o paciente a 30° lado a lado com um suporte de travesseiro apropriado. Os calcanhares devem ficar fora da cama e ser apoiados com travesseiros. Dispositivos de alívio da pressão, como colchões dinâmicos, não devem ser usados se a coluna vertebral estiver instável, e eles são em geral ineficazes na prevenção de úlceras por pressão em pacientes com lesão na medula espinhal.
Úlceras por pressão em crianças são, com frequência, causadas por pressão de equipamento, como imobilizadores e talas, assim como brinquedos perdidos ou esquecidos na cama ou na almofada da cadeira.
Nunca se deve permitir que os pacientes sentem ou deitem em uma úlcera por pressão.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
cuidados com a bexiga e cateterismo uretral
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A bexiga pode se tornar flácida durante o choque medular, levando à hiperdistensão, que pode causar dano permanente. Todos os pacientes necessitam de cateter uretral, que deve ser definido inicialmente como drenagem livre.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
manejo da disreflexia autonômica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A disreflexia autonômica é uma condição potencialmente perigosa que pode ocorrer nos pacientes com lesão na medula espinhal afetando T6 ou um nível superior, levando a hipertensão não controlada, a qual pode levar posteriormente a convulsões, hemorragia retiniana, hemorragia cerebral, edema pulmonar, infarto do miocárdio ou comprometimento renal. O mecanismo fisiopatológico envolve um estímulo abaixo do nível da lesão que ativa o sistema nervoso simpático. O sistema simpático ativado não pode ser neuromodulado de forma adequada pelo sistema nervoso central em virtude de uma ausência de continuidade da medula espinhal, pois sinais inibitórios descendentes não podem ser levados para além do nível da lesão.[131]Milligan J, Lee J, McMillan C, et al. Autonomic dysreflexia: recognizing a common serious condition in patients with spinal cord injury. Can Fam Physician. 2012 Aug;58(8):831-5. https://www.cfp.ca/content/58/8/831.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22893332?tool=bestpractice.com
O tratamento envolve manejo da causa subjacente do estímulo e o uso de medicamento anti-hipertensivo seguindo as diretrizes locais.
fratura não osteoporótica
intervenção cirúrgica
A intervenção cirúrgica é recomendada se houver ruptura de tecidos moles que não cicatrizará com integridade ligamentar competente; dano vertebral significativo; deterioração neurológica documentada; angulação cifótica; comprometimento do canal vertebral; aumento da dor; ou aumento do desalinhamento.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com [57]Sharif S, Zileli M. Introduction to thoracolumbar spine fractures: WFNS Spine Committee recommendations. Neurospine. 2021 Dec;18(4):651-3. https://e-neurospine.org/journal/view.php?doi=10.14245/ns.2143240.620 [97]Bucholz RM, Heckman JD. Rockwood and Green's fractures in adults, 5th ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins; 2002:1424-34. Os objetivos da cirurgia englobam restauração do alinhamento, correção da deformidade, descompressão da estrutura neural e obtenção de uma coluna vertebral estável.
As opções incluem descompressão e estabilização cirúrgica (com hastes e parafusos). Instrumentação segmentar longa deve ser usada na coluna torácica superior e média (acima de T10). Na junção toracolombar e na coluna lombar, a estabilização segmentar curta é geralmente suficiente, com melhores desfechos clínicos.[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [98]Dobran M, Nasi D, Brunozzi D, et al. Treatment of unstable thoracolumbar junction fractures: short-segment pedicle fixation with inclusion of the fracture level versus long-segment instrumentation. Acta Neurochir (Wien). 2016 Oct;158(10):1883-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27541493?tool=bestpractice.com [99]Özbek Z, Özkara E, Önner H, et al. Treatment of unstable thoracolumbar fractures: does fracture-level fixation accelerate the bone healing? World Neurosurg. 2017 Nov;107:362-70. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28803178?tool=bestpractice.com [100]Cankaya D, Balci M, Deveci A, et al. Better life quality and sexual function in men and their female partners with short-segment posterior fixation in the treatment of thoracolumbar junction burst fractures. Eur Spine J. 2016 Apr;25(4):1128-34. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26202101?tool=bestpractice.com Podem ser usadas as abordagens posterior/posterolateral, anterior/anterolateral ou posterior e anterior combinadas. A abordagem posterior parece ser mais efetiva que a abordagem anterior, mas são necessárias pesquisas adicionais.[113]Xu GJ, Li ZJ, Ma JX, et al. Anterior versus posterior approach for treatment of thoracolumbar burst fractures: a meta-analysis. Eur Spine J. 2013 Oct;22(10):2176-83. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24013718?tool=bestpractice.com A fusão espinhal ou "espondilodese" é definida como uma fusão permanente de um segmento de movimento. Isso pode ser feito por meio de uma abordagem anterior ou posterior.[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 Uma metanálise sugere que a fusão não é necessária quando a fratura toracolombar do tipo explosão é tratada por fixação posterior com parafuso pedicular.[106]Tian NF, Wu YS, Zhang XL, et al. Fusion versus nonfusion for surgically treated thoracolumbar burst fractures: a meta-analysis. PLoS One. 2013 May 21;8(5):e63995. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0063995 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23704968?tool=bestpractice.com Não foi identificada qualquer diferença significativa entre os dois grupos quanto ao desfecho radiológico, ao desfecho funcional, à melhora neurológica e à taxa de falha do implante. Além disso, a não fusão estava associada a um tempo cirúrgico significativamente reduzido e a sangramento. Outras metanálises confirmaram que fraturas toracolombares operadas com instrumentação de segmento curto sem fusão apresentam menos sangramento, menor tempo cirúrgico e menos complicações no local doador do enxerto ósseo.[107]Diniz JM, Botelho RV. Is fusion necessary for thoracolumbar burst fracture treated with spinal fixation? a systematic review and meta-analysis. J Neurosurg Spine. 2017 Nov;27(5):584-92. https://thejns.org/spine/view/journals/j-neurosurg-spine/27/5/article-p584.xml http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28777064?tool=bestpractice.com [108]Lan T, Chen Y, Hu SY, et al. Is fusion superior to non-fusion for the treatment of thoracolumbar burst fracture? a systematic review and meta-analysis. J Orthop Sci. 2017 Sep;22(5):828-33. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28641907?tool=bestpractice.com [109]Chou PH, Ma HL, Wang ST, et al. Fusion may not be a necessary procedure for surgically treated burst fractures of the thoracolumbar and lumbar spines: a follow-up of at least ten years. J Bone Joint Surg Am. 2014 Oct 15;96(20):1724-31. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25320199?tool=bestpractice.com
Existem evidências que sugerem que o uso de um enxerto ósseo intracorpóreo transpedicular na fixação de fraturas toracolombares instáveis por instrumental possa diminuir a taxa de falha.[104]Ma Y, Li X, Dong J. Is it useful to apply transpedicular intracorporeal bone grafting to unstable thoracolumbar fractures? A systematic review. Acta Neurochir (Wien). 2012 Dec;154(12):2205-13. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23053291?tool=bestpractice.com O procedimento consiste na introdução de enxertos de osso canceloso no local da fratura depois da restauração do alinhamento anatômico usando fixação por instrumental. As pesquisas sugerem que não há qualquer diferença entre a fixação por instrumentação com segmento longo ou segmento curto para fraturas traumáticas da coluna toracolombar sem deficit neurológico.[105]Cheng LM, Wang JJ, Zeng ZL, et al. Pedicle screw fixation for traumatic fractures of the thoracic and lumbar spine. Cochrane Database Syst Rev. 2013 May 31;(5):CD009073. https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD009073.pub2/full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23728686?tool=bestpractice.com
Existem controvérsias em torno do momento ideal específico da descompressão em pacientes com fraturas da coluna toracolombar e lesão na medula espinhal e se ele tem algum impacto sobre o desfecho.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com Vários estudos demonstraram que a descompressão cirúrgica até 24 horas após a lesão na medula espinhal torácica e toracolombar traumática aguda está associada a melhores desfechos neurológicos, medidos por uma melhora nos escores motores, escores de sensibilidade tátil e escores de estímulo doloroso, e melhores classificações na Escala de Comprometimento da American Spinal Injury Association 1 ano após a cirurgia.[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [110]Haghnegahdar A, Behjat R, Saadat S, et al. A randomized controlled trial of early versus late surgical decompression for thoracic and thoracolumbar spinal cord injury in 73 patients. Neurotrauma Rep. 2020 Sep 18;1(1):78-87. https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/neur.2020.0027 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34223533?tool=bestpractice.com [111]Badhiwala JH, Wilson JR, Witiw CD, et al. The influence of timing of surgical decompression for acute spinal cord injury: a pooled analysis of individual patient data. Lancet Neurol. 2021 Feb;20(2):117-26. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33357514?tool=bestpractice.com O Congress of Neurological Surgeons (CNS) e a American Association of Neurological Surgeons (AANS) sugerem que a cirurgia "precoce" seja considerada uma opção nos pacientes com fraturas torácicas e lombares para reduzir o tempo de internação e as complicações. O CNS/AANS observa que a literatura disponível definiu a cirurgia "precoce" de forma inconsistente, variando de <8 horas a <72 horas após a lesão.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com As diretrizes da AOSpine de 2017 concluíram que a descompressão precoce (≤24 horas após a lesão) para pacientes adultos com lesão na medula espinhal, independentemente do nível, deve ser oferecida, embora a qualidade da evidência para a recomendação seja baixa.[112]Fehlings MG, Tetreault LA, Wilson JR, et al. A clinical practice guideline for the management of patients with acute spinal cord injury and central cord syndrome: recommendations on the timing (≤24 hours versus >24 hours) of decompressive surgery. Global Spine J. 2017 Sep;7(3 suppl):195S-202S. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/2192568217706367 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29164024?tool=bestpractice.com
Uma metanálise não encontrou diferença, em termos de recuperação neurológica, retorno ao trabalho, complicações e ângulo de Cobb, entre as abordagens anterior e posterior para o tratamento cirúrgico de fraturas explosivas da coluna toracolombar.[113]Xu GJ, Li ZJ, Ma JX, et al. Anterior versus posterior approach for treatment of thoracolumbar burst fractures: a meta-analysis. Eur Spine J. 2013 Oct;22(10):2176-83. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24013718?tool=bestpractice.com A abordagem anterior estava associada a um tempo cirúrgico mais longo, maior sangramento e custo mais elevado que a abordagem posterior. O CNS e a AANS revisaram a literatura para abordar essa questão.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com O CNS e a ANS identificaram quatro ensaios clínicos randomizados que não demonstraram diferenças nos resultados clínicos, incluindo dor e recuperação neurológica, entre as abordagens anterior e posterior.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com Apenas um ECR de nível II demonstrou melhores desfechos clínicos no grupo de tratamento apenas posterior em comparação com o grupo combinado, mas os autores recomendaram contra a abordagem apenas posterior devido à alta incidência de resultados radiológicos insatisfatórios.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com [114]Korovessis P, Baikousis A, Zacharatos S, et al. Combined anterior plus posterior stabilization versus posterior short-segment instrumentation and fusion for mid-lumbar (L2-L4) burst fractures. Spine (Phila Pa 1976). 2006 Apr 15;31(8):859-68. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16622372?tool=bestpractice.com [115]Hao D, Wang W, Duan K, et al. Two-year follow-up evaluation of surgical treatment for thoracolumbar fracture-dislocation. Spine (Phila Pa 1976). 2014 Oct 1;39(21):E1284-90. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25077910?tool=bestpractice.com [116]Wood K, Buttermann G, Mehbod A, et al. Operative compared with nonoperative treatment of a thoracolumbar burst fracture without neurological deficit. A prospective, randomized study. J Bone Joint Surg Am. 2003 May;85(5):773-81. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12728024?tool=bestpractice.com [117]Lin B, Chen ZW, Guo ZM, et al. Anterior approach versus posterior approach with subtotal corpectomy, decompression, and reconstruction of spine in the treatment of thoracolumbar burst fractures: a prospective randomized controlled study. J Spinal Disord Tech. 2012 Aug;25(6):309-17. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21637134?tool=bestpractice.com O CNS e a AAN concluíram que as abordagens anterior, posterior ou combinada anteroposterior são opções de tratamento razoáveis para o manejo cirúrgico de pacientes com fraturas toracolombares, pois não houve diferença definitiva nos desfechos ou no risco de complicações ao se compararem essas abordagens cirúrgicas.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com
O tratamento ideal para fraturas-luxações toracolombares permanece controverso e inclui uma gama de operações, de fusão combinada posterior-anterior (P-A) a fusão intersomática torácica transforaminal (FITT). Um ensaio clínico randomizado e controlado constatou que os dois tratamentos foram semelhantes com relação a desfechos clínicos e radiológicos; entretanto, sangramento, tempo de operação e taxa de complicações perioperatórias foram maiores no grupo P-A que no grupo FITT.[115]Hao D, Wang W, Duan K, et al. Two-year follow-up evaluation of surgical treatment for thoracolumbar fracture-dislocation. Spine (Phila Pa 1976). 2014 Oct 1;39(21):E1284-90. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25077910?tool=bestpractice.com
A colocação de parafusos pediculares por navegação tridimensional assistida por computador pode aumentar a precisão e reduzir o tempo de cirurgia e pode ser executada com segurança e eficácia em todos os níveis da coluna torácica, particularmente na coluna torácica superior.[119]Wu H, Gao ZL, Wang JC, et al. Pedicle screw placement in the thoracic spine: a randomized comparison study of computer-assisted navigation and conventional techniques. Chin J Traumatol. 2010 Aug 1;13(4):201-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20670575?tool=bestpractice.com Estudos também demonstraram menor exposição à radiação intraoperatória e maior segurança da cirurgia de coluna minimamente invasiva com a assistência de técnicas de navegação, em comparação com técnicas à mão livre e de fluoroscopia.[120]Gelalis ID, Paschos NK, Pakos EE, et al. Accuracy of pedicle screw placement: a systematic review of prospective in vivo studies comparing free hand, fluoroscopy guidance and navigation techniques. Eur Spine J. 2012 Feb;21(2):247-55. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21901328?tool=bestpractice.com [121]Verma R, Krishan S, Haendlmayer K, et al. Functional outcome of computer-assisted spinal pedicle screw placement: a systematic review and meta-analysis of 23 studies including 5,992 pedicle screws. Eur Spine J. 2010 Mar;19(3):370-5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2899753 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20052504?tool=bestpractice.com [122]Shin BJ, James AR, Njoku IU, et al. Pedicle screw navigation: a systematic review and meta-analysis of perforation risk for computer-navigated versus freehand insertion. J Neurosurg Spine. 2012 Aug;17(2):113-22. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22724594?tool=bestpractice.com [123]Fan Y, Peng Du J, Liu JJ, et al. Radiological and clinical differences among three assisted technologies in pedicle screw fixation of adult degenerative scoliosis. Sci Rep. 2018 Jan 17;8(1):890. https://www.nature.com/articles/s41598-017-19054-7 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29343756?tool=bestpractice.com [124]Kantelhardt SR, Martinez R, Baerwinkel S, et al. Perioperative course and accuracy of screw positioning in conventional, open robotic-guided and percutaneous robotic-guided, pedicle screw placement. Eur Spine J. 2011 Jun;20(6):860-8. https://link.springer.com/article/10.1007/s00586-011-1729-2 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21384205?tool=bestpractice.com [125]Gao S, Lv Z, Fang H. Robot-assisted and conventional freehand pedicle screw placement: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Eur Spine J. 2018 Apr;27(4):921-30. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29032475?tool=bestpractice.com [126]Tian W, Xu YF, Liu B, et al. Computer-assisted minimally invasive transforaminal lumbar interbody fusion may be better than open surgery for treating degenerative lumbar disease. Clin Spine Surg. 2017 Jul;30(6):237-42. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28632545?tool=bestpractice.com
A cirurgia robótica ortopédica também é usada em alguns centros, combinada com técnicas de navegação por computador, para tratar fraturas torácicas e vertebrais.[127]Tian W, Liu YJ, Liu B, et al; Technical Committee on Medical Robot Engineering of Chinese Society of Biomedical Engineering; Technical Consulting Committee of National Robotic Orthopaedic Surgery Application Center. Guideline for thoracolumbar pedicle screw placement assisted by orthopaedic surgical robot. Orthop Surg. 2019 Apr;11(2):153-9. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/os.12453 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31025807?tool=bestpractice.com
analgesia
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A analgesia mais comumente usada para dor musculoesquelética inclui AINEs e/ou paracetamol para dor leve a moderada, enquanto que um opioide pode ser usado para dor intensa.
Os AINEs devem ser usados com cautela nos idosos devido à maior suscetibilidade a efeitos adversos, como hemorragia digestiva e eventos cardiovasculares.[128]McCarberg BH. NSAIDs in the older patient: balancing benefits and harms. Pain Med. 2013 Dec;14 suppl 1:S43-4. https://academic.oup.com/painmedicine/article/14/suppl_1/S43/1941495 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24373111?tool=bestpractice.com [129]Davis A, Robson J. The dangers of NSAIDs: look both ways. Br J Gen Pract. 2016 Apr;66(645):172-3. https://bjgp.org/content/66/645/172 As diretrizes do Reino Unido recomendam considerar o paracetamol antes dos AINEs, inibidores da COX-2 ou opioides orais.[84]Royal Osteoporosis Society. Guidance for the management of symptomatic vertebral fragility fractures. May 2022 [internet publication]. https://pcrmm.org.uk/wp-content/uploads/2022/05/ROS-guidance-on-managing-symptoms-of-vertebral-fractures-2022-_1_.pdf
Os opioides são recomendados apenas para uso em curto prazo com fraturas agudas. Se usados cronicamente, os opioides perdem potência, induzem dependência, aumentam o risco de dependência e levam a quedas e sensibilização central.[43]LeBoff MS, Greenspan SL, Insogna KL, et al. The clinician's guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporos Int. 2022 Oct;33(10):2049-102. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-021-05900-y http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35478046?tool=bestpractice.com
Opções primárias
ibuprofeno: 300-400 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário, máximo de 2400 mg/dia
ou
diclofenaco potássico: 50 mg por via oral (liberação imediata) três vezes ao dia quando necessário
--E/OU--
paracetamol: oral: 500-1000 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia; intravenoso (<51 kg de peso corporal): 15 mg/kg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 60 mg/kg/dia; intravenoso (≥51 kg de peso corporal): 1000 mg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia (3000 mg/dia se houver fatores de risco para hepatotoxicidade)
Opções secundárias
fosfato de codeína: 15-60 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 240 mg/dia
ou
oxicodona: 5-30 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário
profilaxia de trombose venosa profunda (TVP)
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A profilaxia adequada para a TVP é recomendada para evitar a TVP e a embolia pulmonar (EP).[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com O uso de meias de compressão e a anticoagulação devem ser iniciados em até 72 horas após a lesão inicial.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O ACS recomenda iniciar a profilaxia mecânica (por exemplo, dispositivos de compressão sequencial ou pneumática e meias de compressão) imediatamente após a lesão, se possível, especialmente para os pacientes com risco de sangramento ou outras contraindicações para quimioprofilaxia.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf Não há evidências suficientes para recomendar um esquema específico de profilaxia do tromboembolismo venoso para prevenir o EP (ou a morbidade e a mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso) em pacientes com fraturas torácicas e lombares.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com A duração da quimioprofilaxia deve ser determinada para cada paciente, levando-se em consideração a gravidade da lesão, o status de mobilidade, o risco de sangramento e outras comorbidades. A quimioprofilaxia nunca deve ser mantida por mais de 3 meses.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf
prevenção de úlcera por pressão
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Há um risco muito alto de desenvolver úlceras por pressão após uma lesão na medula espinhal por causa de uma ausência de sensação, de forma que os pacientes não percebam o desenvolvimento de uma úlcera por pressão; em virtude de ausência de atividade muscular abaixo do nível da lesão; e em decorrência de circulação comprometida, que reduz a transferência de oxigênio para a pele.
Uma úlcera por pressão pode atrasar o tratamento do paciente em semanas, além de deixar uma cicatriz que pode ficar permanentemente vulnerável. Os pacientes devem ser virados de maneira segura para reduzir a pressão em qualquer um dos lados, e a pele deve ser regularmente avaliada em busca de sinais de úlceras por pressão. Geralmente é suficiente virar o paciente a 30° lado a lado com um suporte de travesseiro apropriado. Os calcanhares devem ficar fora da cama e ser apoiados com travesseiros. Dispositivos de alívio da pressão, como colchões dinâmicos, não devem ser usados se a coluna vertebral estiver instável, e eles são em geral ineficazes na prevenção de úlceras por pressão em pacientes com lesão na medula espinhal.
Úlceras por pressão em crianças são, com frequência, causadas por pressão de equipamento, como imobilizadores e talas, assim como brinquedos perdidos ou esquecidos na cama ou na almofada da cadeira.
Nunca se deve permitir que os pacientes sentem ou deitem em uma úlcera por pressão.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
cuidados com a bexiga e cateterismo uretral
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A bexiga pode se tornar flácida durante o choque medular, levando à hiperdistensão, que pode causar dano permanente. Todos os pacientes necessitam de cateter uretral, que deve ser definido inicialmente como drenagem livre.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
manejo da disreflexia autonômica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A disreflexia autonômica é uma condição potencialmente perigosa que pode ocorrer nos pacientes com lesão na medula espinhal afetando T6 ou um nível superior, levando a hipertensão não controlada, a qual pode levar posteriormente a convulsões, hemorragia retiniana, hemorragia cerebral, edema pulmonar, infarto do miocárdio ou comprometimento renal. O mecanismo fisiopatológico envolve um estímulo abaixo do nível da lesão que ativa o sistema nervoso simpático. O sistema simpático ativado não pode ser neuromodulado de forma adequada pelo sistema nervoso central em virtude de uma ausência de continuidade da medula espinhal, pois sinais inibitórios descendentes não podem ser levados para além do nível da lesão.[131]Milligan J, Lee J, McMillan C, et al. Autonomic dysreflexia: recognizing a common serious condition in patients with spinal cord injury. Can Fam Physician. 2012 Aug;58(8):831-5. https://www.cfp.ca/content/58/8/831.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22893332?tool=bestpractice.com
O tratamento envolve manejo da causa subjacente do estímulo e o uso de medicamento anti-hipertensivo seguindo as diretrizes locais.
medidas de suporte
O American College of Surgeons recomenda que as fraturas toracolombares estáveis em pacientes sem deficits neurológicos podem ser tratadas de forma não cirúrgica com segurança.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O repouso prolongado no leito não é indicado para esses pacientes, e a melhor prática envolve o controle adequado da dor e a deambulação sem órteses precoce.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [71]Bakhsheshian J, Dahdaleh NS, Fakurnejad S, et al. Evidence-based management of traumatic thoracolumbar burst fractures: a systematic review of nonoperative management. Neurosurg Focus. 2014;37(1):E1. https://www.doi.org/10.3171/2014.4.FOCUS14159 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24981897?tool=bestpractice.com
Além da ausência de deficits neurológicos, as outras indicações para tratamento conservador incluem deficits neurológicos em remissão ou deficit que não se correlaciona com compressões, deformidades ou instabilidades demonstráveis; alinhamento aceitável (inicial ou após redução postural), fratura por compressão <50% da altura do corpo vertebral; e angulação <20°.[88]Cantor JB, Lebwohl NH, Garvey T, et al. Nonoperative management of stable thoracolumbar burst fractures with early ambulation and bracing. Spine (Phila Pa 1976). 1993 Jun 15;18(8):971-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8367784?tool=bestpractice.com [89]Shen WJ, Shen YS. Nonsurgical treatment of three-column thoracolumbar junction burst fractures without neurologic deficit. Spine (Phila Pa 1976). 1999 Feb 15;24(4):412-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10065527?tool=bestpractice.com [90]Alanay A, Yazici M, Acaroglu E, et al. Course of nonsurgical management of burst fractures with intact posterior ligamentous complex: an MRI study. Spine (Phila Pa 1976). 2004 Nov 1;29(21):2425-31. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15507806?tool=bestpractice.com
As opções de tratamento conservador incluem repouso no leito (considerando os riscos de úlceras por pressão, tromboembolismo, problemas respiratórios e constipação); cateterismo para problemas da bexiga (cateterismo suprapúbico para problemas crônicos da bexiga); laxantes para prevenir a constipação; e reabilitação e fisioterapia precoces.[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 Órteses podem ser prescritas para conforto do paciente, se desejadas.[50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com [91]Hoh DJ, Qureshi S, Anderson PA, et al. Congress of neurological surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: nonoperative care. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):E46-9. https://www.doi.org/10.1093/neuros/nyy369 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30203096?tool=bestpractice.com Órteses são frequentemente usadas em fraturas toracolombares. No entanto, evidências limitadas de alta qualidade demonstram que a mobilização precoce sem órtese pode levar a alívio da dor, qualidade de vida e desfecho funcional semelhante por até 5-10 anos, quando comparado ao uso de órtese toracolombar.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [92]Urquhart JC, Alrehaili OA, Fisher CG, et al. Treatment of thoracolumbar burst fractures: extended follow-up of a randomized clinical trial comparing orthosis versus no orthosis. J Neurosurg Spine. 2017 Jul;27(1):42-7. https://www.doi.org/10.3171/2016.11.SPINE161031 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28409669?tool=bestpractice.com [93]Bailey CS, Urquhart JC, Dvorak MF, et al. Orthosis versus no orthosis for the treatment of thoracolumbar burst fractures without neurologic injury: a multicenter prospective randomized equivalence trial. Spine J. 2014 Nov 1;14(11):2557-64. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24184649?tool=bestpractice.com [94]Shamji MF, Roffey DM, Young DK, et al. A pilot evaluation of the role of bracing in stable thoracolumbar burst fractures without neurological deficit. J Spinal Disord Tech. 2014 Oct;27(7):370-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22907065?tool=bestpractice.com [95]Post RB, Keizer HJ, Leferink VJ, et al. Functional outcome 5 years after non-operative treatment of type A spinal fractures. Eur Spine J. 2006 Apr;15(4):472-8. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15937675?tool=bestpractice.com [96]Peev N, Zileli M, Sharif S, et al. Indications for nonsurgical treatment of thoracolumbar spine fractures: WFNS Spine Committee recommendations. Neurospine. 2021 Dec;18(4):713-24. https://www.doi.org/10.14245/ns.2142390.195 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35000324?tool=bestpractice.com Se for aplicada uma órtese, deve-se observar que os dispositivos externos tendem a ficar frouxos com o tempo, e precisarão de ajustes por parte do médico.[97]Bucholz RM, Heckman JD. Rockwood and Green's fractures in adults, 5th ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins; 2002:1424-34. Fraturas na região superior do tórax: necessidade de inclusão da coluna cervical, com uso de órtese do tipo imobilizador esterno-occipito-mandibular (Sternal Occipital Mandibular Immobiliser [SOMI]); junção toracolombar: precisa incluir o sacro.
analgesia
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A analgesia mais comumente usada para dor musculoesquelética inclui AINEs e/ou paracetamol para dor leve a moderada, enquanto que um opioide pode ser usado para dor intensa.
Os AINEs devem ser usados com cautela nos idosos devido à maior suscetibilidade a efeitos adversos, como hemorragia digestiva e eventos cardiovasculares.[128]McCarberg BH. NSAIDs in the older patient: balancing benefits and harms. Pain Med. 2013 Dec;14 suppl 1:S43-4. https://academic.oup.com/painmedicine/article/14/suppl_1/S43/1941495 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24373111?tool=bestpractice.com [129]Davis A, Robson J. The dangers of NSAIDs: look both ways. Br J Gen Pract. 2016 Apr;66(645):172-3. https://bjgp.org/content/66/645/172 As diretrizes do Reino Unido recomendam considerar o paracetamol antes dos AINEs orais, inibidores da COX-2 ou opioides.[84]Royal Osteoporosis Society. Guidance for the management of symptomatic vertebral fragility fractures. May 2022 [internet publication]. https://pcrmm.org.uk/wp-content/uploads/2022/05/ROS-guidance-on-managing-symptoms-of-vertebral-fractures-2022-_1_.pdf
Os opioides são recomendados apenas para uso em curto prazo com fraturas agudas. Se usados cronicamente, os opioides perdem potência, induzem dependência, aumentam o risco de dependência e levam a quedas e sensibilização central.[43]LeBoff MS, Greenspan SL, Insogna KL, et al. The clinician's guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporos Int. 2022 Oct;33(10):2049-102. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-021-05900-y http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35478046?tool=bestpractice.com
Opções primárias
ibuprofeno: 300-400 mg por via oral a cada 6-8 horas quando necessário, máximo de 2400 mg/dia
ou
diclofenaco potássico: 50 mg por via oral (liberação imediata) três vezes ao dia quando necessário
--E/OU--
paracetamol: oral: 500-1000 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia; intravenoso (<51 kg de peso corporal): 15 mg/kg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 60 mg/kg/dia; intravenoso (≥51 kg de peso corporal): 1000 mg por via intravenosa a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 4000 mg/dia (3000 mg/dia se houver fatores de risco para hepatotoxicidade)
Opções secundárias
fosfato de codeína: 15-60 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário, máximo de 240 mg/dia
ou
oxicodona: 5-30 mg por via oral a cada 4-6 horas quando necessário
profilaxia de trombose venosa profunda (TVP)
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A profilaxia adequada para a TVP é recomendada para evitar a TVP e a embolia pulmonar (EP).[10]Wendt K, Nau C, Jug M, et al. ESTES recommendation on thoracolumbar spine fractures: January 2023. Eur J Trauma Emerg Surg. 2024 Aug;50(4):1261-75. https://link.springer.com/article/10.1007/s00068-023-02247-3 [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com O uso de meias de compressão e a anticoagulação devem ser iniciados em até 72 horas após a lesão inicial.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf O ACS recomenda iniciar a profilaxia mecânica (por exemplo, dispositivos de compressão sequencial ou pneumática e meias de compressão) imediatamente após a lesão, se possível, especialmente para os pacientes com risco de sangramento ou outras contraindicações para quimioprofilaxia.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf Não há evidências suficientes para recomendar um esquema específico de profilaxia do tromboembolismo venoso para prevenir o EP (ou a morbidade e a mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso) em pacientes com fraturas torácicas e lombares.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf [50]O'Toole JE, Kaiser MG, Anderson PA, et al. Congress of Neurological Surgeons systematic review and evidence-based guidelines on the evaluation and treatment of patients with thoracolumbar spine trauma: executive summary. Neurosurgery. 2019 Jan 1;84(1):2-6. https://journals.lww.com/neurosurgery/Fulltext/2019/01000/Congress_of_Neurological_Surgeons_Systematic.1.aspx http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30202985?tool=bestpractice.com A duração da quimioprofilaxia deve ser determinada para cada paciente, levando-se em consideração a gravidade da lesão, o status de mobilidade, o risco de sangramento e outras comorbidades. A quimioprofilaxia nunca deve ser mantida por mais de 3 meses.[11]American College of Surgeons. Best practices guidelines. Spine injury. Mar 2022 [internet publication]. https://www.facs.org/media/k45gikqv/spine_injury_guidelines.pdf
prevenção de úlcera por pressão
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
Há um risco muito alto de desenvolver úlceras por pressão após uma lesão na medula espinhal por causa de uma ausência de sensação, de forma que os pacientes não percebam o desenvolvimento de uma úlcera por pressão; em virtude de ausência de atividade muscular abaixo do nível da lesão; e em decorrência de circulação comprometida, que reduz a transferência de oxigênio para a pele.
Uma úlcera por pressão pode atrasar o tratamento do paciente em semanas, além de deixar uma cicatriz que pode ficar permanentemente vulnerável. Os pacientes devem ser virados de maneira segura para reduzir a pressão em qualquer um dos lados, e a pele deve ser regularmente avaliada em busca de sinais de úlceras por pressão. Geralmente é suficiente virar o paciente a 30° lado a lado com um suporte de travesseiro apropriado. Os calcanhares devem ficar fora da cama e ser apoiados com travesseiros. Dispositivos de alívio da pressão, como colchões dinâmicos, não devem ser usados se a coluna vertebral estiver instável, e eles são em geral ineficazes na prevenção de úlceras por pressão em pacientes com lesão na medula espinhal.
Úlceras por pressão em crianças são, com frequência, causadas por pressão de equipamento, como imobilizadores e talas, assim como brinquedos perdidos ou esquecidos na cama ou na almofada da cadeira.
Nunca se deve permitir que os pacientes sentem ou deitem em uma úlcera por pressão.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
cuidados com a bexiga e cateterismo uretral
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
A bexiga pode se tornar flácida durante o choque medular, levando à hiperdistensão, que pode causar dano permanente. Todos os pacientes necessitam de cateter uretral, que deve ser definido inicialmente como drenagem livre.[130]London Spinal Cord Injury Centre, National Spinal Cord Injury Board. The management of children with spinal cord injuries - advice for major trauma networks and SCI centres on the development of joint protocols. Jun 2014 [internet publication]. https://res.cloudinary.com/studio-republic/images/v1635686643/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols/Spinal_Cord_Injuries_Advice_for_Development_of_Joint_Protocols.pdf?_i=AA
manejo da disreflexia autonômica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A disreflexia autonômica é uma condição potencialmente perigosa que pode ocorrer nos pacientes com lesão na medula espinhal afetando T6 ou um nível superior, levando a hipertensão não controlada, a qual pode levar posteriormente a convulsões, hemorragia retiniana, hemorragia cerebral, edema pulmonar, infarto do miocárdio ou comprometimento renal. O mecanismo fisiopatológico envolve um estímulo abaixo do nível da lesão que ativa o sistema nervoso simpático. O sistema simpático ativado não pode ser neuromodulado de forma adequada pelo sistema nervoso central em virtude de uma ausência de continuidade da medula espinhal, pois sinais inibitórios descendentes não podem ser levados para além do nível da lesão.[131]Milligan J, Lee J, McMillan C, et al. Autonomic dysreflexia: recognizing a common serious condition in patients with spinal cord injury. Can Fam Physician. 2012 Aug;58(8):831-5. https://www.cfp.ca/content/58/8/831.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22893332?tool=bestpractice.com
O tratamento envolve manejo da causa subjacente do estímulo e o uso de medicamento anti-hipertensivo seguindo as diretrizes locais.
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